As lideranças da FOM, FIA e das equipes sabiam que a previsão de abrir a temporada com o GP do Azerbaijão, originalmente o oitavo do calendário, de 5 a 7 junho, dependia da evolução do controle da Covid-19. O que eles provavelmente não imaginavam era que seus planos tivessem de ser revistos tão rápido.
Nesta segunda-feira (23 de março) os organizadores da sempre esperada corrida de Baku, no Azerbaijão, comunicaram que não poderão abrir o campeonato. Eles explicaram que precisariam começar a trabalhar agora na preparação da cidade para receber a F1. E neste instante o país luta para conter o nível de contaminação do coronavírus.
O fechamento de algumas das principais vias de locomoção por Baku potencializaria a expansão da Covid-19, além de custar muito caro e não haver a garantia de que poderia organizar a prova. Chase Carey, da FOM, e Jean Todt, FIA, obviamente entenderam os argumentos da comissão organizadora do GP do Azerbaijão.
O problema para a F1 é que, a exemplo dos eventos em Melbourne, na Austrália, Sakhir, no Barein, Monte Carlo, em Mônaco, o de Baku não tem como ser reinserido no calendário. Será muito difícil. O mais provável é que também não venha a ser disputada.
Só lembrando: os dois primeiros GPs do ano, Austrália, 15, e Barein, 22, ambos este mês, já não aconteceram. E os cinco seguintes também não serão realizados: Vietnã, estreia no calendário, dia 5 de abril, China, 19, e os três de maio, Holanda - de volta à F1 depois de 35 anos -, dia 3, Espanha, 10, e Mônaco, 24.
As más notícias para a F1 não acabam aí. Com Azerbaijão não podendo sediar a abertura do mundial, o GP seguinte, nono do ano, o do Canadá (de 12 a 14 de junho), também não está 100% garantido. Pelo contrário: seus promotores também já disseram às lideranças da FOM e FIA talvez não poder receber a F1.
A corrida é disputada no circuito montado na Ilha de Notre Dame, um parque dentro de Montreal. O acesso dos mais de 100 mil torcedores todo ano é feito, essencialmente, pelo metrô, pois não há estacionamento na ilha para quem não trabalha no GP.
E hoje há na cidade restrições importantes de reunião de pessoas em grande escala. A realização do GP do Canadá está relacionada à atenuação da séria crise gerada pela Covid-19. E como, a exemplo de Baku, a prova de Montreal não é disputada em um circuito fechado de velocidade, as chances maiores são, neste momento, de também não poder receber a F1.
O que, se confirmado, transferiria para o GP da França a responsabilidade de ser a primeira etapa da 71ª temporada da F1. Sempre dependendo de o mundo controlar a pandemia. A corrida no Circuito Paul Ricard, próximo a Marselha, começou como a décima do ano, de 26 a 28 de junho.
As lideranças da F1 já entenderam que terão um ano dos mais difíceis desde a criação do mundial, em 1950. Haverá uma sensível redução da arrecadação anual de US$ 1,2 bilhão, ou R$ 6 bilhões. Para diminuir o impacto financeiro, FOM e FIA concordaram com a proposta das próprias equipes de transferir a estreia da nova F1 de 2021 para 2022.
Os representantes das dez equipes foram além: conseguiram fazer com que os carros de 2021 sejam, em essência, os mesmos deste ano, com liberdade para rever apenas o projeto aerodinâmico. Tudo para poder competir com um orçamento mais reduzido.
Bem, por enquanto esse é o cenário da F1. Como em tão pouco tempo o Azerbaijão – eleito há menos de uma semana para abrir o campeonato – já ficou para trás, todos na própria F1 irão se surpreender se o Canadá, a bola da vez, poderá ser o primeiro GP do ano. E se não for o caso, que a França então possa.
A pandemia do coronavírus transformou a então concorrida abertura do mundial em uma verdadeira batata quente.