Vettel, o maior perdedor das últimas notícias

Substituição na Ferrari por Sainz Júnior e a contratação de Ricciardo pela McLaren mostram que a F1 não confia mais nele

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Livio Oricchio
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Com absoluta certeza Sebastian Vettel jamais pensou, naquele 24 de novembro de 2013, em Interlagos, que sete anos mais tarde de estar celebrando a conquista do tetracampeonato, com a Red Bull-Renault, seria preterido pelas principais equipes de F1. Aos 26 anos, quebrara todos os recordes de precocidade da competição.

O anúncio da contratação de Carlos Sainz Júnior, pela Ferrari, e Daniel Ricciardo, McLaren, nesta quinta-feira (14/05), denota que, para os profissionais da F1, aquele piloto - o garoto prodígio -, hoje, aos 32 anos, com 53 vitórias, 120 vezes pódios e 57 pole positions, ficou no passado.

Agora o único time bem estruturado, com potencial para voltar a ser grande, em algo como dois anos, Renault, é a única opção para Vettel. Mas há um senão, para evidenciar ainda mais o quanto seu conceito caiu na F1: há concorrência pela vaga.

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E o adversário não é um novato, mas outro campeão do mundo, com histórico de sucesso na escuderia francesa: Fernando Alonso.

Temporada difícil pela frente

Como tudo o que foi definido nesta quinta-feira valerá apenas a partir de 2021, Vettel terá de conviver este ano, ainda na Ferrari, com os desgastantes olhares críticos subliminares lançados sobre si. Para não mencionarmos quão estressante será responder às embaraçosas perguntas que fatalmente a imprensa irá lhe fazer.

“Por que você acha que com todo o seu currículo de repente se vê sem equipe na F1?”. Outra: “Qual o peso de seus vários erros de pilotagem com a Ferrari na decisão de não renovarem seu contrato?”. Ainda: “Como você reage quando lê que só ganhou os quatro títulos seguidos porque a Red Bull tinha um carro muito superior aos demais?”

É provável que a essa altura Vettel esteja um tanto recluso, na sua residência, na Suíça, junto de Hanna, esposa, e os três filhos, tentando administrar seu difícil momento emocional.

Fim da carreira: possível

Faz sentido imaginarmos que deva estar refletindo, com seriedade, na possibilidade de cumprir o contrato com a Ferrari, este ano, receber os US$ 40 milhões estabelecidos no documento, para então agradecer a todos e dizer: Auf Wiedersehen ("adeus F1").

O acumulado até agora nas 13 temporadas disputadas faz de Vettel um dos esportistas mais bem pagos de todos os tempos. É milionário!

Talvez o exemplo de Nico Rosberg esteja vindo à mente de Vettel com frequência. Alemão, como ele, venceu seu único mundial, em 2016, e em seguida surpreendeu até sua equipe, a Mercedes, ao anunciar, aos 31 anos, seu abandono das pistas.

Sebastian Vettel: piloto alemão tetracampeão do mundo está sem espaço na Fórmula 1 atual
Crédito: Divulgação
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Vettel deve estar pensando que, como Nico, sua condição financeira é extraordinária. E, melhor de tudo, não tem nenhuma sequela de acidente grave, o que lhe permitirá desfrutar integralmente o capitalizado na F1.

Se em 2021 ainda dispusesse de um carro que o permitisse responder a todos que hoje o veem com extrema desconfiança, Vettel provavelmente aceitaria o desafio. Mas não é o caso.

A resposta do alemão

É por isso que o desempenho de Vettel este ano na Ferrari já está cercado de interesse. Se dispor de um carro melhor que o levado pelos italianos nos testes de Barcelona, usará de todos os recursos para mostrar ser mais capaz do que Mattia Binotto, diretor da equipe, e muitos fãs pensam.

Vettel sempre demonstrou autoconfiança, mesmo depois de erros não compatíveis com um tetracampeão, como a batida na curva mais lenta de Hockenheim, no GP da Alemanha de 2018, quando era líder.

Se a Renault for o seu caminho, vencer a dura disputa com Alonso pela vaga, caso decida prosseguir na F1, Vettel sabe que só poderá pensar em mostrar ser ainda um campeão a partir de 2022.

A crise provocada pelo coronavírus levou FOM, FIA e os diretores das escuderias a quase congelar o desenvolvimento dos carros. Os modelos deste ano serão homologados na etapa de abertura do campeonato, de 3 a 5 de julho, na Áustria, e basicamente serão os mesmo até o fim de 2021.

O que Vettel teria, então, a fazer na F1 se não irá dispor de equipamento para provar que pode ainda ser campeão? Dinheiro? Não precisa. Tem muito.

Ricciardo não correspondeu

Do lado de Ricciardo, o diretor geral da Renault, o controverso Cyril Abiteboul, não escondeu sua decepção com o australiano. Foi contratado por dois anos, 2019 e 2020, para ajudar o time a tomar o rumo seguido no ano passado pela McLaren-Renault, o da evolução, de sexto para quarto entre os construtores.

Ricciardo não teve responsabilidade no deficiente modelo RS19 da Renault do ano passado, coordenado por Nick Chester, diretor técnico, e Pete Machin, número 1 na aerodinâmica. Ambos foram dispensados.

Descontentamento: Daniel Ricciardo vai para a McLaren para ganhar menos do que recebia na Renault
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Mas Ricciardo não foi também o líder que Abiteboul imaginava para dar as diretrizes do desenvolvimento. Não faz parte do seu perfil de piloto. É muito eficiente para acelerar, apenas.

Decisão técnica

A resposta do australiano foi assinar com a McLaren, outro time com unidade motriz Mercedes a partir de 2021. O difícil para Abiteboul foi saber, como se comenta nesta quinta-feira entre profissionais da F1, que Ricciardo irá ganhar menos na McLaren do que receberá este ano ainda na Renault.

Em outras palavras, o vencedor de sete GPs e autor de três pole positions na F1 tomou uma decisão técnica. Não confia na gestão de Abiteboul, que lhe prometeu algo, em 2019, e como seu longo histórico de débil gerência na F1 sugeria, não cumpriu.

Como diretor geral da Caterham, de 2012 a 2014, o atual diretor geral da Renault também falhou.

A lista da Renault

Essa nova desconfiança no seu trabalho talvez leve Abiteboul a uma saída capaz de gerar impacto. Chamar Nico Hulkenberg de volta, apesar do profissionalismo do piloto alemão, não alimentaria nenhuma esperança nos franceses, ou mesmo fãs da Renault, de que, a médio prazo, a escuderia voltará a lutar pelo título.

Já o anúncio da chegada de um piloto de comprovada capacidade e história de sucesso, como Alonso, ou mesmo Vettel, redimensiona os planos da equipe da montadora francesa, cria perspectiva. É provável que a escolha do diretor da Renault se limite a um ou outro, ainda que Hulkenberg custe bem menos e não pode ser descartado.

Só lembrando, o piloto alemão, de 32 anos, disputou os três últimos anos pela Renault, mas as deficiências da escuderia, reflexo em parte da sua liderança falha, não o permitiram obter melhores resultados. Abiteboul o substituiu, este ano, pelo talentoso francês Esteban Ocon, de 23 anos.

A Renault não tem ainda nenhum piloto pronto na sua academia para estrear na F1.

O foco dos fãs da F1, agora, é em quem Abiteboul vai escolher para ser o companheiro de Ocon em 2021. A boa notícia para o time é a promissora pré-temporada realizada pelo modelo RS20.

Seu projeto básico ainda foi coordenado pela antigo grupo técnico, mas os recém-contratados, Pat Fry e Dirk de Berr, conseguiram já introduzir mudanças que levaram o RS20 a demonstrar ritmo superior a seu antecessor.

Este ano, portanto, veremos ainda Carlos Sainz Júnior na Ferrari e Daniel Ricciardo, Renault. Mas a partir de 2021 as coisas vão mudar bastante na F1.

Fernando Alonso d e olho na Renault? Volta do bicampeão à F1 e à escuderia francesa ainda é possível
Crédito: Divulgação
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