A BYD mirou alto ao apontar os rivais do seu primeiro sedan elétrico vendido no mercado brasileiro. O Han EV foi lançado há duas semanas e busca clientes em um segmento onde o público-alvo pode optar por modelos de marcas premium mais tradicionais. Isso porque o modelo é vendido por R$ 539.990, valor para poucos e que possivelmente poderiam optar por concorrentes mais caros e conhecidos.
Um desses concorrentes é a versão de entrada do Porsche Taycan, que custa R$ 615 mil, ou R$ 75 mil a mais que o Han. Além do valor, a dupla tem algumas diferenças, a começar pelo segmento, já que o alemão está mais para cupê do que para sedan. Fizemos aqui um comparativo virtual entre a dupla para saber no que mais os dois se distinguem.
A quantidade de quilômetros rodados sem plugar o carro na tomada pode ser um dos fatores mais importantes em um elétrico, então vamos começar por aqui. Nesse quesito, o Han tem baterias de 76,9 kWh de capacidade para rodar por até 500 km pelo ciclo NEDC - medição diferente da WLTP, que costuma ser menos otimista.
Já no Taycan, a capacidade do conjunto de baterias de 79,2 kWh permite ao modelo "básico" rodar 354 km, já no ciclo WLTP.
Os dois têm tempos curtos de recarga, mas o do Taycan é menor. São 25 minutos para levar a bateria dos 5% aos 80% em carregadores super-rápidos da marca, instalados apenas em concessionárias. No carregador que acompanha o carro e pode ser instalado na casa do comprador, o modelo leva cerca de 8 horas para completar a carga.
A recarga no Han de 30% a 80% é feita em até 30 minutos em carregadores rápidos com corrente contínua de 110 kW. Em carregadores de 7 kW padrão, que também acompanha o carro, pode ser totalmente carregado em 12h.
Apesar de não serem esportivos, ambos os modelos elétricos têm apetite interessante por velocidade. Mas o modelo BYD é responsável por entregar o 0 a 100 km/h em menor tempo. São apenas 3,9 segundos para atingir a marca, contra 5,4 s do Taycan.
Por outro lado, a velocidade máxima atingida pelo Han é limitada a 184 km/h, enquanto o cupê alemão é capaz de chegar aos 230 km/h.
Tais marcas são possíveis graças ao trem de força de cada um. No caso do Taycan, o conjunto da versão base é feito por um motor elétrico instalado no eixo traseiro capaz de render até 326 cv de potência e 35,2 kgf.m de torque — em opção 'overboost' no controle de largada o modelo chega a 408 cv. A tração nele é traseira, como era de se esperar, e o câmbio é automático de duas marchas.
Mais potente, o BYD Han tem dois motores. Um em cada eixo: o dianteiro garante 222 cv e o traseiro despeja 272 cv. Combinados, geram 494 cv e 68,4 kgf.m de torque. O número é bem superior ao do Taycan de entrada usado no comparativo.
No quesito tamanho, os dois modelos elétricos se parecem em quase tudo. O Han EV tem 4,98 metros de comprimento, 2,92 m de entre-eixos, contra 4,96 m e 2,90 m, respectivamente, do Taycan. Em porta-malas, o chinês acomoda 410 litros e o cupê alemão 407 litros.
O Han tem lista recheada de itens de série, como um multimídia de 15,6" com tela giratória e painel de instrumentos de 12,3", interior 100% em couro sintético, câmera 360° 3D e recursos de segurança como piloto automático adaptativo, aviso de colisão, identificação e proteção de pedestres e aviso de permanência de faixa.
A lista do Taycan é igualmente completa, mas não traz recursos como o ACC nessa versão de entrada, além de também ter alguns acabamentos mais simples comparado às versões ainda mais caras como a 4S, Turbo S e GTS. Nessa versão de entrada, por exemplo, os bancos são parcialmente de couro. Não que isso diminua o refinamento do interior do elétrico da Porsche.
Ambos os modelos elétricos fornecem tudo que um "entusiasta" com condições financeiras poderia buscar nesse segmento, a diferença está na tradição de cada marca. O Han oferece mais em equipamento, desempenho e autonomia por um preço inferior para conquistar os clientes do rival Taycan. Isso vai ajudar a converter o cliente da Porsche? Nos diga você, caro leitor, é o suficiente?