Byd King E Toyota Corolla Traseira

Comparativo: BYD King GS vs. Toyota Corolla Hybrid

Na faixa dos R$ 190 mil, esses dois são os sedãs médios zero-quilômetro que você pode comprar. Qual deles é o melhor?


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O Corolla Hybrid estreou em 2019 como o primeiro sedã médio híbrido feito no Brasil. Sem um único concorrente direto eletrificado, o três volumes da Toyota reinou sozinho por um bom tempo. Até que o BYD King chegou para estragar a festa solitária dos japoneses.

Na mesma faixa de preço do Corolla, o sedã chinês é um carro maior, (bem) mais potente e com um conjunto motriz do tipo híbrido plug-in. Olhando assim, parece que o King exterminou as chances do Toyota no xadrez político. Digo, no mercado automotivo brasileiro.

Mas, como em qualquer boa trama política, a história real é mais complexa e nem o King será uma ameaça tão grande, nem o Corolla terá mais um domínio tão absoluto. E eu explico tudo para você nesse comparativo.

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Byd King E Toyota Corolla
Olhando assim, lado a lado, o conservador Corolla parece um carro mais descolado que o BYD King
Crédito: Evandro Enoshita/WM1
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Comparativo: BYD King vs. Toyota Corolla Hybrid

Visual e dimensões

O King nessa versão de topo GS custa R$ 187.800. Já o Corolla das fotos é o Altis Hybrid Premium, que sai por R$ 198.890. Se preço é um problema para você, o Toyota ainda tem a configuração Altis Hybrid, com mesma mecânica e visual e uns poucos equipamentos de série a menos. Que sai por R$ 187.790.

Olhando os dois carros, lado a lado, fica a impressão de que o conservador Toyota Corolla é um carro até descolado. O BYD King - apesar da dianteira e da traseira com toques da ousada identidade visual da marca chinesa - é um carro de linhas muito sóbrias, que nem parece ter sido lançado em 2022 na China.

Nesse ponto, o irmão maior e elétrico BYD Seal parece um carro bem mais atual, mesmo tendo surgido na mesma época. Essa pegada mais tradicionalista do King fica bem clara nas rodas de 17 polegadas, calçadas com pneus bem borrachudos - um conjunto que parece pequeno para o modelo.

O King aposta em tamanho e em um visual bem conservador
Crédito: Evandro Enoshita/WM1
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Até porque, o King é um carro avantajado. São 4,78 metros de comprimento, 1,50 m de altura, 1,84 m de largura e entre-eixos de 2,72 m. Medidas que aproximam o BYD mais dos sedãs grandes que dos médios.

Já o Corolla ainda me agrada mais no visual. Desde o lançamento em 2019, o sedã recebeu apenas um leve retoque estético na linha 2024, com a adoção de uma nova grade e de novas rodas de 17 polegadas calçadas com pneus mais borrachudos.

Mesmo assim, não dá para dizer que o três volumes da Toyota tenha um desenho envelhecido. Ainda é um carro bem bonito e com linhas mais proporcionais que as do BYD.

Por outro lado, o Corolla é um carro menor. São 4,63 metros de comprimento, 1,46 m de altura, 1,78 m de largura e entre-eixos de 2,70 m.

O Corolla é um carro menor, mas de linhas mais proporcionais e equilibradas
Crédito: Evandro Enoshita/WM1
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Cabine

Maior por fora, o BYD King é também maior por dentro. Um ponto em que isso fica bem claro é no espaço para as pernas dos passageiros no banco traseiro, que é bastante amplo mesmo com os assentos dianteiros recuados.

Com uma boa largura da carroceria e mimos como as saídas de ar-condicionado, o BYD King leva quatro adultos com bastante conforto. Mas desde que eles não sejam muito altos.

Por conta da bateria do conjunto motriz híbrido, o banco traseiro do King é bastante elevado, o que pode ser transformar em problema para os passageiros com mais de 1,70 m de altura. Na dianteira, os bancos são mais baixos. Mesmo assim, o King parece um carro pensado para ser mais confortável para os ocupantes baixinhos que para os altinhos.

Se isso não for um problema para você, o King vai agradar bastante pela ergonomia - tem aquele layout comum da maioria dos BYD - e também um acabamento bastante bom para um sedã médio, com montagem precisa dos plásticos e materiais macios ao toque em várias superfícies.

O BYD King agrada pelo bom acabamento e pelo layout igual ao dos outros modelos da marca
Crédito: Divulgação
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Diria até que o acabamento do King é pouca coisa melhor que o do Corolla. Mas mesmo com uma cabine mais estreita e mais baixa, o Toyota também é um carro que trata bem quatro ocupantes adultos. E o mais importante de tudo: é um carro mais democrático.

Além de tratar bem os ocupantes mais baixinhos, o sedã da Toyota também é uma boa opção para as pessoas de maior estatura. A posição de guiar também me agradou mais: não gosto do assento muito elevado e nem precisei jogar o assento lá embaixo para me sentir confortável - algo que eu tive que fazer no King.

E chegou a hora de comparar os porta-malas. O do King tem 450 litros, porém é mais fundo do que largo e tem uma boca pequena. Já o do Corolla tem 470 litros e o bagageiro é mais largo, profundo e tem uma boca maior. Aqui, ponto para o modelo da Toyota.

O Corolla oferece uma posição de dirigir superior e tem comandos mais intuitivos
Crédito: Marcelo Monegato/Webmotors
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Equipamentos

Os dois carros são bem equipados. Ambos têm ar-condicionado de duas zonas, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, multimídia com espelhamento sem fio, carregador de celular por indução, painel digital configurável, chave presencial e faróis de LED com acionamento automático.

Mas só o King tem banco do passageiro com ajustes elétricos, freio de estacionamento eletrônico, multimídia giratória de 12,3 polegadas e câmera 360°.

Já o Corolla dá o troco com teto solar, farol alto automático, airbag de joelho para o motorista, sensor de chuva e o pacote ADAS, com itens como controlador adaptativo de velocidade de cruzeiro, frenagem autônoma, assistente de manutenção em faixa e monitor de pontos cegos.

Mecânica e desempenho

O BYD King é um híbrido plug-in - aquele que é possível carregar na tomada. É equipado com um motor 1.5 a gasolina e um motor elétrico, que desenvolvem a potência conjunta de 235 cv.

O carro acelera de zero a 100 km/h em 7,3 segundos e atinge 185 km/h de velocidade máxima. Com uma bateria de 18,3 kWh, o alcance no modo 100% elétrico é de 80 quilômetros no ciclo PBEV. Já a autonomia total impressiona: mais de 1.100 quilômetros com um tanque.

O Corolla, por sua vez, é um híbrido convencional. Daquele tipo em que o motor a combustão é o único responsável por carregar a bateria do propulsor elétrico. Com um motor 1.8 flex e dois motores elétricos, o sedã da Toyota desenvolve 122 cv de potência combinada. 

É equipado com uma bateria pequena, de 1,3 kWh, que permite rodar no modo 100% elétrico apenas por curtos períodos. Com gasolina e na cidade, o Corolla registra média de 18,5 km/l. Tudo isso lhe dá uma autonomia de quase 800 quilômetros com um tanque.

O conjunto motriz do King é mais potente e entrega mais economia
Crédito: Divulgação
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Como é dirigir o BYD King?

Sem dúvidas, o conjunto motriz híbrido plug-in é a grande atração do BYD King. É ele que permite que o carro entregue ótimo desempenho - principalmente em arrancadas e retomadas em baixas velocidades - com baixíssimo consumo de combustível.

No uso normal, o King funciona a maior parte do tempo como um carro a bateria mesmo se o motorista não acionar o modo 100% elétrico. O motor 1.5 a gasolina entra em ação apenas quando é necessário mais força ou potência. Ou no uso rodoviário.

E essa dança de motores é bem silenciosa. Com um isolamento acústico muito eficiente, em boa parte das vezes você só vai perceber que o propulsor a combustão entrou em funcionamento ao olhar para o painel do veículo.

Além disso, dá para usar o motor a gasolina para carregar em até 70% a bateria do propulsor elétrico. Essa característica transforma o King também em um híbrido autocarregável e acaba com aquela história de ficar totalmente dependente de um carregador externo.

Por outro lado, o acerto dinâmico do King é típico dos carros chineses. Ou seja: muito mais voltado para o conforto que para o prazer ao dirigir. Algo que vai bem nas nossas "maravilhosas" ruas, mas deixa o carro menos gostoso de guiar em estradas.

O King é um carro com acerto voltado para o conforto
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Como é dirigir o Toyota Corolla Hybrid?

Os 122 cv de potência combinada do Corolla Hybrid não fazem milagres. Na estrada, eu bem que gostaria que esse modelo tivesse (vários) cavalos a mais. Alias, se você vai viajar com frequência, leve o Corolla flex e seja muito mais feliz.

É preciso pisar fundo no acelerador para embalar o sedã híbrido da Toyota e isso fica bem claro no aumento do nível do ruído, já que o propulsor 1.8 grita alto com frequência e não há isolamento acústico eficiente que o segure.

Essa característica faz com que o Corolla Hybrid seja um carro mais agradável de guiar na cidade, onde essa falta de potência não fica tão evidente e o motor elétrico entra em ação com mais frequência. No uso urbano, o Corolla é um carro muito econômico. Mesmo com etanol no tanque, é possível ultrapassar os 18 km/l de média. E sem sofrer com a falta de fôlego do conjunto motriz.

No final das contas, é uma pena que o Corolla Hybrid não seja mais potente. Pois é um carro melhor de guiar que o sedã da BYD. Ainda é muito confortável, mas tem uma direção mais direta e precisa e um conjunto de suspensão que segura melhor a carroceria nas curvas.

Características muito mais próximas do que se espera de um sedã médio.

O Corolla é mais econômico e mais agradável de guiar na cidade
Crédito: Divulgação
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King ou Corolla. Qual vale mais a pena?

Vamos às contas. O King cobra um pouco mais caro no custo das revisões até 60 mil quilômetros: R$ 6.460. No Corolla, o proprietário terá que desembolsar R$ 5.719,96. Mas aqui vale uma ressalva. O plano de manutenção da BYD prevê revisões a cada 12.000 quilômetros ou um ano. Já no Toyota, o prazo é de 10 mil quilômetros ou um ano. Logo, um empate técnico.

Por outro lado, na simulação feita no Auto Compara, o sedã da BYD tem o seguro bem mais caro para o meu perfil e sem bônus ou descontos: R$ 13.091,09 na proposta mais acessível de cobertura completa. No Corolla, o valor mais baixo foi de R$ 8.663,93.

Olhando os números e depois de conhecer os dois carros, ficam bem claros os motivos que levam o King a ser uma ameaça menor do que aparenta para o Corolla - embora não deixe de ser uma ameaça.

O King é confortável e potente, mas fica devendo alguns equipamentos de série importantes
Crédito: Evandro Enoshita/WM1
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Por mais que o King seja um carro bem espaçoso, com ótimo preço e um conjunto motriz híbrido que entrega ótimo desempenho e baixíssimo consumo, tem dinâmica menos refinada que a do Toyota. Além disso, comete o pecado de não ter pacote ADAS e itens como teto solar e sensor de chuva.

Já o Corolla é um carro muito bem equipado - tem pacote ADAS de série - e muito gostoso de guiar. Por outro lado, o conjunto motriz é bem menos potente e também menos eficiente que o que equipa o modelo da marca chinesa.

Diria que o sedã da BYD é uma escolha melhor para quem valoriza potência e está encantado com as possibilidades que um conjunto motriz híbrido plug-in pode oferecer. Mesmo tendo que abrir mão de um pacote ADAS ou de um produto de uma marca mais tradicional.

Enquanto isso, o Corolla é aquela compra mais conservadora. É um belíssimo carro e você certamente terá pouquíssimos motivos para reclamar do sedã da Toyota. Mas será preciso abrir mão de um desempenho empolgante ou da chance de rodar mais de mil quilômetros com um tanque.

Fico imaginando como seria essa disputa se o King fosse mais completo e o Corolla, mais potente. Sinto que essa briga promete ficar bem acirrada nos próximos capítulos. Como nas séries de política.

O Corolla é um típico sedã médio, mas poderia ser um híbrido mais potente
Crédito: Evandro Enoshita/WM1
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