Civic Hibrido ou Jetta GLI? Ambos são sedãs médios e têm preços próximos. O Honda é mais caro e custa R$ 265.900. Já o Volkswagen parte de R$ 245.390. E as semelhanças entre os dois param por aí.
Lamento se você chegou aqui esperando ver quer se saiu melhor nessa disputa. Juro que tentei achar um vencedor para essa briga. Mas seria desleal com um ou com o outro.
Afinal, são dois ótimos sedãs, mas feitos para atender a demandas bem diferentes. O exercício aqui é distinto: confira a seguir qual deles atende melhor às suas expectativas e necessidades.
Honda e Volkswagen adotaram estratégias bem parecidas com os seus sedãs médios. Deixaram as versões de entrada de lado (e assim, a briga com o Toyota Corolla) para se concentrarem nas versões mais caras e nichadas.
Lançado no mercado internacional em 2021, o Civic de 11ª geração desembarcou no Brasil no início do ano passado. Agora importado da Tailândia, o três volumes é oferecido em configuração única e apenas com motorização híbrida.
Diferentemente do adorado antecessor, esse sedã eletrificado tem um visual mais conservador e próximo do irmão maior Accord, mas ainda é um carro de visual bem resolvido.
Com 4,68 metros de comprimento, 1,43 m de altura, 1,80 m de largura e entre-eixos de 2,74 m, o Civic é um típico sedã médio. Não é excessivamente grande por fora e ainda oferece uma cabine bem espaçosa para os passageiros.
Já o Jetta GLI é um carro um pouco mais antigo. A atual geração é de 2018, e chegou no ano seguinte ao Brasil. A primeira atualização veio em 2022, com mudanças na mecânica, no visual e nos equipamentos.
O modelo da Volkswagen tem aquela identidade de estilo padrão dos três volumes da marca. Só não é mais conservador por conta da pegada esportiva, com direito a elementos na cor vermelha por todos os lados e belas rodas de liga leve de 18 polegadas.
Feito no México, é pensado para o mercado americano. Por isso mesmo, é um modelo de dimensões generosas: 4,75 m de comprimento, 1,48 m de altura, 1,80 m de largura e entre-eixos de 2,68 m.
Sofisticação é a palavra que mais representa esse Honda Civic Híbrido. Se o Civic "10" já agradava bastante, o modelo ficou ainda mais refinado nessa 11ª geração. É silencioso e bem acabado, com layout interno sóbrio e boa variação de cores e texturas. Como um Accord, porém em escala menor.
O painel digital e configurável tem tela de 10,2 colorida. A interface é bem atual e tem detalhes bacanas como um pequeno avatar do Civic, que mostra quais luzes do carro estão acionadas. Já a multimídia tem tela de nove polegadas e espelhamento sem fio. Simples e fácil de usar. E o sistema de som premium tem alto-falantes Bose.
A posição de dirigir também é um ponto forte do Civic. Até os motoristas baixinhos conseguem jogar o assento para baixo sem prejudicar a visibilidade ou o acesso aos comandos. E mesmo com as dimensões externas menores, o sedã da Honda é mais espaçoso.
Principalmente no banco traseiro, onde se encontra mais espaço e itens de conforto inexistentes no modelo da Volkswagen, como as saídas de ar-condicionado e duas portas USB. A desvantagem em relação ao Jetta está no porta-malas: 495 litros de capacidade, ante os 510 litros do bagageiro do concorrente.
O fato de o Jetta GLI ser um sedã compacto para o mercado americano influenciou também na cabine do modelo, que é claramente menos sofisticada que a do "global" Civic. Basta ver os controles de ventilação - ainda no padrão antigo da marca alemã - e a ausência das saídas de ventilação na traseira. Algo que o Virtus Highline, que é R$ 100 mil mais barato, tem.
Mas isso não quer dizer que o três volumes da Volkswagen tenha um acabamento ruim. Os materiais macios ao toque estão lá e o resultado geral é um interior mais caprichado do que normalmente vemos em um modelo nacional da marca. E ainda dá para personalizar a cor dos LEDs decorativos.
Mesmo sem um sistema de som assinado, a multimídia é a excelente VW Play, com tela de 10,1 polegadas e cheia de recursos. Apesar de ser menos espaçoso que o Civic, o Jetta ainda é um sedã com ótimo espaço interno e dá para levar quatro adultos com bastante conforto.
O Jetta GLI é praticamente monocromático por dentro. Quase tudo é preto e essa monotonia visual só é quebrada por uns poucos detalhes em prata e outros elementos em vermelho, como as costuras dos bancos. A posição de dirigir é mais alta que no modelo da Honda, mas agradável, enquanto o painel configurável - com tela de 10,25 polegadas -, é menos vistoso que o do sedã "nipo-tailandês".
Por serem sedãs médios no topo da gama, Honda Civic Híbrido e Volkswagen Jetta GLI têm belas listas de equipamentos.
Ambos têm ar-condicionado automático de duas zonas, painel digital, chave presencial, faróis de LED com controle automático de luz alta, teto solar, banco do motorista com ajustes elétricos e carregador de celular por indução e sensor de chuva.
O pacote tecnológico dos dois modelos tem itens como controlador adaptativo de velocidade, frenagem autônoma, sensor de fadiga, assistente de manutenção em faixa e monitor de pontos cegos.
Mas só o Honda Civic tem cancelamento ativo de ruídos, som premium Bose, banco do passageiro com ajustes elétricos e airbags laterais na traseira.
No Jetta, os itens exclusivos são os bancos dianteiros aquecidos, climatizados e com memória de posição no assento do motorista, sistema de emulação de ronco do motor e iluminação configurável da cabine.
O Honda Civic é um híbrido do tipo autocarregável. O motor 2.0 aspirado a gasolina é combinado com dois propulsores elétricos (um gerador e outro propulsor) para desenvolver 184 cv de potência e 32,1 kgf.m de torque. O câmbio é automático, do tipo E-CVT.
O ponto forte desse conjunto motriz é o baixo consumo de combustível. As médias oficiais de consumo são 18,3 km/l (cidade) e 15,9 km/l (estrada). Mas, no mundo real, é possível cravar mais de 20 km/l de média sem fazer muito esforço.
É que o Civic Híbrido é programado para rodar a maior parte do tempo no modo 100% elétrico, com o propulsor a combustão entrando em ação para fazer girar o gerador de eletricidade. O 2.0 a gasolina é ativado também para mover o carro quando o motor a bateria é menos eficiente, como no uso rodoviário.
A Honda não divulga os números oficiais de desempenho. Mas nem precisava. Com o torque instantâneo do motor elétrico, o Civic arranca até com mais vontade que o Jetta, embora o Volkswagen leve a melhor na estrada. Diria que o desempenho desse médio é bem bom para um carro sem pretensões esportivas.
Mesmo sem ser um foguete, o Civic agrada pelo ótimo acerto. É muito gostoso de dirigir, com uma direção bem precisa e com peso justo em baixas e altas velocidades, além de uma suspensão silenciosa e com acerto bem confortável.
O Jetta GLI, por sua vez, é para quem gosta de acelerar. Tem um motor 2.0 turbo de 231 cv e 35,7 kgfm de torque, combinado com a bela transmissão automatizada DSG de sete marchas e dupla embreagem. Nos números oficiais da Volkswagen, acelera de zero a 100 km/h em 6,7 segundos e chega a 249 km/h de velocidade máxima.
Digo mais: não é só um carro para quem gosta de acelerar. É uma máquina para quem realmente adora pisar forte. Se o Civic tem um belo ajuste para um sedã "comum", esse três volumes da Volkswagen fica um nível acima e praticamente implora para o motorista abusar da velocidade. Tem uma direção ainda mais direta que a do sedã da Honda, além de um sistema de suspensão firme, mas que mesmo assim ainda é muito confortável.
Sem contar o câmbio DSG, que faz trocas de marcha com uma precisão germânica no modo de condução Sport e não faz feio mesmo no modo Eco, que é o mais manso dos quatro disponíveis para o modelo (Eco, Normal, Sport e Individual).
A conta da diversão, é claro, vem na hora de abastecer: o Jetta GLI registra médias de 9,9 km/l (cidade) e 12,2 km/l (estrada). Marcas bem inferiores às do Civic. Ainda assim, são bons números para um automóvel de pegada esportiva.
Vamos às contas. O Civic cobra mais caro no custo de revisões até 50 mil quilômetros: R$ 3.509,79. No Jetta, o proprietário terá que desembolsar R$ 2.215,74. Vale frisar, porém, que esse valor é mais baixo pelo fato de a Volkswagen "bancar" as três primeiras revisões do modelo.
Por outro lado, na simulação feita no Auto Compara, o sedã da Honda tem o seguro mais barato para o meu perfil e sem bônus ou descontos: R$ 8.909,60 na proposta mais acessível de cobertura completa. No Jetta, o valor mais baixo foi de R$ 12.915,05.
O Civic é um carro mais espaçoso e sofisticado, que mesmo com um conjunto motriz mais focado em eficiência que no desempenho consegue ser um carro muito agradável de guiar.
Já o Jetta GLI não tem apenas o visual esportivo. É feito para quem gosta de acelerar e precisa de espaço para levar a família. Pode até não ser tão classudo ou econômico quanto o Honda. Mas é muito bem equipado e uma delícia para guiar.
Já se passaram algumas semanas desde que os dois modelos passaram aqui pela garagem de casa, mas eu ainda não defini qual seria a minha escolha. Há dias em que estou mais para o Civic. Em outros, para o Jetta. Seria ótimo se eu pudesse levar os dois.