Honda Civic Si traz motor 1.5 Turbo e transmissão manual. Esportividade salta aos olhos.
Sabe aquela música “Fico Assim Sem você”, interpretada por Adriana Calcanhoto e, uns anos depois, pela dupla Claudinho e Buchecha? Aquela mais ou menos assim:
“Avião sem asa,
fogueira sem brasa
sou eu assim sem você.
Futebol sem bola,
Piu-piu sem Frajola,
sou eu assim sem você...”
Apesar de respeitar estes cantores, mas não os ter nas minhas playlists do Spotfy, devo admitir que me ajudaram muito a escrever as primeiras palavras deste comparativo entre Honda Civic Si e Volkswagen Golf GTI. Não que eu ache que sejam dependentes um do outro, pois realmente têm histórias individuais belíssimas e são cultuados como são por méritos próprios, mas, convenhamos, essa rivalidade tempera com pimenta a trajetória desta dupla aqui no Brasil.
Atualmente, o Civic Si é vendido na configuração cupê (duas portas) e transmissão manual de seis marchas. O Golf GTI segue uma filosofia diferente. O hatch é oferecido na versão quatro portas e o câmbio é automatizado de dupla embreagem e seis velocidades. Aliás, hoje o Golf é ofertado apenas na configuração GTI, já que as opões 1.0 TSI e 1.4 TSI foram aposentadas com a chegada do T-Cross. São diferentes, mas com mesmo objetivo: divertir! E divertem muito...
O preço é que não tem graça. O Honda custa R$ 164,9 mil. Não há opcionais disponíveis, somente alguns acessórios, como protetor de soleira, porca antifurto do estepe, porca antifurto das rodas, entre outros. O Volks parte de um valor mais baixo: R$ 151.530. Agora, completinho, com todos os opcionais – Pacote Sport (R$ 6.215), Teto Solar (R$ 5.060) e Pacote Premium (R$ 9.695) – e a cor mais cara (Preto Mystic – R$ 2.320), o valor salta para R$ 174.820, deixando o Volks quase R$ 10 mil mais caro.
Legal. Os dois são caros. Beleza. Mas vamos falar de coisa boa? Performance? Bora!
O GTI ataca de um refinado 2.0 TSI de quatro cilindros, a gasolina apenas e com injeção direta de combustível, que desenvolve 230 cv de potência máxima e torque de 35,7 kgf.m a partir de 1.500 rpm. Mas o destaque do conjunto, na minha opinião, é o consagrado câmbio DSG (automatizado de dupla embreagem) de seis marcha. Total responsável por orquestrar com extrema maestria todo o vigor do Golf. As trocas acontecem com extrema rapidez (não esperávamos outro comportamento) e são sentidas apenas quando estamos em busca de performance. Em outras Situações, como a de um Simples passeio, as mudanças são suaves e praticamente imperceptíveis.
O Si também é turbo, tem quatro cilindros, ‘bebe’ apenas gasolina e trabalha com injeção direta de combustível. A diferença para o Golf, porém, está na litragem: estamos falando de um propulsor de apenas 1,5 litro. E em relação ao GTI, o Civic entrega 22 cv a menos (208 cv) e um torque quase 10 kgf.m menor (26,5 kgf.m a partir de 2.100 giros). E se no Volks a transmissão é destaque, no Honda é protagonista. É, Sim, o que faz do Si um carro muito especial. Para quem gosta de desempenho, condução esportiva e flerta com os limites sempre que possível, ‘cambiar’ é um prazer completamente único e insubstituível.
E apesar da diferença de motor e câmbio, os dois tem números de performance extremamente próximos. A velocidade máxima é 238 km/h para ambos e o 0 a 100 km/h acontece em 7 segundos para o Golf e 7,2 segundos para o Civic. E a principal razão deste equilíbrio – principalmente na aceleração – está em uma relação mais curta das primeiras marchas da caixa do Honda, pois os dois têm 4 kg apenas de diferença (Honda é mais gordinho) e são tração dianteira – outro ponto é que as rodas de liga leve do Volks são de 17 polegadas e do Civic, de 18 polegadas.
Aliás, por terem tração dianteira e o turbo entregar torque máximo durante uma ampla faixa de giro, GTI e SI são muito intensos nos instantes que o motorista assume mentalmente o modo ‘piloto’. Se não dosar o pedal da direta, o carro tende a arrastar a frente – sorte que controles de tração e estabilidade são de série (apesar de poderem ser desligados), asSim como o Sistema de vetorização de torque, tecnologia que detecta que o carro está saindo de sua trajetória em uma curva, então at
ua pinçando om freio da roda interna da curva e jogando torque para a roda externa, trazendo o ‘bólido’ para a rota correta.
Os dois são equipados com direção com asSistência elétrica progresSiva. O Sistema da Volkswagen, no entanto, consegue ser mais confortável em baixas velocidades. No entanto, as duas conseguem precisão em alta velocidade. Ficam diretas.
Golf e Civic também utilizam mesma filosofia de construção da suspensão. É independente nas quatro rodas, sendo McPherson na dianteira e multibraços na traseira. E o setup é focado na rigidez. No entanto, o Si consegue ser ainda mais firme, transmitindo mais as imperfeições do asfalto para a cabine – um comportamento já esperado para um esportivo, mas que acaba judiando mais do motorista e dos passageiros em uma condução diária em cidades como São Paulo, por exemplo. O Golf, neste ponto, consegue ser mais cordial.
E um recurso que faz o Volks ser um carro para o dia a dia ‘Sim’, é a eletrônica que modifica o temperamento do Golf. Consegue ir de uma esportividade latente na opção Sport, com um acelerador mais sensível, direção mais precisa e transmissão trabalhando em rotações mais elevadas, até uma personalidade ECO, focada em eficiência energética (economia de combustível) com trocas de marchas em giros mais baixos, direção elétrica mais leve e pedal da direita com reações mais tardias. Até o ronco muda um pouco...
Neste ponto, o Civic é mais irredutível. O negócio é ser ‘ferida aberta’ sempre. Por isso o único botão é Sport, deixando o Si ainda mais sensível às reações, elevando o grau de esportividade. Resumindo: a ideia é entregar performance ou mais performance ainda.
Os interiores de Golf e Civic trazem elementos que repetem a carros de competição. O principal destaque fica por conta dos bancos, com ‘bananinhas’ (abas laterais) maiores, que abraçam o corpo do motorista e passageiro dianteiro, impedindo que escorreguem de um lado para o outro em uma sequência de curvas – descendo o ‘S’ do Senna no Autódromo de Interlagos, por exemplo, durante um Track Day. No Si, no entanto, o elemento ‘carro de corrida’ está mais latente por conta de o encosto de cabeça estar incorporado ao restante do assento.
Um detalhe é que os bancos dos dois são revestidos em tecido. No Golf, no entanto, uma tradição chama demais a atenção: o xadrez. Mas este xadrez só é possível sem o Pacote Sport, que acaba revestindo os assentos parcialmente em couro. Na boa? Prefiro economizar R$ 6.215 e manter os bancos em xadrez. E você?
Os volantes são multifuncionais e têm boa pegada. Os dois são revestidos com couro com costuras vermelhas, mas enquanto do GTI abusa um pouco mais dos detalhes cromados, o Si ataca de black piano. Outro ponto a ser ressaltado é que por ser automatizado, o Golf oferece de série as aletas atrás do volante para as mudanças de marchas em uma tocada mais esportiva.
Já o painel de instrumento assume posturas diferentes no Honda e no Volks. No alemão o leitor é 100% configurável e extremamente moderno. Impossível não remeter aos irmãos da Audi. Já o japonês tem o mesmo painel do Civic Touring, por exemplo, mas com a coloração vermelha. Esportividade latente! É dividido também em três partes, sendo que nas extremidades informações como nível de gasolina e temperatura (analógicos), e no centro destaque para o grande conta giros e velocímetro digital. Nesta tela central também é possível ver outras informações, como o consumo e autonomia.
Nesta atmosfera interna, o Golf chama a atenção com uma central multimídia de excelente funcionamento. Tela colorida e sensível ao toque, compatível com Android Auto e Apple CarPlay e muito rápida. Por ela também é possível configurar setups do carro, como definir os modos de condução ou mesmo desligar o controle de tração. No Civic a central é muito mais simples. Não é compatível com Android Auto e Apple CarPlay e um pouco mais demorada nas reações. Fica devendo em relação ao rival. OS: mesmo sendo um carro que tem com objetivo acelerar, central multimídia é hoje um item essencial – e quando falamos de um carro de mais de R$ 150 mil, a tecnologia precisa ser de ponta!
Volto a frisar: trata-se de um comparativo de performance. No entanto, no dia a dia, quando este carro é seu e você vai para cima e para baixo com ele, espaço não é tudo, mas agiliza muito. E neste ponto o Volks vai melhor por um simples motivo: é quatro portas. Se com duas portas o Si tem uma personalidade mais marcante, assumindo uma identidade cupê, o GTI é praticidade para todos os ocupantes. Entrar no Honda é um exercício de contorcionismo. Judia dos maiores que, por eventualidade, necessitam ir no banco de trás. E olha com o Si é maior...
Em comprimento, o Honda é expressivos 26 centímetros maior e na distância entre os eixos, 7 centímetros superior. Ambos têm a mesma largura e o Golf acaba sendo 3 centímetros mais alto. Já a capacidade do porta-malas é muito igual: 338 litros para o GTI e 334 litros para o Civic.
Golf GTI e Civic Si possuem pacotes muito parecidos em termos de equipamentos de série. Algumas coisas o alemão vem de fábrica, outras o japonês. A diferença, na minha opinião, é o fato de o Volkswagen oferecer pacotes de opcionais com equipamentos interessantes. E o meu destaque vai para o Pacote Premium GTI. Ok, é caro (R$ 9.695), mas entrega, entre outros itens, ACC (Adaptative Cruise Control) e frenagem de emergência automática, que são Sistemas semiautônomos de condução.
Já o teto solar, que no Honda é de série, no Golf GTI é opcional – tudo bem que é maior (panorâmico) – e não sai por menos de R$ 5.060.
O Golf GTI leva uma vantagem nos custos. O modelo faz parte de um seleto grupo da Volkswagen que ganha as três primeiras revisões. Por isso, o custo das seis primeiras manutenções (até 60.000 km) acaba sendo de apenas R$ 1.979,34. Já as seis primeiras periódicas do Si não saem por menos de R$ 3.096,39.
Com relação ao seguro, o preço médio da apólice do Golf GTI ficou em R$ 5.085, de acordo com cotação do Autocompara. Do Civic Si, por sua vez, estacionou em R$ 6.440. O perfil adotado foi homem, 35 anos, morador da região central da cidade de São Paulo.
Sempre Golf GTI e Civic Si travam batalhas apertadas. No entanto, atualmente, apesar de serem ícones de esportividade em um país que é relativamente carente deste tipo de esportividade, Volks e Honda são diferentes em experiência. Um traz motor 2.0 e câmbio automatizado e outro motor menor e transmissão manual – ambos, porém, turbo. Um é duas portas e seduz os olhares. O outro tem quatro portas e praticidade. Os preços se cruzam (enquanto o GTI parte mais barato que o Si, completo acaba ficando mais caro).
Resumindo, entre GTI e Si está apenas o gosto do cliente. Pois, independente de quem seja, o prazer ao volante estará garantido – cada um ao seu jeito. Eu, particularmente, iria de GTI. Entrega uma esportividade latente, mas consegue ser um excelente carro para o dia a dia. O Civic, neste ponto, acaba devendo por se preocupar em ser performance 100% do tempo, algo que de segunda a sexta nos engarrafamentos dos grandes centros acaba não encaixando.
HONDA - CIVIC - 2019 | VOLKSWAGEN - GOLF - 2019 |
1.5 16V TURBO GASOLINA SI COUPÉ 2P MANUAL | 2.0 350 TSI GASOLINA GTI DSG |
R$ 164900 | R$ 151530 |
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