Na linha 2021/2022, os dois estão na faixa dos R$ 50 mil: o Kwid cravado nesse valor e o Mobi apenas R$ 92 mais caro (conforme Tabela Fipe de junho, já que no site da Fiat o Moby não tem versão Easy na linha 22/22). Mas qual deles vale mais a pena? É o que veremos neste comparativo.
Aquele velho dilema sobre desempenho
Muitas vezes podemos ter a impressão de que só comparar a potência máxima do motor basta, sobretudo em carros tão semelhantes. Porém, há muitos fatores a serem considerados – e os resultados podem surpreender. Aliás, esse é o caso deste embate.Em linhas gerais, o tradicional motor Fire 1.0 do Mobi Easy tem números mais atraentes que o B4D 1.0 do Kwid Life. Com etanol, o propulsor do subcompacto da Fiat oferece uma potência máxima de 75 cv, 5 cv a mais que o concorrente da Renault. Com gasolina, a vantagem é ainda maior: 7 cv (73 cv contra 66 cv).
No entanto, há um detalhe a ser considerado: o Kwid é significativamente mais leve que o Mobi. São 758 quilos, 16% a menos que os 907 quilos do Mobi. Com isso, a relação peso/potência do Kwid é consideravelmente melhor que a do concorrente - 10,8 kg/cv contra 12,1 kg/cv -, o que anula a vantagem da potência absoluta maior no rival.
Não por acaso isso ajuda a compreender por que a velocidade máxima de ambos, mesmo com as disparidades numéricas incialmente analisadas, aponta para uma pequena superioridade do subcompacto da marca francesa: 156 km/h para o Kwid e 154 km/h para o Mobi.
Qual é o melhor para o dia a dia?
A ascensão do home office no país ao longo dos últimos três anos é inquestionável. Para se ter uma ideia, de acordo com uma pesquisa do site "Empregos", feita em janeiro deste ano, o número de vagas de trabalho nesse regime cresceu 140,36% em um ano.Mas se você precisa se deslocar até o local do seu trabalho todos os dias e está na dúvida entre um dos dois veículos deste comparativo, pode levar em conta mais dois aspectos.
O primeiro se refere ainda à motorização. O carro da Fiat é muito mais “esperto” que o da Renault nas retomadas de velocidade. Por exemplo, vai de zero 1 00 km/h em 13,2 segundos - é 1,5 segundo mais rápido que o Kwid.
Contudo, o Kwid Life 1.0 supera o concorrente com relativa folga no consumo urbano – sobretudo rodando com gasolina. O Kwid faz 14,9 km/l com esse combustível, 1,2 km/l a mais que o Mobi Easy 1.0. Já com etanol a vantagem é de 0,6 km/l (10,3 km/l contra 9,7 km/l).
Para se ter uma ideia do tamanho da economia, suponhamos que você rode, diariamente, 30 quilômetros no deslocamento entre a sua casa e o trabalho (ida e volta). Levando-se em conta o custo do litro da gasolina comum (R$ 7,27, valor médio no país segundo a Agência Nacional do Petróleo - ANP), o Kwid apresentaria um gasto diário de R$ 14,63 – R$ 1,28 a menos que o Mobi.
Pode parecer pouco. Mas, ao longo dos 254 dias úteis de um ano, a economia seria de R$ 325,12!
Propostas diferentes no design externo
Embora pertençam à mesma categoria, a de subcompactos, Kwid e Mobi têm um conceito visual externo sensivelmente diferente. A frente o Kwid remete mais a um estilo aventureiro, algo acentuado sobretudo por sua robusta grade principal em duas linhas. Parece um “mini Duster” – sem, claro, a riqueza de detalhes extras de seu irmão SUV.O Mobi, por sua vez, tem um visual mais moderno na dianteira, com acabamento de baixo relevo no capô. Os faróis com máscaras negras se estendem até o centro do espaço das rodas dianteiras, dando um toque de agressividade ao visual das laterais.
Aliás, o subcompacto da Fiat traz linhas arrojadas na região das caixas de rodas, assim como em toda a sua lateral. Diferentemente, o concorrente da Renault transmite robustez e um estilo mais despojado, com caixa de rodas em material diferente ao da carroceria e uma cor que se destaca da pintura. Esse conceito contribui para sua proposta, e proporciona uma composição harmônica com as linhas da parte inferior do chassi.
A traseira do Kwid tem um design mais arredondado que a do Mobi, com lanternas pequenas e para-choque que seguem uma abordagem aventureira. Já o carro da Fiat tem faróis maiores e que se estendem bastante às laterais do veículo, além de um acabamento escurecido de vidro na tampa do porta-malas que lhe confere um aspecto mais moderno.
Design e espaço internos são modestos
Sim, afinal de contas, estamos falando de carros subcompactos e populares! Não dá pra esperar que essa dupla apresente o conforto de um Honda HR-V; tampouco encontrar um espaço semelhante ao de um sedã médio ou grande.Desse modo, Kwid Life 1.0 12V e Mobi Easy 1.0 têm acabamento interno simples, com predominância de plástico rígido e muitos parafusos aparentes. Os revestimentos dos bancos seguem essa linha mais econômica, porém com abas mais acentuadas no modelo da Fiat, que abraçam mais o corpo do motorista.
Quanto a espaço, pessoas um pouco mais encorpadas certamente baterão os braços nos revestimentos das portas, cujos apoios de braço são discretos e estreitos – algo ainda pior no carro da Renault. Em caso de bancos frontais ajustados para pessoas com mais de 1,75 metro de altura, o espaço para os passageiros do banco traseiro é consideravelmente comprometido.
É preciso destacar que ambos também não proporcionam uma posição de dirigir lá muito boa, e inclusive não têm ajustes de altura e profundidade na coluna de direção. Por fim, um raro critério que exibe uma grande diferença neste comparativo se refere à capacidade do porta-malas: o do Kwid leva 290 litros, 19% a mais que os 235 litros do Mobi.
Segurança: temos um claro vencedor
Design é algo subjetivo e cada indivíduo sempre terá suas preferências. Se nesse aspecto sempre se pode escolher "A" ou "B", com segurança a coisa é diferente: a objetividade e os números sempre devem falar mais alto! E, nesse critério, o Renault Kwid é claramente mais eficiente que o Fiat Mobi.Em agosto de 2017, o Mobi apresentou um fraco rendimento em testes de colisão feitos pela Latin NCAP. De um total de cinco estrelas possíveis, o subcompacto da fabricante italiana obteve apenas uma estrela na proteção para adultos, e duas na proteção para crianças. Naquele mesmo ano, o Kwid obteve três estrelas nestas duas avaliações.
Vale lembrar que o Mobi Easy 1.0 vem de fábrica com apenas dois airbags frontais, enquanto seu concorrente traz quatro - dois frontais e mais dois laterais, para motorista e passageiro.
Conclusão
Fiat Mobi e Renault Kwid têm algumas similaridades e estilos um pouco diferentes, que podem agradar a uns e desagradar a outros. Mas identificamos que o Kwid Life 1.0 é uma opção mais atraente nos quesitos segurança e economia.Além de ter um consumo urbano menor que o do Mobi Easy 1.0, as revisões até 60.000 quilômetros são até 31% mais baratas no modelo da Renault , em comparação ao rival da Fiat. Somadas, as revisões do Kwid custam iniciais R$ 3.505, enquanto as do Mobi saem por R$ 5.080 (valores compostos ).
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