Além da complicada tarefa de tentar atrair potenciais clientes das versões mais caras a diesel da Fiat Toro, a Ford Maverick Lariat FX4 (R$ 239.990) ainda tem uma rival caseira para enfrentar: a picape compacta-média da marca norte-americana custa praticamente o mesmo que a “irmã” maior Ranger XLS 2.2 turbodiesel automática 4x4 (R$ 243.990).
Será que essa diferença de apenas R$ 4 mil é suficiente para convencer o consumidor a comprar a média Ranger, ou a Maverick ainda é melhor negócio na faixa dos R$ 240 mil?
A Ford Maverick é fabricada no México a partir da plataforma C2, a mesma estrutura monobloco de automóveis compartilhada com a nova geração do Focus e o SUV médio Bronco Sport. A picape também compartilha com esses modelos a arquitetura eletrônica, as suspensões independentes nas quatro rodas, entre outros componentes e equipamentos.
Com uma proposta de uso mais urbano e recreativo, a Maverick tem medidas próximas às da Fiat Toro: 5,07 metros de comprimento, 1,84 m de largura, 1,73 m de altura e 3,07 m de distância entre-eixos. O peso em ordem de marcha é de 1.744 kg.
A atual geração da Ford Ranger é importada da Argentina desde 2011. A plataforma T6 é construída com chassi de longarinas de aço sob a carroceria e a caçamba, concepção que confere maior robustez no uso mais severo. As suas suspensões combinam estrutura independente de braços sobrepostos na dianteira com eixo rígido e feixes de molas semielípticas na traseira, recomendadas para o transporte de cargas mais pesadas.
A Ranger mede 5,35 metros de comprimento, 1,86 m de largura, 1,82 m de altura e 3,22 m de entre-eixos. O peso em ordem de marcha é de 2.124 kg.
Sob o capô, a Maverick leva o motor EcoBoost 2.0 turbo de quatro cilindros a gasolina com injeção direta, que entrega 253 cv de potência a 5.500 rpm e 38,7 kgf.m de torque a 3.000 rpm. Esse propulsor é combinado ao câmbio automático de oito marchas e ao sistema de tração integral permanente.
Já a Ranger XLS é equipada com o motor Puma 2.2 turbodiesel de quatro cilindros, também com injeção direta, gera 160 cv a 3.200 rpm e 39,3 kgf.m de torque máximo a 1.600 rpm. O câmbio automático de seis marchas envia essa força às rodas traseiras, uma vez que o sistema de tração 4x4 com reduzida tem acionamento temporário, cujo uso é indicado apenas para condições de baixa aderência, como areia, terra e lamaçais.
Movida pelo mesmo conjunto mecânico do SUV Bronco Sport, a Ford Maverick acelera de 0 a 100 km/h em espertos 7,2 segundos, mas tem a velocidade máxima limitada eletronicamente nos 175 km/h por razões de segurança.
De acordo com as medições de consumo padronizadas pelo Inmetro, a Ford Maverick obteve médias de 8,8 km/l na cidade e 11,1 km/l na estrada. De posse desses números, o tanque de 67 litros da picape proporciona autonomia rodoviária de até 744 quilômetros.
A Ranger XLS, por sua vez, leva praticamente o dobro do tempo da Maverick para atingir os 100 km/h: 15 segundos. A sua velocidade máxima de 164 km/h também é limitada eletronicamente.
O consumo de diesel da picape média é de 9 km/l na cidade e 10,4 km/l na estrada. O tanque de 80 litros leva a autonomia rodoviária de até 832 quilômetros, segundo as medições orientadas pelo Inmetro.
A caçamba da Maverick possui volume de 943 litros, enquanto a capacidade de carga útil (pesos dos ocupantes, combustível e carga) da picape é de 617 kg (3 kg a menos que a Fiat Strada cabine dupla).
Maior e mais parruda que a Maverick, a Ranger conta com uma caçamba de 1.180 litros de volume e a sua capacidade de carga útil é de 1.076 kg.
Na parte de segurança, as duas picapes da Ford são equipadas de série com sete airbags (frontais, laterais, de cortina e para os joelhos do motorista), câmera de ré, controles de estabilidade e tração, assistente de partida em rampas e controle de velocidade em descida.
Porém, somente a Maverick sai de fábrica com faróis em LED com acendimento automático, monitoramento da pressão dos pneus, indicador de fadiga do motorista, freios a disco nas quatro rodas, frenagem autônoma de emergência com detecção de pedestres e ciclistas, além do sistema de reconhecimento de placas de trânsito.
Ambas ainda contam com ar-condicionado digital (duas zonas na Maverick), controle de cruzeiro, computador de bordo, painel de instrumentos com tela digital, central multimídia e rodas de liga leve de 17”. Os bancos revestidos de couro com regulagem elétrica para o motorista estão presentes apenas na Maverick.
A Maverick ainda traz rebatimento elétrico dos retrovisores, chave presencial, freio de estacionamento elétrico com função Auto Hold e sistema start-stop.
Em termos de conectividade, Maverick e Ranger são dotadas do Ford Pass, sistema que mostra no aplicativo de celular o status remoto e localização do veículo, travamento e destravamento das portas, acionamento do ar-condicionado, entre outras funções das picapes. As duas saem de fábrica equipadas com central multimídia de 8” compatível com Android Auto e Apple CarPlay. No entanto, a interface SYNC 2.5 da Maverick é mais simples que a SYNC 3 da Ranger.
A Ford Maverick estreou no mercado brasileiro com preço compatível com as versões intermediárias das picapes médias. Esse arriscado posicionamento de preço pode interferir nas suas vendas por aqui. Ainda assim, a Maverick é um produto interessante, que entrega dirigibilidade e desempenho de automóvel com a versatilidade da caçamba para o transporte de objetos maiores. E, por fim, é mais equipada que a Ranger XLS.
Já a Ranger XLS traz o essencial para quem necessita de uma picape robusta que pode ser usada para trabalhar e nos momentos de lazer. O modelo médio ainda tem a vantagem da maior autonomia do motor a diesel.
A decisão vai depender do uso majoritário do comprador. Se a ideia é ter um carro com visual mais robusto para usar a maior parte do tempo na cidade como alternativa aos SUVs, a Maverick cumpre esse propósito. Agora, se o consumidor necessita viajar longas distâncias e carregar muito peso com certa frequência, a Ranger é o melhor negócio.