Esqueça os SUVs compactos! Quem precisa de um carro familiar deveria mesmo é escolher um sedã compacto. São carros que cabem em qualquer vaga e ainda oferecem porta-malas amplo e espaço mais do que suficiente para quatro adultos. E na faixa de R$ 130 mil, duas referências são o Nissan Versa Exclusive CVT e o Volkswagen Virtus Comfortline.
O Versa Exclusive CVT é ligeiramente mais barato, mesmo sendo um topo de linha. Sai por R$ 130.190. Já o Virtus Comfortline é mais caro. Sai por R$ 130.990 e está posicionado abaixo das configurações Highline e Exclusive na gama do sedã da Volkswagen.
Mesmo com preços tão próximos, esses modelos têm personalidades bem distintas. Qual deles se encaixa melhor com o que você espera de um carro? Confira nas linhas a seguir.
O Nissan Versa estreou a atual geração em 2019. Chegou ao Brasil em 2020 e passou pela primeira reestilização no ano passado. É um carro de visual bastante atual e de linhas ousadas, que em nada lembra o carro que era feito no Brasil e tinha desenho bem controverso.
É um carro bastante agradável e que parece um Sentra com dimensões menores. Com 4,50 metros de comprimento, 1,74 m de largura, 1,48 m de altura e entre-eixos de 2,62 m, ainda é um dos maiores sedãs compactos vendidos no Brasil.
Já o Volkswagen Virtus chegou ao mercado em 2018 e ganhou leves retoques no visual também no ano passado. Derivado do Polo, tem aquela identidade visual padrão dos sedãs da marca alemã. Ou seja: é um carro de linhas mais sérias e conservadoras, que poderá ser confundido com o médio Jetta. Assim como o médio Jetta é confundido com o Virtus...
Botando um do lado do outro, eu ainda acho que o três volumes da Nissan tem uma cara mais simpática. Mas o Virtus está (muito) longe de ser feio. E se o Versa é um sedã compacto grande, o Virtus é maior ainda: são 4,56 m de comprimento, 1,75 m de largura, 1,48 m de altura e entre-eixos de 2,65 m.
O visual mais descontraído do sedã da Nissan se repete também na cabine. Também com linhas inspiradas no médio Sentra, tem painel mais sinuoso e uma posição de dirigir baixa - aliás, algo que é um dos pontos fortes do Versa.
O espaço interno também é bem bom para um sedã compacto. Há espaço de sobra para as pernas no banco traseiro e quatro adultos viajam com bastante conforto. O porta-malas tem 482 litros de capacidade e nenhuma mala ficará para trás.
O sedã da Nissan é bem acabado para um modelo compacto, com boa variação de cores e texturas, e materiais macios ao toque inclusive nas portas traseiras. Fica um degrau abaixo do Sentra. Mas está acima do que vemos no Virtus.
O painel tem velocímetro analógico e uma pequena tela digital configurável, que é fácil de usar e exibe várias informações. A multimídia, por sua vez, não merece tantos elogios. Tem tela de sete polegadas e é bem simples em recursos. Por isso mesmo, fácil de usar. Até faz o espelhamento de smartphones, mas só com o uso de cabo. Um deslize da Nissan.
Apesar de a Volkswagen ter aproveitado a reestilização para dar um "up" na cabine do Virtus, o sedã da Volkswagen ainda tem uma cabine visualmente mais monótona, com plásticos rígidos em várias superfícies e poucas variações de cores e texturas.
A posição de dirigir do Virtus também me agrada menos. Com um painel alto, o sedã da Volkswagen obriga os motoristas com menos de 1,70 m de altura a posicionarem o assento em um nível mais elevado que no sedã da Nissan. Pelo menos os comandos ficam todos próximos das mãos.
Um ponto em que o Virtus manda melhor que o Versa é no espaço interno. A cabine é ainda mais espaçosa que a do concorrente, com área superior para as pernas e para a cabeça dos passageiros do banco traseiro. E o porta-malas também é mais amplo: 521 litros.
E falando no banco traseiro, o assento também tem uma inclinação melhor e é mais confortável. E os ocupantes ainda se beneficiam das luzes de leitura individuais, da saída de ventilação e de duas portas USB-C à disposição.
Nesta versão Comfortline, o Virtus tem um painel digital de oito polegadas mais simples que nas versões mais caras. Mesmo assim, é configurável e bem completo. Se a multimídia do Versa decepcionou, o mesmo não pode ser dito do equipamento do sedã da Volkswagen. É a ótima VW Play, que tem tela de 10,1 polegadas, permite a instalação de apps e tem espelhamento sem fio.
Neste aspecto, rola um empate técnico entre os sedãs da Nissan e da Volkswagen. Ambos são carros bem completos, com itens como seis airbags, volante multifuncional regulável em altura e profundidade, ar-condicionado automático, bancos de couro, chave presencial, multimídia com espelhamento de celular, carregador de celular por indução, rodas de liga leve, faróis de LED e tecnologias como frenagem autônoma.
Por outro lado, só o Versa tem alerta de tráfego cruzado na traseira, câmera 360°, monitor de pontos cegos e sensor crepuscular. Já o Virtus dá o troco com controlador adaptativo de velocidade, faróis de neblina com função luz de conversão e painel 100% digital e configurável.
O Nissan Versa tem um conjunto mecânico mais tradicional: motor 1.6 de aspiração natural, de quatro cilindros, com injeção multiponto. Desenvolve 113 cv de potência e 15,3 kgf.m de torque. Já o câmbio é um automático CVT. Com esse conjunto, o Versa vai de zero a 100 km/h em 10,7 segundos e atinge 180 km/h de velocidade máxima.
Esse conjunto agrada mais pelo funcionamento suave e silencioso do que pelo desempenho. Justamente por ter uma transmissão do tipo CVT, o Versa não é um carro de arrancadas rápidas. Demora para embalar na saída, mas exibe boas respostas em rotações mais altas.
O câmbio faz o motor girar a maior parte do tempo em baixas rotações, o que reflete no consumo. O sedã da Nissan registra médias no uso urbano de 7,92 km/l (etanol) e 11,55 km/l (gasolina). Já na estrada, as médias são de 10,23 km/l (etanol) e 14,68 km/l (gasolina).
Mesmo sem ser um carro de respostas explosivas, o Versa é um carro bem acertado, com direção precisa e suspensão mais firme que a do Virtus - mas não chega a ser desconfortável. Exceto ao rodar por pisos irregulares, quando as batidas secas do conjunto são sentidas.
O Virtus Comfortline sai de fábrica com o conhecido motor 1.0 TSI. Um três cilindros turbo, com injeção direta de combustível. Desenvolve 128 cv de potência e 20,4 kgf.m de torque. Já o câmbio é um automático convencional, com seis marchas.
Esse motor é reconhecido pelo seu bom rendimento mesmo em baixas rotações. E isso ajuda a compensar o comportamento do câmbio, que nem sempre responde com tanta agilidade. O desempenho superior do sedã da Volkswagen fica claro nos números: zero a 100 km/h em 9,9 segundos e velocidade máxima de 194 km/h.
Apesar do rendimento superior, o Virtus não cobra caro na hora de abastecer. Os números de consumo de combustível também são muito bons. Médias no uso urbano de 8,3 km/l (etanol) e 10,5 km/l (gasolina). Já na estrada, o consumo é de 12,1 km/l (etanol) e 14,4 km/l (gasolina). E com tanque maior (49 litros ante 41 litros), pode rodar mais que o Versa.
Eu achei o Virtus um carro melhor de guiar que o Versa. Tem mais motor e uma direção leve e bem precisa. E a suspensão é mais macia e silenciosa que a do sedã da Nissan, mesmo em pisos irregulares. Mas sem comprometer a dinâmica.
Se tivesse que escolher um dos dois sedãs para ser o meu carro pessoal, eu iria de Virtus. Mesmo achando o Versa um carro mais bonito, o melhor desempenho e o espaço interno superior realmente pesaram nessa escolha.
Aliás, eu levaria o sedã da Volkswagen mesmo sabendo que o custo de manutenção é mais elevado. Fiz uma simulação dos custos de revisões até 50 mil quilômetros e o resultado foi o seguinte: R$ 4.710,34 para o sedã da Volkswagen e R$ 3.741 para o modelo da Nissan.
Aproveitei também para fazer uma simulação do seguro dos dois modelos pelo Auto Compara. Neste ponto, a vitória foi do Virtus. A oferta de cobertura total mais acessível foi de R$ 6.015,30, enquanto a do Versa ficou um pouco mais cara: R$ 6.249,17.
Mas mesmo que você decida levar o Versa, não terá feito uma escolha ruim. É um carro bem confortável, completo e silencioso, que oferece bom espaço para passageiros e bagagens.