Você que gosta de carros esportivos e já ouviu falar sobre a cultura norte-americana dos muscle cars, aposto, sabe o que é um Ford Mustang - e toda sua representatividade dentro das tradições desta filosofia. Considerado o "pai" da categoria, o modelo existe desde 1964 e, nesses mais de 55 anos, colecionou uma série de versões mais que especiais. Hoje, falaremos sobre as cinco mais famosas.
"Eleanor", "Shelby", "Saleen", "Bullitt", "GT", "Mach1", "Supersnake", "Boss" e "GT500", por exemplo, são apenas nove destes famosos sobrenomes. Muscle Culture é a coluna de André Deliberato (@andredeliberato no Twitter e no Instagram) no WM1, portal de notícias da Webmotors, que traz curiosidades sobre a tradicional filosofia norte-americana dos anos 1960 e 1970.
Segundo a Ford, já são mais de 10 milhões de exemplares produzidos e vendidos do Mustang nestes 56 anos. Acha que não é muito? Para se ter noção, a Volkswagen Kombi, por exemplo, vendeu 12 milhões de unidades em suas seis gerações desde 1950...
Sim, ele é simplesmente o carro esportivo mais vendido da história - posto que ocupa até hoje. Abaixo, selecionei, na MINHA opinião, os cinco sobrenomes mais importantes que fazem parte de sua história. Concorda, discorda, acha que algum outro deveria entrar? Deixe no campo de comentários!
Vamos começar por um dos sobrenomes mais poderosos que o Ford Mustang já teve. "Boss". De chefe. Essa alcunha surgiu no final dos anos 1960 - mais precisamente, entre 1969 e 1970 - para identificar as versões mais poderosas do esportivo produzidas pela Ford. Assim, nasceram os Mustang Boss 302 e o ainda mais forte e raro Mustang Boss 429 - este último teve apenas 1.358 unidades produzidas.
A configuração surgiu para a série de corridas Trans Am que acontecia naquela década. Algumas décadas depois, devido ao sucesso deixado na história, a Ford reviveu o sobrenome Boss na quinta geração do carro - com a sigla "302". Desse renascimento, surgiu o Mustang Boss 302 Laguna Seca, em 2012: uma versão de corrida de um carro totalmente preparado para as pistas. Um monstro.
Outro que entra na lista dos Mustang mais caros e desejados da história por ter sido protagonista de filme. Bullitt é o muscle car utilizado por Steve McQueen no filme que leva esse mesmo nome (Bullitt, de 1968). O carro, em sua concepção, era um Mustang GT daquele ano na cor verde, adaptado para as filmagens.
Quer saber quais mudanças? Todos os emblemas foram removidos, a grade frontal foi pintada de preto e a pintura da lataria foi desgastada para parecer um carro de uso cotidiano. Além disso, o motor V8 foi modificado para ganhar mais potência e emitir um som mais grave que o original.
O sucesso foi tanto que a Ford decidiu criar uma versão do atual Mustang com o sobrenome especial. E o desejo pelo Mustang Bullitt ficou tão grande que em janeiro deste ano uma das duas únicas unidades utilizadas nas gravações foi leiloada por US$ 3,74 milhões, cerca de R$ 16 milhões na conversão atual - ela se tornou o muscle car mais caro já vendido no mundo.
A Shelby nasceu como iniciativa da Ford em reinventar o Mustang para competir nas pistas contra Dodge Challenger e Chevrolet Camaro. O nome, como é possível imaginar, vem de Carroll Shelby, o ex-piloto texano vencedor das 24h de Le Mans que foi procurado pela fabricante para auxiliar no desenvolvimento do esportivo.
O trabalho em conjunto resultou em um protótipo espetacular que debutou nas pistas em janeiro de 1965 - o sobrenome, na ocasião, era o GT350, versão menos forte do que a poderosa GT500, que só surgiria em novembro de 1966. Essa segunda configuração, com o passar dos anos, se transformou em um dos carros mais clássicos da indústria automobilística norte-americana.
A parceria - e a fabricação das variantes mais invocadas - durou até fevereiro de 1970. Nas últimas gerações, "Shelby" acabou por virar o sobrenome oficial das versões mais nervosas do muscle car, sem necessariamente significar uma parceria com a empresa Shelby - hoje uma preparadora de carros norte-americana.
Vamos explicar (ou relembrar, caso você já saiba) o que significa o tal Mustang Eleanor - e também sua importância histórica. É outro muscle que ficou famoso por causa da arte cinematográfica. Ficou marcado principalmente por conta do filme "60 Segundos", de 2000, onde Memphis (papel de Nicolas Cage) precisa roubar 50 veículos em uma noite: o último, um Mustang, que recebe o nome de Eleanor.
O modelo utilizado nas filmagens nada mais era que um Mustang Fastaback convencional de 1967, mas que havia sido transformado visualmente em um clássico Shelby GT500 daquele mesmo ano.
Algumas modificações foram feitas para o filme: o carro ganhou fibra de vidro na frente, faróis auxiliares no para-choques, spoilers laterais, difusores de ar e capô todo diferenciado.
O motor do Eleanor era original: um V8 de 5,7 litros com 400 cv. Se fez sucesso? Uma das réplicas que sobreviveram ao filme (outras foram destruídas) foi vendida em um leilão em 2013 por US$ 1 milhão (mais de R$ 5,3 milhões).
Quer mais história? "60 Segundos", de 2000, é uma regravação de um filme com o mesmo nome de 1974. No primeiro deles, o Mustang não era um GT500 1967, mas um Sportsroof 1971. Em ambos, a lista de roubos se encerra com o carro mais clássico de todos: o Eleanor.
Essa configuração, apesar de não ter o sobrenome tão conhecido quanto as outras, fecha nossa lista por ter sido recentemente revivida pela Ford tamanha sua importância dentro da história do carro - o Mustang Mach 1 2021, aliás, começa a ser vendido em solo norte-americano no começo do ano que vem.
O carro não utilizava esta alcunha desde 2004, quando ficou dois anos em linha e também fez uma homenagem ao clássico sobrenome utilizado pela primeira geração. Mas o que é Mach 1? Bom, literalmente é uma referência à velocidade do som. Ela apareceu pela primeira vez em 1969 e ficou famosa por unir um bom comportamento dinâmico à uma dirigibilidade afiada - e ainda ser mais barata que as versões "Boss" e preparadas pela Shelby.
Visualmente, ele se diferenciava no design pelas faixas laterais e pelo capô preto com tomada de ar. Agora, ressurge com grafismo que remete ao carro de 1969, com entradas de ar redondas, mas fora do capô.
O motor do novo Mustang Mach 1 será o V8 5.0 de 486 cv, a mesma configuração utilizada pelo atual Mustang Bullitt, mas a caixa de câmbio escolhida será a das versões tradicionais do carro: uma automática de 10 marchas, diferente do Tremec manual de seis velocidades utilizado pelo modelo verde dos filmes.
Em resumo, a Ford enxerga o Mach 1 como uma "ponte" entre a versão GT (que era vendida no Brasil) e os modelos atuais da divisão especial Shelby, que têm motor mais forte e mais agilidade.