"Frentista, tudo certo? Completa com um pato daqueles bem gordos, por favor". Sim! Pato! A ave que nada, voa e anda com alguma competência é apenas a origem de um dos inúmeros combustíveis alternativos bizarros que existiram (ou existem) por aí. De vinhos e queijos da realeza às boas e velhas fezes dos plebeus, listamos aqui sete coisas que poderiam muito bem abastecer o carro que está na sua garagem.
Até o carro da realeza se alimenta como um nobre. O Aston Martin DB6 Volante do príncipe Charles, herdeiro do trono britânico, anda com bioetanol feito a partir de vinhos e queijos que não são consumidos pela família real.
O príncipe ganhou o DB6 Volante quando completou 21 anos. O presente foi dado por sua mãe, a rainha Elizabeth. Em 2008, ele pediu à engenharia da Aston Martin que convertesse o motor do carro para receber bioetanol. O objetivo era reduzir a emissão de gases do efeito estufa.
Ao jornal The Telegraph, o herdeiro do trono comentou os profissionais da Aston Martin disseram que a conversão do motor "arruinaria o veículo". No entanto, ainda de acordo com o príncipe, o desempenho do DB6 até melhorou depois da mudança. Ele também fez questão de salientar que o cheiro que vem do carro enquanto você está dirigindo é "delicioso".
Se o carro do príncipe Charles é abastecido com vinhos e queijos caríssimos, o coletivo dos plebeus é movido a material fecal mesmo. O britânico Bio-Bus tem como combustível biometano oriundo de dejetos humanos e resíduos de comida.
Segundo a BBC, o veículo pode rodar até 300 km com apenas um tanque de gás. As fezes e os restos de alimentos de uma única pessoa dão ao Bio-Bus cerca de 60 km de autonomia. Ainda de acordo com a rede britânica, o "ônibus-cocô" emite até 30% menos dióxido de carbono do que veículos movidos a diesel.
Vale ressaltar que a experiência britânica não é única. Dejetos animais produzem o biometano, que é altamente combustível. Por isso, tem muito pesquisador por aí se aproveitando da dor de barriga alheia.
Chocolate é um daqueles alimentos que é quase unanimidade. No entanto, além de delicioso, ele pode ser uma ótima fonte para a produção de biodiesel.
Saca só essa receitinha: barras de chocolate derretidas, uma parte de metanol e um leve toque de hidróxido de potássio. A mistura pode fazer com que um carro equipado com motor 2.0 rode numa boa por alguns quilômetros sem engasgar. Docinho, docinho.
E não é só o propulsor do nosso bom e velho carrinho que pode ser abastecido com a delícia. Pesquisadores da Universidade de Warwick, na Inglaterra, desenvolveram, em 2009, um Fórmula 3 movido por combustível derivado de chocolate e óleo vegetal.
Segundo os acadêmicos, o monoposto atinge velocidade máxima de 233 km/h. O objetivo dos caras era sugerir à Formula 1 uma alternativa mais "ecológica". Não rolou.
Você certamente já ouviu a expressão "bacon é vida", não é mesmo? Pois é. Bacon também pode ser um combustível alternativo.
Uma empresa americana do ramo alimentício pegou uma Track T-800 e a modificou de forma que ela recebesse apenas biodiesel puro. A moto passou então a ser movida por óleo de bacon e a exalar gases com cheirinho do glorioso alimento.
Não à toa, a moto recebeu a alcunha de Bacon Bike. Maneiro, né?
Esse aqui, de fato, é um dos combustíveis alternativos mais bizarros e inusitados. Segundo a revista Forbes, um médico teria usado gordura de lipoaspiração para produzir biodiesel. Em suma, os pneuzinhos que o camarada tirava de seus clientes iam direto para o tanque do seu carro.
O médico foi tão malandrão que o biodiesel não servia apenas para abastecer o seu SUV. Ele o usava também para encher o tanque do Lincoln Navigator da namorada. Como tem picareta esperto por aí...
Essa é para deixar seu carro na larica. O combustível feito a partir do cânhamo — nome dos derivados da Cannabis sativa — libera até aquele cheirinho de baseado. Fumaça esta que, de acordo com seus defensores, é inofensiva. Além disso, segundo pesquisadores da Universidade de Connecticut, nos EUA, a produção de biodiesel a partir da planta é um "grande passo", já que não compete com o cultivo de alimentos.
Mas nada disso é, de fato, novidade. Henry Ford, o pai do automóvel moderno, chegou a fazer um carro que queimava óleo de cânhamo na década de 1930. E mais: a carroceria do veículo era feita com fibras da Cannabis. Tá vendo como maconha não é apenas sinônimo de "jogar a fumaça pro alto"?
Você não leu errado. Mas, pode ficar tranquilo: é só a gordura. A agência Reuters noticiou em 2011 que fazendeiros franceses estavam usando este rico elemento culinário para a produção de biodiesel e biogás.
Uma cooperativa agrícola já alimentava um trator e outros dois veículos de trabalho com biodiesel feito a partir da gordura de pato. O processo para obter este, o sétimo da nossa lista de combustíveis alternativos bizarros, é o seguinte:
A gordura é aquecida a 49 graus Celsius a fim de nos livrarmos de toda a água. Depois disso, são adicionados álcool e hidróxido de potássio. Quando a mistura se acomoda, o biodiesel fica separado abaixo de uma camada de glicerol. Engenhoso, certo? Longe de ser uma patacoada.
E aí, conhece combustíveis alternativos bizarros que ficaram de fora da nossa lista? Conta para a gente nos comentários quais são!