Já mostramos aqui no WM1 as vantagens e desvantagens das transmissões automáticas epicíclicas e continuamente variável (CVT), pois a maioria dos carros vendidos no Brasil atualmente são equipados com câmbio que dispensa a ação do motorista na hora de trocar de marchas. Agora vamos falar do câmbio automatizado.
Muitos motoristas se esquecem da existência da transmissão automatizada. Embora tenha a mesma finalidade das caixas automáticas, esse tipo de câmbio tem uma concepção bem diferente. No lugar do conversor de torque, das engrenagens planetárias ou das polias ligadas por uma correia, o automatizado possui uma construção muito parecida com a de uma transmissão manual.
Ou seja, o câmbio automatizado conta com eixos e engrenagens que realizam a transição das marchas, de acordo com a relação de giro entre elas, o virabrequim do motor e as rodas do carro. A principal diferença é que no lugar do pedal de embreagem acionado pelo motorista, um sistema eletrônico ou eletro-hidráulico é o responsável pelo desacoplamento da transmissão do motor para fazer as trocas de marchas.
A transmissão automatizada com acionamento eletro-hidráulico de embreagem única é a mais comum no Brasil. Esse câmbio era produzido pela Magnetti Marelli e equipava modelos da Fiat (com as designações Dualogic ou GSR) e da Volkswagen (i-Motion).
Uma central eletrônica determina a marcha que deve ser engrenada, de acordo com os parâmetros da pressão no pedal do acelerador, da rotação do motor e da velocidade do veículo.
Já o câmbio automatizado eletrônico funciona com motores elétricos de corrente contínua, que executam todo o processo de troca de marchas. O sistema é controlado por módulos eletrônicos, que determinam qual marcha será engatada, com os mesmos parâmetros analisados pelo câmbio automatizado eletro-hidráulico.
Como o nome já diz, esse tipo de transmissão utiliza dois eixos primários acoplados a duas embreagens: uma para as marchas pares e outra para as ímpares. A principal vantagem desse sistema é o tempo de troca de marchas, executado em milissegundos.
Mais sofisticados que os automatizados de embreagem única, os câmbios de dupla embreagem são gerenciados por um sistema mecatrônico eletro-hidráulico composto por atuadores, bomba de óleo e sensores. Audi Q3 (S Tronic), Caoa Chery Tiggo 8 (Magna) e Volkswagen Tiguan (DSG) são alguns exemplos de carros equipados com essa transmissão.
Há também os automatizados de dupla embreagem com sistema mecatrônico eletroeletrônico, que utilizam motores elétricos e dispensam lubrificação. O polêmico PowerShift usado nos Ford EcoSport, Fiesta e Focus, além do Caoa Chery Tiggo 5X (sua transmissão Magna é uma evolução do PowerShift), são alguns exemplos de modelos com câmbio automatizado de caixa seca.
É praticamente igual a guiar um modelo automático epicíclico ou CVT. A operação dispensa o pedal de embreagem e os comandos possuem as mesmas funções: P (estacionar), R (marcha à ré), N (neutro) e D (dirigir). Em alguns casos, há os modos S (esportivo) e sequencial para trocas manuais.
Ao volante de um carro automatizado, o condutor percebe alguns trancos durante as trocas de marchas devido ao acionamento eletrônico da embreagem. Acelerar o veículo progressivamente ajuda a suavizar esses “soluços”.
Já os câmbios de dupla embreagem são mais ágeis e suaves nas trocas de marchas. Isso acontece porque a marcha seguinte já fica pré-engrenada durante a condução do veículo. Por exemplo: quando o câmbio passa da segunda para a terceira marcha, a quarta e a quinta já estarão prontas para serem engatadas e assim sucessivamente com as demais relações.
- Menor valor de compra: apesar de não existir mais nenhum modelo automatizado de embreagem única zero quilômetro à venda no Brasil (o último foi o Fiat Cronos, que saiu de linha no ano passado), os carros com esse tipo de transmissão custavam menos que os automáticos convencionais. Essa diferença também é percebida no mercado de usados.
- Menor consumo de combustível: por serem menores e mais leves que os câmbios automáticos, os automatizados exigem menos esforço do motor do veículo para funcionar e, consequentemente, contribuem para a economia de combustível.
- Trocas mais rápidas: essa característica é observada nas transmissões de dupla embreagem, uma vez que trabalham com as marchas seguintes pré-engatadas.
- Menor conforto: os automatizados de embreagem única provocam solavancos durante as trocas de marcha. Nas transmissões automáticas isso não ocorre pelo fato de o conversor de torque ou as polias do CVT terem funcionamento mais suave.
- Menor durabilidade: diferentemente dos automáticos, que são mais robustos e raramente exigem manutenção, os automatizados sofrem maior desgaste de componentes, principalmente das embreagens.
- Custo de manutenção: no caso dos automatizados de dupla embreagem, os reparos costumam ser consideravelmente mais caros devido à complexidade do sistema. Os automatizados de embreagem única, no entanto, podem apresentar custos de manutenção mais em conta por terem peças idênticas às do câmbio manual.