Os pneus são componentes essenciais em um veículo, pois sustentam todo o seu peso e são o único ponto de contato do automóvel com o solo. Trata-se de um equipamento que interfere no conforto, na segurança e na dirigibilidade, portanto, deve ser cuidado com carinho e ter manutenção adequada.
Além disso, a maneira como você cuida dos pneus e utiliza seu veículo será determinante para que eles tenham ou não maior vida útil, entregando a performance prevista no projeto original do automóvel. Isso sem falar no consumo de combustível: um cuidado simples como checar regularmente a calibragem correta pode fazer toda a diferença no bolso.
"Pneu é um item de segurança essencial do veículo, como os freios, por exemplo. Se mudar alguma especificação original, você corre um risco desnecessário. Além disso, um pneu que para você pode durar 60 mil km, para mim pode durar 20 mil km. Depende muito do tipo de veículo e/ou do estilo de condução e também da manutenção dada a ele", afirma Rodrigo Alonso, gerente de vendas e marketing da Dunlop.
De acordo com a Dunlop, citando dados do Escritório de Eficiência Energética e Energias Renováveis do governo dos Estados Unidos, pneus bem calibrados podem aumentar a autonomia do carro em até 3%. Parece pouco, mas levando em conta a quilometragem que você roda, com o tempo pode fazer muita diferença no bolso.
A reportagem do WM1 reuniu dez informações que você precisa saber sobre o uso e a manutenção dos pneus, desde a escolha do composto correto até como interpretar os principais códigos presentes nas laterais do equipamento, contando com dicas e informações de especialistas.
Confira abaixo item por item para fazer seus pneus durarem mais tempo e, mais importante, para você rodar em segurança.
Além do desgaste natural por conta do uso, o pneu tem um prazo de validade, com duração de cinco anos, segundo esclarece Rodrigo Alonso. "Depois desse prazo, borrachas e outros componentes internos do pneu perdem suas especificações originais de resistência e elasticidade. Além de estarem mais sujeitos a danos e estouros", destaca o especialista.
Portanto, esclarece Alonso, pneus com mais de cinco anos não devem mais ser utilizados e precisam ser substituídos. A data de fabricação do pneu pode ser conferida na sua lateral, em um código de quatro algarismos. Os dois primeiros apontam a semana e os dois últimos, o ano em que o pneu foi produzido.
Se você for flagrado rodando com pneus carecas por uma autoridade de trânsito, poderá ser multado por infração grave por mau estado de conservação do veículo, tendo de pagar R$ 195,23, além de cinco pontos na CNH (carteira nacional de habilitação).
Para saber se o pneu não tem mais condições de rodar, ele traz uma marca transversal à banda de rodagem, posicionadas entre os sulcos, chamada de TWI (thread wear indicator). De acordo com a Continental Pneus, quando o desgaste da banda de rodagem coincidir com essa marcação, ou seja, tiver altura igual ou inferior a 1,6 mm, está na hora de trocar.
Uma dica da Continental é colocar uma moeda de R$ 1 entre os sulcos: se a borda dourada aparecer, você ainda pode rodar tranquilo. Caso contrário, substitua o pneu.
"A maioria das montadoras recomenda fazer o rodízio dos pneus para garantir o desgaste uniforme do par dianteiro, geralmente o que suporta o peso do motor e o sistema de tração e e mais exigido, em relação ao traseiro. A Dunlop, por exemplo, recomenda fazê-lo a cada 5.000 km ou 10.000 km", ensina Alonso. Confira abaixo tipos diferentes de rodízio de acordo com a tração e de acordo com o tipo de banda de rodagem.
Orientações de rodízio por tração
Tração dianteira
De acordo com a Caçula de Pneus, na tração dianteira os pneus traseiros passam pra frente em forma cruzada enquanto os dianteiros passam para trás em linha reta
Tração traseira
No caso dos modelos de tração traseira, os pneus da parte de trás devem ser colocados para frente em linha reta, enquanto os da frente vão pra trás em forma cruzad
Tração 4x4
Para veículos com tração 4x4, é preciso alterar os pneus em diagrama de “X”
É também preciso levar em conta no rodízio qual é o tipo de banda de rodagem, que pode ser unidirecional, simétrico e assimétrico.
Unidirecional (acima) - Sempre rodam no mesmo sentido e geralmente trazem desenho da banda em forma de "V", com o vértice apontando para o mesmo sentido de rotação dos pneus. Trazem a vantagem de escoar melhor a água e são usados para uma condução mais esportiva. Na troca, não podem mudar de sentido
Simétrico (acima) - Como diz o nome, podem rodar em qualquer sentido por trazerem uma banda de rodagem perfeitamente simétrica, portanto não exigem cuidados maiores ao realizar o rodízio
Assimétrico (acima)- Esses pneus têm desenhos diferentes na parte externa e na parte mais interna da banda de rodagem, o que deve ser respeitado na hora do rodízio. Esses pneus trazem estrutura mais reforçada na parte de fora e, na parte interna, um desenho mais adequado para deslocar a água e aumentar a aderência em pistas molhadas
Observação
Alguns carros, como esportivos e SUVs grandes, podem trazer pneus de medidas diferentes no eixo traseiro em relação ao dianteiro. Esses veículos não permitem, por razões óbvias o rodízio entre os pneus dianteiros e traseiros. Isso é informado no manual
Muita gente não sabe, mas o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) tem um programa de etiquetagem de pneus, que os classifica de acordo com sua eficiência.
São três medidas diferentes. A primeira avalia o desempenho do pneu em relação ao consumo de combustível, em uma escala de A a G, sendo que A se refere à melhor performance. A mesma escala é utilizada para o segundo parâmetro, que é a capacidade de frenagem em piso molhado. O terceiro fator analisado pelo Inmetro é a quantidade de ruído gerada pelo pneu, medida em dB (decibéis)
De acordo com Eliel Bartels, gerente de engenharia do CTTi (Centro de Tecnologia, Treinamento e Inovação), ao realizar o alinhamento das rodas, os pneus têm de estar corretamente calibrados, de acordo com a quantidade de carga a bordo do veículo, seguindo as especificações do manual.
"A pressão correta dos pneus varia de acordo com o projeto da montadora, levando em consideração a aderência, a dirigibilidade, como mudanças de trajetória, e o conforto. Não adianta colocar três libras a menos para ficar mais confortável, prejudicando o controle do veículo e a durabilidade dos pneus", destaca Bartels.
"O ideal é seguir exatamente o que a montadora determina no manual. Se você coloca pressão maior, diminui o contato da banda de rodagem com o solo e, com isso, reduz a segurança. Se a pressão for menor, os ombros do pneu vão tocar no solo, forçando a estrutura lateral e desgastando mais rapidamente as extremidades da banda de rodagem. Já muita pressão tende a desgastar mais o centro do ponto de contato do pneu com a via. Em ambos os casos, a vida útil e a eficiência ficam reduzidas", complementa Rodrigo Alonso, da Dunlop.
Segundo Eliel Bartels, menos de 19% dos motoristas checam a pressão dos pneus regularmente, embora a baixa pressão seja responsável por 98% dos danos nos pneus, como formação de bolhas e estouros, além de aumentar o consumo de combustível, conforme explicado acima.
Além disso, os próprios pneus devem ter as especificações originais de fábrica. Bartels explica que isso é importante para garantir que os pneus estejam no diâmetro correto, fator que influencia diretamente as medições do equipamento de alinhamento das rodas. Se a circunferência dos pneus estiver incorreta, o alinhamento pode ser prejudicado.
Também é fundamental verificar a suspensão do carro regularmente. Problemas nos componentes da suspensão, como nos amortecedores, não apenas comprometem a estabilidade do veículo como também causam desgaste irregular dos pneus, reduzindo sua vida útil. Realize alinhamento e balanceamento sempre que notar trepidação ao volante ou se perceber que o carro está "puxando" para determinado lado.
Estepe
Hoje alguns estepes saem com estepe menor para ocupar menos espaço no porta-malas, o que não permite rodízio
Dicas gerais de calibragem
- Calibre sempre com os pneus frios, de preferência após ter rodado por no máximo 5 minutos. Pneus quentes fazem o ar se expandir a aumentam a pressão interna. Com isso, você ajusta uma pressão que na verdade é mais baixa que a recomendada
- Faça a calibragem uma vez por semana ou a cada 15 dias e sempre antes de pegar a estrada
- Ajuste a pressão de acordo com a quantidade de carga, seguindo as orientações no manual, que costumam estar também na tampa do bocal do combustível ou na coluna da porta dianteira do motorista. "O padrão geral estabelece uma pressão para o veículo carregado, ou seja, com todos os assentos ocupados e com porta-malas cheio, e outra, mais baixa, com ele sem carga. Além disso, existem modelos que pedem também uma pressão diferente no eixo dianteiro e outra no traseiro", explica Eliel Bartels
- Não se esqueça de calibrar também o estepe, pois nunca se sabe quando você vai precisar dele
Segundo Eliel Bartels, todo pneu chega a perder naturalmente uma libra (1 psi) por mês em média, mesmo em perfeitas condições, incluindo a válvula.
O especialista explica que isso é natural e, por essa razão, a calibragem deve ser checada regularmente (mais sobre isso no item sobre calibragem dos pneus). Bartels destaca que, para cada libra a menos, o consumo de combustível aumenta até 0,3% por pneu com pressão baixa, por conta do maior arrasto em relação ao piso.
Com dez libras a menos em cada pneu, a elevação no consumo chega a 12%, o que em média representa um tanque desperdiçado a cada oito, informa o especialista. Recomenda-se verificar o estado das válvulas regularmente e substituí-las juntamente com os pneus
Você pode se deparar com dois pneus do mesmo fabricante, com dimensões idênticas, porém um mais caro que o outro. Isso acontece porque o pneu mais caro tem um índice de carga e/ou velocidade maiores, ou seja, por ser mais reforçado permite rodar com mais peso e a velocidades mais altas. Esse índice é informado na lateral do pneu, após os códigos das medidas (altura, largura e raio). Por exemplo, o código 225/45R17 significa que o pneu mede 22,5 mm de largura, 45 quer dizer que a medida da altura do pneu corresponde a 45% da altura e R17 indica que ele tem 17 polegadas de diâmetro.
"Além das medidas, os pneus têm dois índices importantíssimos, que são o de carga e o de velocidade. Você pode ter um pneu 175/70R14 com índice de carga 84 ou com índice 88. O 84, por exemplo, vai equipar um Fiat Palio e o 88, uma Strada, projetada para suportar mais peso. Já um carro com índice de velocidade T indica que o veículo pode rodar a até 190 km/h, o que, convenhamos, é mais que suficiente para um veículo popular 1.0", destaca Alonso, da Dunlop.
De acordo com a Dunlop, além da calibragem correta, é fundamental verificar as especificações do manual relativas aos índices de carga e de velocidade, para não comprometer a segurança e a vida útil dos pneus.
Principais códigos
Dimensões do pneu
O código 225/45R17 significa que o pneu tem 225 mm de largura da banda de rodagem e que a altura corresponde a 45% dessa medida. A letra R indica que o pneu é radial e 17 aponta que o diâmetro do pneu é de 17 polegadas
Índice de carga e de velocidade
Logo depois do código com as dimensões estão os índices de carga e velocidade, sempre informados com dois algarismos seguidos por uma ou duas letras. Quanto ao índice de carga, ele segue uma escala que vai de 62 até 129, sendo que 62 indica que cada pneu pode suportar até 265 kg e 129, 1.850 kg. O código acima, 94, informa que cada pneu foi projetado para aguentar até 670 kg. "Se você comprar um pneu com índice de carga inferior ao recomendado pelo fabricante, o pneu perde a garantia", detaca Alonso. Já o índice de velocidade segue uma escala de J a ZR, sendo que J permite rodar a até 100 km/h e ZR, mais de 240 km/h. A letra Y no exemplo acima significa que o pneu pode ser utlizado a velocidades de até 300 km/h
Data de fabricação (DOT)
A data de fabricação, essencial por informar se o pneu está dentro da validade, é informado por quatro algarismos, geralmente inseridos em um recesso oval na lateral do pneu e/ou acompanhados da sigla DOT. Os dois primeiros algarismos indicam a semana de fabricação, de 01 a 48, e os dois últimos informam o ano de produção (17 para 2017, por exemplo)
Indicador de desgaste (TWI)
É uma faixa transversal à banda de rodagem, localizada entre os sulcos dos pneus. Se a banda ficar nivelada com essa faixa de borracha, você já sabe que está na hora de substituir o pneu
Indicador de posição do pneu
No exemplo acima, a marca "outside" informa que o pneu deve ser montado sempre com aquela face voltada para o lado de fora, o que é essencial na colocação de pneus com banda assimétrica (mais sobre eles acima)
Sentido de rotação
Uma seta na lateral do pneu indica o sentido de rotação no qual ele deve ser montado, sempre seguindo a rotação da tração do pneu. Essa marcação é importante para a montagem correta de pneus unidirecionais, conforme explicado acima
Segundo Eliel Bartels, não há problemas em se usar rodas maiores, desde que se compense o diâmetro maior da roda com um pneu com lateral mais baixa, de forma que a circunferência total do conjunto roda e pneu não seja alterada. Se houver alteração no diâmetro desse conjunto, pode haver problemas na hora do alinhamento, conforme explicado acima, bem como medição incorreta do velocímetro no painel de instrumentos.
"Evite mudar o tamanho da roda e dos pneus, se quiser roda maior, prefira comprar um carro que já venha de fábrica com as medidas que você quer. Pneu maior que o diâmetro original, vai prejudicar a medição do velocímetro", esclarece Alonso, da Dunlop. Ele complementa.
"Se mudar a marca original, atente para que as medidas, especificações e fabricante dos pneus sejam os mesmos em um mesmo eixo, caso contrário vai desequilibrar o carro. Outra dica: os pneus em melhor estado devem sempre ser instalados na traseira, que escapa mais facilmente em aquaplanagens, por exemplo, e também levando em conta que o condutor pode direcionar as rodas dianteiras para corrigir uma eventual perda de aderência. Isso desde que os pneus dianteiros estejam no limite da segurança, dentro do que indica a marcação TWI", ensina Rodrigo Alonso.
A passar por buracos e imperfeições no piso, podem se formar rachaduras e bolhas na lateral do pneu, mas isso não significa necessariamente que sua estrutura, eficiência e segurança tenham sido comprometidos. Ao verificar algo assim, recomenda Rodrigo Alonso, da Dunlop, é necessário levar o pneu a um autocentro ou profissional de confiança para verificar as reais condições. Alonso alerta, no entanto, que furos na lateral do pneu não são passíveis de reparo - apenas podem ser consertados os furos na banda de rodagem.
"Espaguete ou macarrão é extremamente não recomendado e deve ser utilizado somente em caso de emergência, como um conserto temporário. Isso porque esse tipo de reparo atravessa todas as partes da construção do pneus e gerar infiltração de água. Isso afeta as diversas camadas do pneu, que podem se desprender, danificando sua estrutura. O ideal, assim que foi possível, é proccaption com o reparo permanente, do tipo vulcanizado, que mantém a impermeabilidade estrutural", recomenda Alonso.
De acordo com o especialista, quanto à formação de bolhas na lateral, elas precisam ser analisadas por um técnico. "Na grande maioria dos casos, a bolha é causada por uma pancada forte na lateral e não compromete a segurança. Tem bolhas e bolhas. Já em relação a rachaduras e rasgados na lateral, pode ser apenas externa. Porém, se o ar tiver passado pelo rasgado, este não é passível de reparo, tampouco permitido", explica o gerente da Dunlop.