Item obrigatório em todos os veículos vendidos no Brasil desde 1997, o catalisador é responsável por converter gases tóxicos resultantes da combustão do motor (hidrocarbonetos, monóxido de carbono e óxidos de nitrogênio) em água, gás carbônico e nitrogênio, que não causam danos diretos à saúde.
Formado por um elemento cerâmico revestido com metais ativos, como óxido de alumínio, o catalisador "limpa" parte importante das emissões por meio de reações químicas, ativadas pelo próprio calor do gás de escape. O componente pode durar toda a vida útil do motor, mas pode perder a eficácia bem antes disso, por conta da manutenção inadequada.
Além de causar problemas no funcionamento do veículo, como aumento no consumo de combustível e mais emissões de gases danosos ao meio ambiente, o catalisador é uma peça cara para substituir e não aceita reparos ou recondicionamento: estragou, tem de trocar. E o custo, incluindo a mão de obra, fica em torno de algo entre R$ 800 e R$ 1.000, segundo a oficina especializada Mascot Scap, localizada na zona sul da capital paulista. Isso sem contar que há veículos com dois catalisadores.
Para não amargar esse prejuízo e prolongar a vida útil desse importante componente, especialistas recomendam manter a manutenção básica do veículo em dia, a um custo proporcionalmente muito menor.
De acordo com Cláudio Furlan, gerente comercial da Umicore, uma das principais fornecedoras de catalisadores para as montadoras, nas revisões é preciso ter atenção especial com velas, cabos e bobinas de ignição, sensores de rotação, polia, chicotes elétricos e conectores. Esses componentes podem apresentar problemas capazes permitir a passagem de combustível não queimado ao sistema de escape, danificando a cerâmica que é o coração do componente.
"O catalisador é um componente que pode durar até o fim da vida útil do carro. Porém, sofre com o desgaste excessivo de peças do sistema elétrico, de ignição e de injeção, por exemplo. Alarmes corta-corrente também merecem atenção, pois, caso sejam acionados com o motor quente, haverá falta de faísca durante a injeção de combustível, causando o mesmo problema de contaminação do catalisador com combustível não queimado", destaca.
O especialista da Umicore recomenda também checar, nas revisões, bicos injetores, bomba de combustível, reguladores de pressão e sensores. São itens que podem causar mistura inadequada de ar e combustível dentro do motor, que também é uma ameaça à integridade do catalisador. De acordo com Frulan, tanto a falta de combustível quanto seu excesso são indesejados: a primeira leva à oxidação dos metais preciosos presentes no componente e o segundo danifica a cerâmica.
Além disso, não esqueça de manter em dia o filtro de ar do sistema de admissão do motor e checar a condição das juntas do sistema de escapamento, que podem se desgastar com o tempo. Filtro de ar entupido, por exemplo, prejudica a queima correta do combustível, enquanto juntas desgastadas são capazes de permitir entrada de ar no escapamento, oxidando os metais que revestem a cerâmica e promovem a limpeza do gás expelido pelo propulsor antes de ser lançado na atmosfera.
Para completar, não deixe de usar fluidos especificados no manual do veículo, especialmente o óleo lubrificante, e ficar atento para não abastecer com combustível adulterado. "Óleo queimado e combustível de má qualidade contaminam o catalisador e podem torná-lo inoperante. Por isso, a importância da manutenção preventiva", destaca Humberto Cescon, gerente de engenharia da Scapex, fabricante de catalisadores para o mercado de reposição.
Se for necessário trocar a peça, fuja de componentes recondicionados e busque peça de reposição com selo do Inmetro, nome da fabricante, código de certificação e indicação da faixa de cilindrada do motor à qual o catalisador foi projetado. Essas informações devem estar exibidas na peça em alto ou baixo relevo e ela tem de trazer garantia para funcionamento correto durante pelo menos 80 mil km.
Barulho no escape
Fique atento a ruídos que podem surgir do sistema de escapamento. Eles são um indício que pode haver algum problema físico dentro do catalisador, como quebra, derretimento ou entupimento da cerâmica catalítica. Caso o sintoma se manifeste, procure uma oficina de confiança para realizar uma inspeção no componente.
Perda de potência do motor
O eventual entupimento ou derretimento da cerâmica interna restringe a saída de ar do escapamento, afetando o desempenho esperado do propulsor.
Aumento no consumo de combustível
O derretimento, entupimento ou falta do catalisador não apenas fazem o propulsor render menos que o esperado, como também podem causar falhas ou engasgos e elevar o gasto de combustível.
Luz da injeção eletrônica acesa no painel
Em veículos fabricados a partir de 2009, os veículos vêm com dois sensores de oxigênio, também conhecidos como sonda lambda: um antes do catalisador e outro depois dele. Se o segundo sensor identificar mesmo nível de oxigênio na entrada e na saída, a luz da injeção se acenderá, indicando que o catalisador está inoperante. Em modelos anteriores, vale a pena inspecionar a peça a cada 80 mil km rodados.
Sinais de batidas fortes no corpo do catalisador
Se as tubulações do escapamento não estiverem corretamente fixadas, a carcaça do catalisador pode bater contra o assoalho do veículo, podendo quebrar ou soltar a cerâmica interna, causando danos que podem tornar o equipamento inoperante.