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Fixação das rodas do carro: 3, 4 ou 5 porcas?

Detalhe pode passar despercebido, mas pode acontecer de você não conseguir trocar os aros de seu carro por esse motivo

por André Deliberato

Você pode não conhecer sobre o assunto, mas já deve ter reparado - principalmente se já precisou trocar um pneu - que a maioria dos carros vendidos no Brasil tem rodas presas por quatro parafusos. A fixação dos aros por aqui é assunto pouco comentado, mas hoje vamos detalhar curiosidades técnicas sobre o assunto.
Até quantas porcas (parafusos), afinal, uma roda pode ter em sua estrutura para fixação no eixo? Por que as rodas com quatro furos são as mais comuns em nosso país? Por qual motivo o Renault Kwid, subcompacto de entrada vendido no Brasil, é um dos únicos carros do mercado com rodas de três porcas? E, porque, a versão elétrica do modelo da marca francesa tem quatro porcas? Esses e outros detalhes você confere abaixo.
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Fixação de rodas: como funciona

Vamos começar pelo princípio básico: para que servem os parafusos de fixação (também chamados de porcas). A resposta, básica, vem da SAE (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade). São ferramentas que têm a função de prender as rodas no eixo e que são apertadas com a chave de roda durante, por exemplo, uma troca de pneu.

Os parafusos atravessam os buracos da roda e se prendem por rosca no eixo do automóvel. Por isso, convém fixá-las e soltá-las, quando for necessário (em uma troca de pneus, por exemplo), no momento em que o carro ainda estiver em sua altura padrão, já que o peso do automóvel "trava" o veículo de modo que seja possível fazer o rosqueamento.
Mas, acredite: a decisão do fabricante na hora de escolher a porca não é só estética e vem de um cálculo, que soma a quantidade de torque e de carga (peso) que serão transmitidas às rodas. Isso significa que quanto mais parafusos, maior o diâmetro entre os furos e, desse modo, maior a possibilidade de utilização de cubos e discos de freio maiores e mais eficientes.
É por causa do torque que o Renault Kwid E-Tech, 100% elétrico, tem cubo com quatro porcas de fixação - e não de três, como na versão com motor a combustão, que tem muito menos torque.
"Temos mais torque na roda. Diferentemente dos motores a combustão, o E-Tech tem um torque que vem no primeiro momento da arrancada do veículo. Nessa situação, a força transmitida à roda é  bem superior - e isso fez com que a gente redesenhasse o cubo para poder receber essa força maior", explica Adriano Castro, engenheiro técnico especialista da Renault.
Além disso, a física básica garante que a capacidade de resistir aos torques de frenagem e aceleração é proporcionalmente maior... quando há mais porcas.
Isso explica porque vários modelos maiores têm rodas com cinco ou seis furos. Quanto mais peso, maior a necessidade de eficiência do sistema de frenagem - e por consequência, maior quantidade de porcas para fixação. É por isso que um SUV como o Chevrolet Trailblazer, por exemplo, tem seis parafusos e caminhões de porte grande tendem a ter oito ou até 10 entradas.

Porcas de quatro furos: as mais comuns

E por que as rodas de quatro porcas são as mais comuns? Na prática, de acordo com especialistas e os próprios fabricantes, porque são as que mais se adequam ao tamanho de um conjunto de frenagem eficiente para um carro dessa força e peso - e aqui também entra uma lei básica de mercado, de que quanto maior quantidade produzida, menor o custo de produção e distribuição.
Existem também rodas com mais furos.
SUVs compactos - como Honda HR-V, Jeep Renegade, Hyundai Creta, Volkswagen T-Cross e Chevrolet Tracker - costumam ter cinco. A explicação é a mesma. Segundo engenheiros, um SUV é mais pesado que um hatch ou um sedã. Por isso, precisa de um freio melhor. Nesse caso, o eixo precisa de uma porca a mais de fixação para que haja mais espaço para um sistema de freio mais eficiente.

O número é sempre par?

Essa é apenas uma tendência por pura engenharia e padronização estética, mas que não pode ser regra, já que é comum vermos carros com rodas cinco furos no Brasil. Agora, quem chegou com novidades nesse quesito por aqui, em 2017, foi o Renault Kwid, que leva até hoje o título de ser o único carro zero km à venda no país com rodas de três furos.
Vale lembrar que Ford Corcel e Del Rey também tinham rodas de três porcas, assim como o Renault Dauphine vendido no Brasil entre 1956 e 1967, e seus derivados Gordini e Interlagos.
A tecnologia, no entanto, não é considerada "defasada" por engenheiros, já que o Kwid é um carro bem leve, com menos de 800 kg, e que não tem pretensão de ser rápido - desse modo, o efeito dinâmico dos freios menores não é percebido. E essa não é a única explicação: com freios suficientes mesmo só com três furos, é possível economizar com a compra das porcas feita com fornecedores.
O único "pênalti", na realidade, fica na resposta do mercado ao emprego dessa tecnologia, já que trocar as rodas originais por modelos diferenciados - algo comum no Brasil, país que gosta cada vez mais de personalização aftermaket - não é tão simples quanto poderia ser. E requer adaptador ou a troca do cubo.

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