Chip flex para carros a gasolina é boa ideia?

Apesar de ser popular e ter custo relativamente baixo, a reprogramação do veículo por esse método pode ter implicações

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André Deliberato
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O preço mais alto do combustível fez e, ainda faz, muita gente buscar o popularmente conhecido serviço de "chipagem". É o famoso "chip flex", que converte o motor do carro movido apenas a gasolina, por meio de sua programação eletrônica, para o de um veículo flex - afinal, o etanol custa menos em algumas regiões do país.

Mas quais são as garantias desse serviço? Vale a pena levar um usado ou um seminovo fora da cobertura de garantia para instalar esse chip e poder abastecê-lo com qualquer um dos combustíveis? Para responder a essa pergunta, consultamos as dicas de engenheiros da SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade).

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Chip flex vale a pena?

A questão do parágrafo acima já responde a primeira dúvida: carro dentro do período de garantia não pode arriscar fazer esse tipo de serviço, já que qualquer alteração na programação do veículo implica na suspensão imediata da cobertura.

Injeção eletrônica de um carro a gasolina tem materiais que foram concebidos para receber... gasolina
Crédito: Divulgação
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Como funciona

Mas e quem tem um carro mais antigo ou mesmo um modelo importado - desde que tenha injeção eletrônica - e quer abastecer o veículo com etanol? Afinal, é comum ver mecânicos de oficinas paralelas oferecerem a instalação do chip flex que converte o carro a gasolina para bicombustível. O preço é baixo: varia de R$ 100 a R$ 300.

Contudo, a resposta com propriedade de engenheiros é de que não vale a pena. Isso porque o motor não recebe uma preparação específica para consumir o combustível vegetal.

Na prática, o chip "engana" o sistema eletrônico para que o propulsor receba etanol. Obviamente, a eficiência não será a mesma que a de um carro que sai de fábrica dessa maneira, já que uma das modificações necessárias - que não pode ser feita só com a instalação do chip flex - é a taxa de compressão maior "exigida" pelo álcool.

Além disso, o carro terá nova programação para injetar etanol, mas mantém peças, mangueiras e dutos que estavam ali preparados para receber gasolina - e este é o maior problema, já que esses equipamentos também deveriam ser modificados para trabalhar com álcool, combustível com maior poder de corrosão. Com o tempo, isso pode gerar problemas graves nessas peças e até no motor.

Segundo os engenheiros da SAE, em até seis meses os carros a gasolina "transformados" em flex já podem ter de trocar a bomba de combustível, por exemplo. E a maior parte das perdas, segundo os especialistas, é irreversível.

 Tem outro detalhe: se você for "converter" seu carro, é necessário passar por vistoria do Inmetro
Inspeção veicular
Legenda: Tem outro detalhe: se você for "converter" seu carro, é necessário passar por vistoria do Inmetro
Crédito: SARINYAPINNGAM/Istock
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Contran exige nova inspeção

Outra coisa que certamente os mecânicos que oferecem o chip flex não comentam é sobre a resolução número 25/98 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), que determina que a mudança de combustível de um carro torna obrigatória a inspeção por alguma empresa creditada pelo Inmetro.

Tem mais: além dos problemas já citados, os "falsos" carros flex também poluem mais, uma vez que os chips não costumam receber certificação do Inmetro.

Com isso, o carro funciona com queima de combustível fora das especificações estabelecidas pelo fabricante quanto à emissão de poluentes. De acordo com a SAE, a emissão de gases nocivos ao meio ambiente quase dobra.

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