Comprar peças de carros em desmanche compensa?

Atividade é prevista em lei, e sites dos Detrans têm cadastro das empresas, mas há peças que não podem ser vendidas

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André Deliberato
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Muita gente não compra peças e equipamento de "desmanche" por dúvida sobre a procedência do produto que irá adquirir. Muita gente relaciona esse tipo de comércio com ações criminosas, mas isto está longe de ser uma regra.

Desde 2015 essas empresas de desmanche - também chamadas de ferro-velho - são totalmente legalizadas, regulamentadas, credenciadas e vistoriadas pelo Detran de cada estado. Mas como esses lugares funcionam? Compensa para o bolso? Confira a seguir.

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Vale a pena comprar peça de desmanche?

Assim como o processo da troca de cor do carro, o esquema para abrir um desmanche é burocrático, mas não é sobre isso que vamos falar agora. De modo prático, essas empresas adquirem carros de leilões ou veículos que não podem mais rodar pelas ruas - e que por isso têm os chassis recortados, justamente para que isso não mais ocorra.

Feito isso, os carros vão para as empresas de desmanche e são... veja só, desmontados. Uma vez lá dentro, algumas peças (não todas) são catalogadas e aprovadas pelos Detrans para serem vendidas - e chegam até a ganhar código de barras.

Com esse código é possível consultar a origem da peça - mas fique atento: até hoje apenas 49 modelos diferentes de peças foram catalogadas, então não são todas que podem ser rastreadas.

Vamos dar um exemplo: um sistema de som, um volante ou mesmo espuma para o banco são itens que podem ser vendidos no desmanche sem necessidade de ter as etiquetas do Detran. Em teoria, todo o conteúdo precisa ser testado pelo ferro-velho antes de poder ser vendido - os que não passarem no teste são descartados ou vão para a reciclagem.

E itens de segurança do veículo também tem restrição para a comercialização. Peças como airbags, sistema de controle de estabilidade, cintos de segurança, ABS e sistema de freios e seus subcomponentes, por exemplo, não tem a venda permitida.

A consulta para saber a originalidade da peça pode ser feita pelo site do Detran - só no Estado de São Paulo, por exemplo, existem mais de 1.000 empresas cadastradas no sistema da entidade.

Desmanches crescem cada vez mais: só no Estado de São Paulo são mais de 1.000 lugares registrados
Crédito: Desmontech/Reprodução
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Motor e câmbio também entram

Além de peças específicas de carroceria, cabine e acabamento, motores e caixas de transmissão também podem ser vendidos em lojas de desmanche - muitas vezes por inteiro, sem serem divididos. E na maioria das vezes o preço sai mais barato do que uma retífica original feita pela concessionária ou até mesmo por seu mecânico de confiança.

Mas vale ficar atento à documentação, já que o motor tem número de nota fiscal próprio, que precisa estar em acordo com o documento do veículo. O processo, que também contaremos como funciona por aqui em momento oportuno, também exige certa burocracia.

Compensa, afinal?

Como dito no caso do motor e câmbio, o bolso do cliente final é o mais beneficiado nessa história. O valor de peças de desmanche é inferior ao preço cobrado em lojas e revendas autorizadas das fabricantes em quase 100% das vezes.

Muitas vezes, é mais garantido até comprar uma peça usada mas original em um ferro-velho do que uma nova de marca paralela. Mas não se esqueça que é uma pela usada, então dê uma boa conferida nas suas condições - mesmo que seja obrigatório por lei que sejam testadas e aprovadas pelo estabelecimento antes de serem colocadas à venda, conforme explicamos anteriormente.

E no caso de carros mais velhos ou clássicos, que não têm tanta facilidade com peças e reposição, esse tipo de comércio acaba sendo a única opção - por isso e legalização em 2015 foi essencial para muitos colecionadores.

Desmanche hoje é negócio legal e pode ajudar quem precisa encontrar peças mais baratas
Crédito: Desmontech/Reprodução
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