Vale a pena abastecer com gasolina aditivada?

Veja quando é vantajoso, ou não, pagar (ainda) mais pelo combustível composto de detergentes e dispersantes

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Fernando Miragaya
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Como encher o tanque do carro está quase pelo preço de um rim, uma dúvida volta à cena. Vale a pena abastecer com gasolina aditivada em tempos de combustível tão caro? Que o caro leitor não fique chateado com este escriba, mas a resposta para esta pergunta é: depende.

De acordo com os preços levantados semanalmente pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), o custo por litro da gasolina comum, na média nacional, está em R$ 6,71. Já o da aditivada ficou em R$ 6,86. Só que em muitos estados do país, a convencional já bate perto dos R$ 8, enquanto a com os detergentes e dispersantes já passou dessa "régua".

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Dentro deste cenário, vale a pena gastar a mais para abastecer com a gasolina aditivada? WM1 ouviu dois especialistas sobre o assunto, com enfoques distintos: um sob o ponto de vista de vantagens mecânicas, o outro sob a ótica financeira.

Carro novo merece

Antes de mais nada, vamos relembrar que a diferença entre os dois tipos de gasolina tratados aqui está no pacote de detergentes e dispersantes que a aditivada recebe. Essas substâncias ajudam a deixar o motor mais limpo, já que a gasolina por si só deixa resíduos, que são facilmente dissipados por este pacote de aditivos.

Para quem tem carro novo, 0 km ou abaixo dos 10 mil km rodados, vale pagar a mais pela aditivada. Isso porque o motor de um veículo zerado sai de fábrica, obviamente, sem nenhum depósito de impurezas nos pistões, ou qualquer carbonização nas válvulas e bicos injetores, por exemplo. A recomendação é ainda mais importante para carros recentes com motores com turbo e/ou injeção direta.

"A gasolina tem formação de carbonização e deixa depósitos de carvão em componentes como válvulas de admissão, topo do pistão, anéis e injetores. Com o tempo, essas impurezas fazem com que os motores não trabalhem conforme foram projetados, e o carro vai consumir um pouco mais. O aditivo, por sua vez, vai ajudar a manter aquela performance original do veículo por muito tempo", compara o engenheiro Everton Lopes. mentor de Energia de Combustão da SAE Brasil.

Substâncias que integram a composição da gasolina aditivada ajudam a deixar o motor mais limpo
Crédito: Divulgação
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Já para veículos mais rodados e que sempre usaram gasolina comum, o uso da aditivada não fará nenhuma diferença prática. O combustível mais caro não vai promover uma limpeza milagrosa e repentina. No caso, é melhor fazer um tratamento de choque, com a colocação de aditivos em uma concessionária ou oficina especializada. " A gasolina aditivada tem aditivos para fazer a manutenção da limpeza, mas não a limpeza", resume Lopes.

Mesmo assim, não significa que a gasolina comum faz mal ao veículo. O engenheiro, inclusive, lembra que o combustível melhorou muito nos últimos anos. "No passado, a gasolina tinha alto teor de enxofre, características de refino diferentes, promovia até carbonização maior. Hoje, nossa gasolina é muito boa, com aumento no número de octanas, controle de massa específica e novos parâmetros químicos", explica o engenheiro.

Para quem roda muito...

Do ponto de vista financeiro, a utilização de gasolina aditivada pode ser vantajosa a médio e longo prazo. Afinal, o combustível vai fazer o carro consumir dentro da normalidade e ainda ajuda a manter a vida útil dos componentes do motor.

"Existe um valor que você percebe em uma compra ou em outra, então vai depender do perfil. Quem usa pouco o carro pode não ter esta percepção de que motor está melhor protegido. No caso, é preciso levar em consideração o benefício que o combustível proporciona comparado ao custo do aditivo", explica Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em Gestão Financeira da FGV.

Teixeira considera que, para pessoas que rodam mais de 2 mil km por mês, acima da média do motorista brasileiro, a utilização da gasolina aditivada vale a pena. É um motor que rodará mais em menos tempo, e a gasolina aditivada pode contribuir para sua durabilidade. Desta forma, o custo de manutenção também tende a ser mais em conta.

O coordenador da FGV, contudo, ressalta sobre a importância de ficar atento à origem do combustível. "Talvez esse seja o ponto mais importante. Tem de ver a procedência, as condições dos tanques e dos caminhões. A comodidade de pagar por uma gasolina mais em conta ou em um posto mais próximo pode não compensar. Combustível adulterado vai reduzir o consumo e comprometer a vida útil do motor", observa.

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