Arrizo 5 elétrico chega importado por R$ 160 mil
Sedã eletrificado da Caoa Chery marca início da ofensiva de produtos sustentáveis do conglomerado automotivo no Brasil
A Caoa Chery começou sua ofensiva no mercado brasileiro. A marca inicia a sua estratégia de veículos eletrificados no país com a versão movida a baterias do sedã médio Arrizo 5, que chega importado da China por R$ 159.900 – valor correspondente a quase 2,5 vezes o preço da configuração básica (R$ 65.990) movida a combustão feita em Jacareí (SP).
O Arrizo 5e (com "e" colado no "5") será vendido inicialmente para frotistas e locadoras, uma vez que a rede de concessionárias ainda está sendo adaptada para recebê-lo. São Paulo será, a partir de outubro, a primeira cidade com uma loja preparada para realizar a manutenção do modelo. A partir de janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro já terão pontos de atendimento.
O sedã é movido por um motor elétrico que rende o equivalente a 122 cv e 28,1 kgf.m de torque, entregues instantaneamente às rodas dianteiras - para efeito de comparação, a versão nacional leva sob o capô um 1.5 turboflex de até 150 cv e 19,4 kgf.m.
O conjunto motriz do Arrizo 5e é alimentado por baterias de íons de lítio instaladas sob o assoalho do banco traseiro. O conjunto de 390 kg tem capacidade para 53,5 kWh, fornecendo, segundo a empresa, 322 km de autonomia.
De acordo com o Inmetro, o consumo médio do carro é de 15,2 kWh a cada 100 quilômetros rodados. Desse modo, a recarga total das baterias leva até oito horas. Em uma tomada de 20 amperes, esse tempo sobe para 20 horas.
DADOS DE DESEMPENHO
Para não comprometer a autonomia, a velocidade máxima é limitada em 152 km/h no modo esportivo. Os dados de fábrica informam que o Arrizo 5e leva 5,8 segundos para atingir os 50 km/h e pode retomar dessa velocidade aos 80 km/h em 4,2 segundos.
Comparado com o modelo movido a combustão, o elétrico muda pouco visualmente. Exceto pelas rodas de liga leve de 16 polegadas, a grade frontal preta que esconde o plugue de recarga e os adesivos nas portas traseiras, o Arrizo 5e é idêntico ao irmão que bebe etanol e gasolina.
As medidas externas foram mantidas (4,54 metros de comprimento, 1,81 m de largura, 1,48 m de altura, e 2,65 m de distância entre-eixos), assim como a capacidade do porta-malas, de 430 litros. No entanto, o peso em ordem de marcha subiu de 1.348 kg para 1.520 kg.
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IPAD NO PAINEL
Internamente, ambos também são parecidos: o acabamento interno é simples, predominado por plástico rígido, embora a montagem das peças seja bem feita. A grande diferença está na tela de 10" posicionada verticalmente no meio do painel, quase como um iPad (e como também acontece nos carros da Volvo).
O equipamento abriga desde os comandos da central multimídia e do ar-condicionado automático digital até as funções que gerenciam o monitoramento de pressão e temperatura dos pneus e do sistema motriz elétrico.
O painel de instrumentos também é novo, totalmente digital, e tem mostradores voltados às informações de consumo de eletricidade, nível de regeneração de carga e até rotação do motor.
A lista de equipamentos de série também não difere muito da versão mais completa do Arrizo 5 flex (R$ 72.990): controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, Isofix, chave presencial, teto solar elétrico, freio de estacionamento por botão, câmera de ré, bancos dianteiros com aquecimento, faróis com acendimento automático, luzes diurnas de LED, controle automático de velocidade, entre outros.
ANDA BEM?
Se no lançamento do Arrizo 5 flex a Caoa Chery restringiu o teste a uma voltinha dentro de sua fábrica em Anápolis (GO), no caso do modelo elétrico a empresa elaborou um percurso majoritariamente urbano, mas com direito a uma esticada pela Rodovia Castelo Branco até os limites da capital paulista com outros municípios da região metropolitana.
Na cidade, o Arrizo 5e cumpre o que se espera de um elétrico: silêncio a bordo e torque abundante sem emitir um grama de dióxido de carbono. Com o modo econômico ligado, o sistema limita consideravelmente o desempenho e aproveita ao máximo a energia cinética gerada nas frenagens para recarregar as baterias. Mesmo assim, o sedã executa a tarefa que qualquer carro a combustão executaria no uso cotidiano.
Devido ao silêncio do motor elétrico, a fabricante adotou um sinal sonoro que emite um “bipe” para alertar pedestres distraídos e evitar atropelamentos (recurso que pode ser desligado pelo multimídia).
Com o modo esportivo ligado, o Arrizo 5e muda de perfil e passa a entregar toda a força do propulsor elétrico. A impressão é, mais ou menos, como se um carro 1.0 passasse a ser equipado com um motor 2.0.
As acelerações ficam bem mais espertas, a ponto de empurrar as costas dos ocupantes contra o encosto dos bancos ao cravar o pé no acelerador. Na estrada, o Arrizo 5e chega a ser divertido nas arrancadas ao sair dos pedágios e nas retomadas em trechos de subida, chegando a deixar carros de potência considerável para trás.
Ainda pela falta de ruído (a não ser o barulho de vento e rolagem dos pneus sobre o asfalto), é fácil o motorista se distrair e só perceber que está quase ultrapassando o limite de velocidade da via ao se aproximar de um radar, por exemplo – ainda bem que existe o controle de cruzeiro.
Em contrapartida ao conforto acústico, o espaço para as pernas dos passageiros do banco traseiro fica um pouco comprometido pelas baterias instaladas sob o assoalho. Quem senta atrás viaja com os joelhos numa posição mais elevada, mas nada que incomode muito durante um trajeto mais curto.
MELHOR QUE O FLEX
Apesar de o preço pouco convidativo, o Arrizo 5e é mais interessante que a versão flex, principalmente pelo desempenho. No entanto, a Caoa Chery vacila por não oferecer, pelo menos, mais quatro airbags além dos frontais obrigatórios.
Para quem tem receio de apostar no carro elétrico de uma marca nova no mercado, a Caoa Chery destaca que o Arrizo 5e tem três anos de garantia total (exceto para peças de desgaste natural) e mais oito de cobertura para a bateria e o conjunto motriz.