O Corolla está pronto para ampliar seu domínio entre os sedãs médios. A 12ª geração do best-seller da Toyota mostrou qualidades suficientes não apenas para manter o trono de líder de vendas como também para ampliar. Na quarta-feira (4), em uma chuvosa Guarujá (litoral paulista), acelerei a versão XEi, tradicionalmente a mais vendida do modelo, e que chega com novos motor e câmbio, e preço que parte de R$ 110.990.
Temperatura na casa dos 16°C, vento, garoa e a noite já começando a cair. O clima ideal para um test drive mal-humorado. Pulo rapidamente para dentro Corolla XEi sem apreciar nos detalhes as mudanças visuais – que foram muitas e, apenas para registrar, deixaram o Toyota mais moderno sem perder, na minha opinião, sua classe tão apreciada por seus fiéis clientes.
Com a chave no bolso, bato no botão e desperto o sedã. Rapidamente desligo o ar-condicionado de duas zonas – recurso completamente desnecessário para os próximos 40 km, aproximadamente, de estrada. Câmbio no drive e seguimos rumo a uma Marina.
Entro na avenida e já soco o pedal do acelerador no assoalho em busca das novidades reais que o novo motor 2.0 Dynramic Force (bicombustível de quatro cilindros, aspirado e com injeção direta e indireta de combustível) tem a me entregar. Os 21,4 kgf.m de torque aparecem a medianos 4.400 giros mostram uma saúde interessante, mas não empolgantes como os 25,5 kgf.m que aparecem já a 1.400 rpm do Volkswagen Jetta 250 TSI, mas agradam.
Este propulsor, que não é uma evolução do anterior, mas uma nova geração, oferece 177 cv de potência quando abastecido com etanol. E tem na suavidade, não na esportividade, sua principal característica, mesmo tendo a opção Sport de comportamento (que basicamente faz as transições de marchas acontecerem em giros mais altos). Assim que "levanto o pé" e busco uma velocidade de cruzeiro, o silêncio na cabine reina, com as rotações abaixo de 2.000 giros.
Neste momento presto mais atenção na transmissão automática CVT e em seu trabalho eficiente de suas dez marchas simuladas. Para melhorar as arrancadas, no entanto, a engenharia da Toyota colocou uma engrenagem mecânica para melhorar a eficiência em primeira marcha, dando mais fôlego nas saídas. As aletas atrás do volante estão lá e são de série, o que apimenta um pouco a condução na curvinha sinuosa. Há também a possibilidade de trocas manuais pela alavanca.
Volto a imprimir um ritmo um pouco mais puxado nas curvas com piso molhado. Sem abusar, mas consciente de que os controles de tração e estabilidade estão presentes para dar um ajuda caso necessário, percebo um comportamento muito mais interessante do Corolla graças à nova plataforma TNGA, que permitiu não apenas uma maior rigidez da carroceria em 60% em relação à geração anterior, como também um centro de gravidade 10 milímetros mais baixo e a adoção de suspensão independente com duplo braço triangular na traseira. O Toyota é muito mais um carro na mão quando a ideia é passar um pouco do limite em busca de diversão.
O volante multifuncional tem boa empunhadura. Por ele consigo mexer tanto na nova central multimídia com tela de 8 polegadas colorida e sensível ao toque – ah, e compatível com Android Auto e Apple CarPlay (antes tarde do que nunca) – e no computador de bordo, que no caso do XEi tem tela de 4,2 polegadas ao lado direito com todas as informações do veículo. A assistência é elétrica, com leveza na medida certa. Gostei.
Chego a Marina e retorno apreciando mais os detalhes do Corolla XEi. Os bancos revestidos em couro têm ajustes manuais e são confortáveis. O acabamento mescla materiais emborrachados e plástico com textura agradável ao toque. A montagem, feita na fábrica da Toyota em Indaiatuba, interior de São Paulo, mostra qualidade, não apresentando rebarbas ou folgas entre as peças.
O design dos comandos mantém a linha da marca japonesa. Tudo muito sóbrio e nada revolucionário. E quer saber? Acho que essa simplicidade e falta de arrojo caem muito bem no Corolla. Ponto negativo apenas para o freio de estacionamento, que não é eletrônico (bem que poderia ser).
O espaço interno também não mudou. O Toyota continua com bons 2,70 metros de distância entre os eixos e porta-malas com capacidade para 470 litros – não é o bagageiro mais espaçoso da categoria, mas este espaço é mais que suficiente para a família cair na estrada sem ter que levar os travesseiros e os cobertores no banco traseiro.
Após voltar ao ponto de partida e encerrar os 40 km de XEi, vou apreciar os detalhes visuais do novo Corolla. Sim, ele está mais bonito. Capô longo e traseira mais curtas agregam certa esportividade. As rodas de liga leve são de 17 polegadas e estão em sintonia com a lateral sem vincos marcantes ou frisos enormes e desproporcionais.
A frente é que chama mais a atenção. O Corolla agora está com um olhar mais invocado, com linhas herdadas do irmão Camry, o que é muito bom. O friso da grade superior se funde com personalidade ao conjunto de faróis, que têm iluminação diurna (DRL) em LED, mas farol baixo e alto são halógenos.
A traseira também ganhou mais personalidade, com lanternas menores, mas envoltas por uma moldura cromada que atravessa a tampa do porta-malas.
Com acabamento sóbrio, boa lista de equipamentos de série, espaço interno adequado e um serviço de pós-venda referência, o Corolla tem tudo para manter seus consumidores. E a grande cartada, na minha opinião, é ter renovado por completo o conjunto mecânico – casamento motor e câmbio nas versões GLi, XEi e Altis – e apostado em um design levemente mais invocado, dando ao Toyota a possibilidade de "roubar" clientes de Jetta, Honda Civic e Chevrolet Cruze que antes achavam o best-seller um "carro de tiozão".