Animada com o desempenho do novo Polo, que fechou o primeiro bimestre de 2018 como o quarto carro mais emplacado do Brasil e ajudou a colocar a marca alemã no segundo lugar do ranking de vendas, a Volkswagen quer "bombar" a procura pelo Passat. A montadora acaba de lançar a linha 2018 do seu sedã executivo, cuja principal novidade é o preço: agora, o Passat é oferecido por R$ 164.620, cerca de R$ 14 mil mais em conta que o valor praticado anteriormente.
A tática tem o objetivo de tornar o modelo mais atraente diante da forte concorrência: no ano passado, o Passat teve apenas 545 unidades emplacadas, contra 4.401 do Ford Fusion (preços entre R$ 119,9 mil e R$ 155,9 mil), 2.966 do BMW 320i (R$ 169.950) e 1.103 do Mercedes-Benz Classe C (a partir de R$ 178,9 mil). Não por acaso citamos esses modelos - eles são concorrentes do Passat, na avaliação de Gustavo Schmidt, vice-presidente de Vendas e Marketing da VW. O executivo projeta que o Passat 2018 tem potencial para dobrar as vendas do ano passado.
Disponível na versão única Highline desde 2017, como parte da estratégia da VW de simplificar sua linha de veículos, o Passat aposta, além do preço mais acessível, na tecnologia e na ampla lista de itens de série para vender mais. Essa simplificação inclui a saída de linha do Fusca, que não terá uma nova geração, e do CC, que na Europa deu lugar ao novo Arteon - este último sem previsão oficial de vinda ao país.
Na linha 2018, a única novidade nesse quesito é a terceira geração da central multimídia Discover Pro, com tela tátil de 9,2 polegadas - o equipamento aceita comandos por gestos para, por exemplo, mudar a faixa do rádio. Além disso, traz GPS, comandos de voz, espelhamento da tela do celular e compatibilidade com os sistemas Apple CarPlay e Android Auto.
Para fechar as novidades, agora o Passat tem blindadora homologada pela Volks, com manutenção da garantia de fábrica. O serviço é oferecido pela Inbra pelo preço de R$ 58,3 mil, valor parcelável em até cinco vezes sem juros e prazo de entrega em até 30 dias úteis a partir da concessão do CR (Certificado de Registro), autorizando a blindagem.
Na linha 2018, o único item opcional é o teto solar panorâmico, disponível por R$ 5.370. De resto, o sedã traz de série equipamentos como painel de instrumentos digital configurável Active Info Display, de 12,3 polegadas (maior que o do Polo, que tem 10,4 polegadas), ar-condicionado digital de três zonas, sensor de chave, partida do motor por botão, bancos dianteiros elétricos e aquecíveis (o do motorista tem duas memórias e função de massagem lombar), para-choque com acionamento elétrico acionável pelo pé, faróis full-LED com luz alta automática, rodas de 18 polegadas e botão para ajustar diferentes modos de condução, da mais econômica à mais esportiva - os amortecedores são ativos, com carga ajustável de acordo com o modo escolhido e com as condições da pista.
O Passat também tem muitos assistentes de condução e itens de segurança, trazendo seis airbags e recursos como controle de velocidade de cruzeiro adaptativo, que freia o carro de forma automática para manter uma distância segura do veículo logo à frente, e também funciona em congestionamentos, podendo parar o carro completamente. Essa tecnologia também previne ultrapassagens pela direita, mas o motorista pode assumir o controle total no momento em que desejar.
O sedã também traz alguns recursos disponíveis para o Polo, como frenagem automática de emergência e frenagem pós-colisão, mas não traz alerta de ponto cego nem leitor de faixas de rodagem, para manter o carro rodando entre elas - recursos que estão disponíveis, por exemplo, no Chevrolet Cruze, menor e bem mais barato.
Quanto à parte mecânica, sem novidades. O Passat continua sendo oferecido com o mesmo trem de força do Golf GTI, ou seja, sob o capô o sedã traz o motor 2.0 turbo TSI de 220 cv de potência e 35,7 kgf.m de torque, disponíveis a apenas 1.500 rpm. Esse propulsor, associado ao câmbio automatizado DSG de dupla embreagem e seis marchas, proporciona um comportamento ágil e esportivo, com aceleração de zero a 100 km/h em 6,8 segundos e velocidade máxima de 246 km/h. Para poupar combustível, o motor traz sistema start-stop, que o desliga automaticamente em paradas rápidas no trânsito.
Na apresentação da linha 2018, a reportagem do WM1 teve a oportunidade de rodar algumas dezenas de quilômetros com o Passat em um trecho entre a capital paulista e Aldeia da Serra, na Grande São Paulo.
Antes de entrar no sedã, as rodas grandes, de 18 polegadas, e a dianteira larga e baixa dão uma impressão ao mesmo tempo imponente e estilosa, reforçada pelos belos faróis full-LED. As linhas são elegantes e equilibradas. Podemos dizer que o Passat, na comparação com a nova geração do Jetta, traz mais discrição e uma dianteira com cromados na medida certa, sem exageros.
Por dentro, o carro traz conforto para cinco ocupantes, com bancos painéis das portas revestidos de couro, que pode ser preto ou bege. O acabamento é bom, com materiais agradáveis ao toque e topo do painel revestido de material emborrachado - não chega a ter a sofisticação de um Audi A4 nem dos também alemães BMW Série 3 e Mercedes-Benz Classe C, afinal, estas são marcas premium e a própria Volks tradicionalmente simplifica seus modelos mais caros para que eles não fiquem no mesmo nível de um Audi, por motivos óbvios. Mas é um carro bem fabricado.
No rápido contato, não foi possível explorar todas as configurações e recursos disponíveis - são tantos que o Passat, como outros carros de luxo modernos, exige passar um bom tempo com o manual nas mãos para se ter uma noção de tudo o que oferece. Não se trata de dizer que o Volkswagen é complicado de operar, as funções mais básicas são intuitivas até, mas é um mal de que sofrem os carros mais modernos e tecnológicos nos dias de hoje.
Quanto ao desempenho, sem ressalvas. No modo Comfort, o Passat pode ser um pacato sedã executivo, com bom isolamento acústico da cabine e rodar confortável, mas basta mudar para o modo Sport ou pisar fundo no pedal do acelerador que o carro se transforma. Tem muito fôlego à disposição para ultrapassagens e retomadas e os amortecedores adaptativos contribuem para essa personalidade polivalente. Nas curvas, a carroceria não rola excessivamente, oferecendo uma dose equilibrada de conforto e dirigibilidade mais esportiva.
Agora é esperar para ver se finalmente o Passat conquista o coração e a mente de clientes mais endinheirados, para fazer concorrência de fato aos medalhões da Mercedes e da BMW e para o Fusion - cujo futuro no mercado brasileiro é cercado por dúvidas, diante dos rumores de que o sedã da Ford deixará de ser produzido no México, com benefícios fiscais, para ser montado na China. O Fusion hoje leva vantagem por ser disponibilizado em uma faixa de preço mais ampla (e acessível) e por ter porte maior.