O circo dos utilitários esportivos compactos vai pegar fogo! E o responsável por incendiar a brincadeira atende pelo nome de Volkswagen T-Cross. Nesta quarta-feira (3), em Indaiatuba (SP), tive a oportunidade rodar com o futuro SUV da marca alemã – ainda camuflado – e constatar que será, caso confirme a boa primeira impressão, a mais nova dor de cabeça de Honda HR-V, Nissan Kicks, Jeep Renegade, Chevrolet Tracker, Hyundai Creta, Ford EcoSport e companhia limitada. Preços não foram revelados.
Projeto derivado da multifacetada plataforma MQB, a mesma de Golf, Tiguan Allspace, entre outros, o T-Cross brasileiro terá particularidades em relação ao modelo que será comercializado na Europa. Com 2,65 metros, a distância entre os eixos (mesma do Virtus) é 8,6 centímetros maior que o T-Cross do ‘Velho Mundo’ e 4 centímetros superior ao HR-V, por exemplo.
Esta boa distância entre os eixos se traduz em um bom espaço interno. Com o banco do condutor ajustado para um motorista com minha altura (1,72 metro), quem viaja atrás tem espaço de sobra para os joelhos e a cabeça.
O ‘nosso’ T-Cross também é 1 centímetro mais alto, com 1,56 metro. Já o comprimento é de 4,20 metros (9 centímetros menor que o Honda) e o porta-malas tem capacidade para 373 ou 420 litros (HR-V carrega 437 litros), dependendo da inclinação do encosto do banco traseiro (bipartido).
O T-Cross terá duas opções de motor, ambas flex: 1.0 TSI (Turbo) de três cilindros, que desenvolve até 128 cv de potência e 20,4 kgf.m de torque, e 1.4 TSI (Turbo) de quatro cilindros, que entrega 150 cv e 25,5 kgf.m. Uma versão com motor 1.6, para o mercado nacional, não deve existir, inicialmente.
Em ambos os casos, a transmissão é automática de seis marchas, com opção de trocas manuais pelas aletas atrás do volante ou pela manopla, empurrando a alavanca do câmbio para a direita. A base do casamento motor/câmbio é a mesma do Golf, no entanto, a relação foi pontualmente retrabalhada para atender à necessidade de um SUV.
A Volks não confirmou, mas o motor 1.0 TSI deverá ser ofertado também com opção de transmissão manual.
Na pista da Fazenda Capuava, no interior de São Paulo, rodamos de T-Cross com motor 1.4 TSI. E apesar de rápido o contato e em um autódromo, o que está longe de ser ideal, o SUV mostrou estar muito bem acertado. Destaque para as boas retomadas e o baixo nível de ruído interno, mostrando uma preocupação extra da engenharia com o nível de barulho no habitáculo.
Destaque também para o ajuste da suspensão. Nítido o foco da Volkswagen em entregar um T-Cross confortável. Nas retas e beliscando um pouco as zebras da pista para simular um pouco de buraco, o SUV absorveu com suavidade os solavancos, ao mesmo tempo que mostrou rigidez ao inclinar muito pouco a carroceria nas curvas mais fechadas e frenagens mais bruscas – e olha que o T-Cross ‘tupiniquim’ tem um centro de gravidade mais elevado que o europeu.
Com assistência elétrica, a direção mostrou um pouco mais pesada que Virtus e Polo, por exemplo, porém com a mesma excelente precisão dos ‘irmãos’. Não é uma direção anestesiada, conseguindo transmitir para o condutor também um pouco do que está acontecendo no asfalto.
A posição ao volante é muito boa. Elevada, como deve ser em um utilitário esportivo compacto. Os ajustes do banco (longitudinal e altura) são manuais, assim como as regulagens de altura e profundidade da coluna de direção. ‘Vestir’ o T-Cross é fácil para todos. Ponto positivo para o banco, com design que traz abas laterais maiores, ideais para segurar o corpo do ‘motora’.
Nesta configuração, há seletor de modo de condução com quatro perfis: ECO, Normal, Sport e Individual.
Como esperado, a Volkswagen não abriu completamente a lista de equipamentos de série do T-Cross. No entanto, abriu o jogo garantindo que o modelo brasileiro terá controles de tração e estabilidade de série, assim como freios a disco nas quatro rodas com ABS (sistema antitravamento das rodas em frenagens bruscas) e EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem entre as rodas). Também terá seis airbags de série (frontais, laterais e de cortina), alerta de fadiga do motorista e frenagem pós-colisão (impede que o carro continue rodando após uma forte batida). E observando os dois modelos expostos, foi possível encontrar sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, e câmera de ré. As rodas de liga leve são de 17 polegadas, ‘calçadas’ com pneus 205/55 R17.
Em termos de tecnologia e comodidade, o T-Cross terá Park Assist 3.0 (estaciona o carro de maneira semiautônoma em vagas transversais e longitudinais), central multimídia com tela colorida configurável de 8 polegadas sensível ao toque – compatível com Android Auto e Apple CarPlay -, quatro entradas USB (duas delas para passageiros do banco traseiro), painel de instrumentos Digital Cockpit (Active Info Display), ar-condicionado digital automático com saída de ar para os ocupantes do banco traseiro, e sistema de som Beats.
O T-Cross será ofertado no Brasil em 8 cores, com opção de teto na cor preta. E teto panorâmico também será ofertado – uma exclusividade do modelo que será vendido aqui.
Por conta de este primeiro contato ter sido com dois modelos protótipos utilizados pela engenharia, o acabamento não é o mesmo daquele que será comercializado. Esperamos, no entanto, algo um pouco mais sofisticado em termos de requinte em comparação com o Polo.
O T-Cross será uma das atrações da Volkswagen no Salão do Automóvel de São Paulo, que acontece em novembro. No entanto, ele será apresentado oficialmente antes – possivelmente ainda no final deste mês.