A Royal Enfield vai embora do Brasil? Não, não vai

Afirmação recorrente nas redes sociais é pura fake news e não encontra base na realidade. Entenda os motivos

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Roberto Dutra
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As redes sociais se tornaram uma espécie de território livre para as pessoas externarem suas opiniões, impressões e sentimentos. E, em meio a isso tudo, proliferam fake news e até mesmo opiniões completamente descabidas.

Uma bastante recorrente diz respeito à presença da Royal Enfield no mercado brasileiro. Frequentemente podemos ver, nos grupos abertos ou fechados de motociclistas - das mais variadas marcas - internautas afirmando assertivamente que "a Royal Enfield vai embora do Brasil". Assim como, no passado, várias outras marcas fizeram.

Primeiro cabe lembrar que essas tais marcas eram bastante peculiares. Alguém aí lembra de Iros, Regal Raptor, Miza, Fym, Traxx, Garini e outras menos votadas? Pois é. Essas marcas, na prática, nem existiam: foram criadas no Brasil para comercializar motos de qualidade no mínimo duvidosa importadas da China.

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Royal Enfield Meteor Supernova 350
A pequena custom Meteor 350 foi um sucesso desde o lançamento
Crédito: Divulgação
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A Royal Enfield é bem diferente. A marca, que nasceu na Inglaterra e hoje tem sede lá e também na Índia, onde sua produção é concentrada, é a que está em atividade contínua há mais tempo no mundo. Além disso, os modelos que são vendidos no mercado brasileiro são exatamente os mesmos presentes em muitos outros mercados do mundo - da Ásia aos Estados Unidos, passando por Europa e América do Sul.

A única diferença é que as motos vendidas aqui não são importadas diretamente: vêm desmontadas para ser montadas em Manaus (AM). É aquele esquema logístico que só existe praticamente no Brasil para que as fabricantes de motos possam desfrutar das isenções tributárias da Zona Franca.

As motos da Royal Enfield vêm desmontadas da Índia e são montadas em Manaus (AM)
Crédito: Divulgação
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Logística complicada

As motos desmontadas chegam via porto marítimo, depois pegam estrada, depois pegam balsa, depois pegam estrada de novo para chegar às fábricas, onde são montadas a partir de kits. E, depois disso tudo, fazem o caminho inverso para chegar às concessionárias. É complexo, é caro e é pouco prático ou inteligente - mas, no Brasil, é assim.

Todo esse esforço operacional mencionado acima já mostra que a Royal Enfield veio para ficar. Mas há mais do que isso: presente no país desde 2017, a marca anglo-indiana só viu seus números de vendas e participação crescerem desde então.

Neste início de 2025, a Royal Enfield ficou, pela primeira vez, entre as cinco marcas de motos mais vendida do país: foi a quinta, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave). Ao mesmo tempo, alcançou a notável marca de 51 mil motos vendidas no mercado brasileiro.

Menos retrô que as irmãs Meteor e Classic, a Hunter 350 é a moto mais vendida pela RE no Brasil
Crédito: Reprodução/Webmotors
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Quer mais? No fechamento do ano passado, a marca registrou crescimento de incríveis 40% nas vendas, em relação a 2023. Foram 17.253 motocicletas emplacadas, contra 12.436 unidades em 2023 - o maior volume da Royal Enfield desde que chegou ao país.

Para este ano, a projeção é de novo crescimento - até porque a marca vai lançar cinco novos modelos e aumentar a rede de concessionários dos atuais 35 pontos para 60 lojas até março de 2026.

Com tanto embalo, naturalmente vieram problemas. Há reclamações frequentes sobre o atendimento em algumas concessionárias, sobre a falta de peças de reposição e os preços altos destas peças, e até sobre falta de motos para a entrega.

A naked "quase crossover" Guerrilla 450 é um dos lançamentos previstos para este ano
Crédito: Roberto Dutra/WM1
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Dois meses em 48 horas

Um desses casos aconteceu com a Super Meteor 650: o primeiro lote de 1.300 unidades foi vendido em 48 horas, na fase de pré-venda. Isso pegou a marca de surpresa - esperava que durasse pelo menos uns dois meses -, gerou filas e insatisfações.

Mas, segundo Gabriel Patini, diretor executivo Latam da Royal Enfield, não foi só isso. "Estamos equacionando as entregas de Super Meteor 650 depois de enfrentar questões logísticas e climáticas bastante desafiadoras. O lançamento e o sucesso de vendas nos trouxeram lições importantes e insights valiosos para a construção da ​linha de produtos para o Brasil", explica ele.

O sucesso da custom Super Meteor 650 surpreendeu: 1.300 motos vendidas em dois dias
Crédito: Guilherme Veloso/Divulgação
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O executivo diz que o cronograma de finalização de entregas está previsto para meados de fevereiro - uma notícia que traz alívio para quem está aguardando a moto. Além disso, vale lembrar que a Royal Enfield implementou o frete incluso no preço das motos vendidas no Brasil, bem como revisões com preços fixos. São medidas que facilitam o cálculo dos custos para o comprador.

Em resumo: quinta marca de motos mais vendida no país, vendas crescentes ano a ano, recorde de vendas em 2024 com crescimento de assombrosos 40%, expansão progressiva de concessionários e fila de espera para modelos logo após o lançamento. Ficou mais fácil de entender - e admitir - que a Royal Enfield não vai embora do Brasil?

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