A NK 150 chegou às concessionárias Haojue no início de abril e já tem um mês de vida no mercado brasileiro, mas ainda é uma ilustre desconhecida da maioria das pessoas. Isso se deve, fundamentalmente, à relação quase nula da JTZ Indústria e Comércio de Motos - representante da Haojue no Brasil - com a imprensa especializada, o que se traduz em inexistência de motos para matérias e avaliações.
O mesmo acontece com a Kymco, também representada aqui pela JTZ, e com a Suzuki, da J. Toledo da Amazônia, que no fim das contas é o mesmo grupo. Mas o WM1 conseguiu uma moto para uma avaliação rápida com a Ego Motos do Rio de Janeiro, concessionária parceiraça de longa data que conhece a importância desse tipo de trabalho. E assim tivemos nossas primeiras impressões com a NK 150.
A NK 150 é um projeto desenvolvido pelo próprio pessoal da JTZ com a Haojue chinesa. O objetivo era ter, aqui no Brasil, uma trail de baixa cilindrada com um conjunto adequado ao gosto do usuário brasileiro.
E a parceria acertou na mosca: vemos uma moto com visual e especificações típicas do segmento, apta a atrair um público que quer ser mais discreto, menos visado e pagar um seguro mais barato do que se estiver ao guidão de uma Honda NXR 160 Bros ou de uma Yamaha XTZ 150 Crosser. E, claro, que não se incomoda de pagar um pouco mais por isso: com preço sugerido de R$ 17.597, a NK 150 está um pouco acima da Bros, de R$ 15.790 e da Crosser, de R$ 16.190.
O visual da moto não é muito diferente dos que vemos nas rivais. Segue a tradicional receita do bolo, com farol de formas irregulares envolvido por moldura, para-lama dianteiro alto e "bicudo", tanque com abas laterais, banco em dois andares e escape alto.
A traseira, aliás, é bacana: tem alças para garupa, bagageiro com proteções de borracha apto a receber um baú e seis ganchos para amarração de bagagens.
O painel todo digital se diferencia por ter indicadores de marcha e de carga de bateria, o que não se vê nas rivais, mas fora isso é o de sempre: velocímetro, conta-giros em barra horizontal na parte superior e hodômetros total e parciais. As luzes-espia estão na parte de cima, bem ao alcance dos olhos e enfileiradas horizontalmente, o que facilita a consulta. E olha que legal: junto ao punho esquerdo já vem, de série, uma tomadinha USB - boa pra turma que trabalha com a moto. Gostamos!
As características técnicas da Haojue NK 150 são coerentes com o segmento e proposta. O motor é monocilíndrico injetado e refrigerado a ar, com 149 cm³, 12 cv de potência a 8.000 rpm e 1,2 kgf.m de torque a 6.000 rpm. A Haojue diz que é o mesmo da urbana DR 160, mas com capacidade cúbica reduzida para girar melhor. Na street, são 15 cv nas mesmas 8.000 rpm e torque de 1,4 kgf.m em 500 rpm a mais (a 6.500 rpm).
Segundo a fabricante, nesta configuração, o motor oferece "respostas mais rápidas nas acelerações e um torque mais bem distribuído em baixas rotações, além de maior durabilidade e menos vibrações e ruídos".
O motor também tem componentes diferentes, como o esticador de corrente interno, um rolamento roletado no lado direito do virabrequim e a própria tampa das válvulas. As outras especificações importantes da moto o caro leitor pode conferir na ficha técnica da moto, no pé dessa matéria - porque agora é hora de acelerar!
Nosso rolé começa com um pequeno trecho bem congestionado e ali a NK 150 já mostra uma boa virtude: levinha e com bom esterço, anda pelos corredores entre os carros e desvencilha-se do anda-e-para com muita facilidade e sem exigir esforço do piloto.
Logo chegamos à pista livre do Aterro do Flamengo, onde podemos explorar mais o que seu motorzinho tem para oferecer. Com seus limitados 12 cv, naturalmente, não é uma moto de alto desempenho. Mas até que empolga pela suavidade na rodagem, com nível de vibração surpreendentemente baixo. Apesar de praticamente zero-quilômetro e, por isso, ainda meio travado, o motor mostra elasticidade interessante.
Não é preciso trocar as marchas com muita frequência. O que é bom duas vezes, pois apesar de a embreagem ser levíssima (aliás, como o acelerador e o manete de freio), o câmbio não é exatamente macio.
Vêm as curvas estranhas do aterro, que te jogam "pra fora", e a Haojue NK 150 transmite bastante segurança - os pneus são os reconhecidamente bons Pirelli MT-60. E também contamos com o ABS no freio dianteiro (que a Crosser tem, mas a Bros não), o que é sempre um diferencial e, aqui, ajuda a justificar o preço mais alto. A moto exibe boas frenagens, sem sustos, e até na nossa brincadeira fora do asfalto todo esse conjunto se sai bem e transmite muita confiança.
Ali, tanto o ótimo vão livre de 24,4 cm quanto as suspensões mostram eficiência - embora estas não sejam postas à prova de maneira muito severa. A dianteira mostra calibragem bem adequada entre a rigidez necessária e a maciez para absorver impactos, e o bom curso de 18 cm. A traseira, na configuração de fábrica, é bem durinha, e tem 14,8 cm de curso.
Junto com o banco mais anatômico do que confortável, o piloto pode sofrer se passar muitas horas ali em cima. O que é bem possível, já que com um tanque para 12,2 litros de combustível e um consumo médio na casa dos 35 km/l, pelo menos, a autonomia deve ser de uns 400 quilômetros. Pelo menos a posição de pilotagem é muito agradável e os retrovisores efetivamente proporcionam boa visão periférica.
Hora de entregar a moto na concessionária e fica um gostinho de "quero mais" - o que é bom, pois sinaliza que a experiência foi positiva. Agora, é esperar um tempo para ver se, nas ruas, a NK 150 corresponde às expectativas de ser uma moto robusta e confiável e, ao mesmo tempo, mais discreta e menos visada que suas concorrentes.