A Bajaj terá linha de montagem própria em Manaus no segundo semestre de 2024. A informação foi revelada pelo diretor executivo da marca, Rakesh Sharma, em entrevista ao jornal indiano The Economic Times. A capacidade da linha será de cerca de 20 mil unidades por ano.
Essas informações significam muito - principalmente que a Bajaj poderá se tornar uma das principais marcas presentes no mercado brasileiro. E há dois motivos básicos para isso: é uma empresa com dinheiro para investir e que produz motocicletas de preço baixo e grandes volumes.
É claro que o número de 20 mil motos por ano não será atingido rapidamente. Mas, pensando a longo prazo, se as operações decolarem, esse volume poderá até aumentar. E esse volume é o que hoje produz a Shineray, atualmente a terceira maior marca do país.
Porém, nunca é demais lembrar o tamanho e o potencial da Bajaj. A marca é uma das maiores fabricantes de motocicletas do mundo, é a maior exportadora de veículos de duas ou três rodas da Índia e está presente em cerca de 90 países.
Na maioria absoluta destes países, o modelo de negócios é feito em parceria com um distribuidor local. Mas, no Brasil, a marca já resolveu que fará diferente - será responsável pela produção e pela distribuição, e apenas as vendas ficarão a cargo de concessionários autorizados.
Rakesh Sharma disse à publicação indiana que o Brasil é uma exceção "devido ao tamanho, à complexidade e, às vezes, à imprevisibilidade". Faz sentido: em que outro país do mundo o polo de produção de motocicletas fica "no meio da selva" e sua produção tem que ser escoada, num primeiro momento, por embarcações, através de rios, até que possa finalmente ser transportada por estradas?
Além disso, em que outro país do mundo as regras mudam de acordo com o governo vigente, ou com o humor de congressistas que aprovam novas leis a qualquer momento? E isso em um país de dimensões continentais, com regiões que diferem bastante em clima, cultura, acessos e distâncias. É por motivos como esses, entre outros, que aqui será diferente.
O executivo não revelou o valor dos investimentos para erguer a linha de montagem. Mas, quando chegar a hora, a marca já terá alguma experiência. A Bajaj iniciou suas operações de venda por aqui no início deste ano, e em sete meses emplacou cerca de 2 mil motos. A rede de autorizadas segue em crescimento - atualmente são oito lojas.
Atualmente os quatro modelos que a marca vende no país são montados em Manaus, dentro da fábrica da Dafra. A linha de montagem própria da Bajaj também poderá fazer modelos da KTM austríaca, marca com a qual a indiana tem parceria e da qual detém 48% das ações.
Essa também é uma boa notícia, pois abre a possibilidade de termos a KTM com presença mais sólida no país. Atualmente a marca vende poucos modelos por aqui, com preços exorbitantes e volumes pífios, através de um número insignificante de concessionárias.