Bajaj Dominar 160: essa moto merece sua atenção

Bonita e eficiente, moto poderia conquistar fatia considerável no mercado se fosse produzida no Brasil em larga escala

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Roberto Dutra
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Que a Bajaj começou suas operações no mercado brasileiro no início deste ano, todo mundo já sabe. A marca chegou de forma discreta e racional com três modelos - as Dominar 160, 200 e 400 - e já tem feito os naturais passos seguintes: expandir progressivamente sua rede de concessionários e planejar uma fábrica em Manaus (AM), que será inaugurada em 2024.

Bajaj Dominar 160: essa moto merece sua atenção

Engana-se quem pensa que a Bajaj está apenas tentando a sorte por aqui. A marca pode vir a se tornar uma das principais fabricantes - e vendedoras - de motos no mercado brasileiro, pois tem know-how para isso. Com sede e fábricas na Índia, em todo o ano passado vendeu por lá nada menos que 1,6 millhão de motocicletas. Além disso, exportou incríveis 2,2 milhões de motos para mais de 80 países no mesmo período.

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Com jeitão esportivo, a Bajaj Dominar 160 é bem completinha e tem bom custo/benefício
Crédito: Divulgação
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Três modelos disponíveis no Brasil

Dos três modelos que escolheu para começar no Brasil, o destaque tem sido a Dominar 400. É uma moto média, com porte, visual bacana, bem completinha e com custo/benefício muito atraente. Contudo, pertence a um segmento que até vende bem, mas que obviamente não faz volumes tão expressivos quanto o das motos de baixa cilindrada - as chamadas city/street, ou "motos de entrada".

Os modelos da Bajaj que jogam por ali são as Dominar 160 e 200. E tive a oportunidade de pilotar ambas durante minha participação, como jurado, no concurso Moto do Ano promovido pela Revista Duas Rodas, no mês passado. Com poucas diferenças além do tamanho do motor, as duas deixaram boa impressão. Mas, acredite: a Dominar 160 foi a que mais me surpreendeu.

O modelo tem visual interessante, com pegada esportiva mais frequentemente vista em motos maiores. Exibe farol com aspecto triangular coadjuvado por duas lanterninhas, piscas nas laterais da moldura do farol, tanque arredondado que se encaixa bem nas abas laterais, banco em duas alturas e rabeta arrebitada com suporte de placa destacado.

A moldura dianteira engloba farol dianteiro com aspecto triangular, duas lanterninhas logo abaixo e piscas nas laterais
Crédito: Divulgação
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O para-barro traseiro destoa um pouco, mas sem dúvida é útil. E, afinal, é algo que vemos até em motos de segmento "premium". No fim das contas, tudo está no devido lugar. Sem excessos, invencionices ou excentricidades.

O painel, por sua vez, segue a velha receita de conta-giros analógico centralizado com luzes espia à esquerda e telinha de LCD à direita. É completinho, mas nada sofisticado - bem, ninguém esperaria uma tela de TFT aqui. Mas tem até indicador de marcha engatada e luz de alerta de giros do motor ("rpm limit"). Quer mais? Os  botões nos punhos são iluminados, algo sempre legal.

O desempenho na pista, lá no Autódromo fazenda Capuava, me impressionou por vários motivos. Para começar, a ciclística: a Dominar 160 não é pesada ou "pescoçuda" como várias motos asiáticas que já experimentei - alguém aí lembra de Traxx, Green, Garini, Miza ou Iros? Pois é, vai tempo...

Receita tradicional: o painel exibe conta-giros analógico com luzes-espia à esquerda e telinha de LCD à direita
Crédito: Divulgação
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Essa indiana parece ter menos que seus 151 quilos em ordem de marcha (que é um peso apena razoável). É fácil de manobrar e já nos primeiros metros exibe surpreendente agilidade. A posição de pilotagem é bem agradável. Pernas e braços compõem um "C" adequado sobre a moto, sem que membros inferiores ou superiores fiquem dobrados ou esticados demais.

O banco me pareceu confortável na medida, mas para carimbar isso assertivamente eu precisaria de mais tempo ali em cima. E imagino que não deve ser confortável para um garupa, já que as pedaleiras do passageiro são bem altas, presas em suportes atrelados ao chassi (coisa de moto esportiva!). Ou seja, as pernas vão bem dobradas.

Fato é que a moto anda bem. As respostas ao acelerador são vigorosas em todas as faixas de giros, desde que você o mantenha "cheio". Porém, o que sobressai é o baixo nível de vibrações - o motor trabalha liso, sem aspereza. Isso é um conforto raro em motos de baixa cilindrada.

Os bancos da Dominar 160 têm alturas diferentes. O do piloto é razoavelmente confortável
Crédito: Divulgação
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Desempenho da Bajaj Dominar 160

Com 160 m³, o monocilíndrico refrigerado a ar rende 17 cv de potência a 9.000 rpm e torque e 1,4 kgf.m a 7.250 rpm. Reparou que o motor é nervosinho? Para comparação, a best-seller Honda CG 160 Titan entrega, com seus 162 cm³, potência de 14,9 cv a 8.000 rpm e torque de 1,4 kgf.m a 7.000 rpm com gasolina - como é flex, com etanol vai a 15,1 cv e 1,5 kgf.m.

Ou seja, a moto mais vendida há mais de 40 anos e veículo mais vendido do país (380 mil unidades emplacadas este ano, até novembro) gira mais baixo, é menos potente e tem torque similar. Mas a relação peso/potência equilibra as coias: nas duas, são cerca de nove quilos para cada pocotó do motor.

A Dominar 160 exibe outras virtudes: o câmbio de cinco marchas, se não é um primor de maciez, tem engates precisos. Nas curvas, nada de sustos - a moto inclina bem e não parece pesada. Por fim, os freios foram eficientes mesmo seguidamente acionados na pista em variadas condições.

A rabeta é arrebitada, tem lanterna dupla e suporte de placa destacado
Crédito: Divulgação
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Outras especificações importantes entram na comparação com a Honda CG 160 Titan. A Dominar 160 tem os dois freios a disco com ABS no dianteiro, suspensão dianteira invertida e traseira monochoque, pneus nas medidas 90/90 R17 e 120/80 R17, 17 cm de vão livre e tanque para 12 litros.

Já a CG 160 Titan tem freios com disco na frente e tambor atrás assistidos por CBS, suspensão dianteira convencional e traseira bichoque, e pneus nas medidas 80/100 R18 e 100/80 R18 - portanto, mais finos. O vão livre é igual, de 17 cm, mas leva vantagem no tanque para 16 litros, já que proporciona autonomia superior - algo importantíssimo em motos pequenas.

Esse aspecto é importante justamente porque motos de baixa cilindrada são usadas basicamente para mobilidade urbana pessoal ou no trabalho de entregas e transporte de pequenas cargas. E ninguém quer ficar parando toda hora para abastecer, certo?

O para-barro na roda traseira destoa do design em geral, mas é uma proteção útil
Crédito: Divulgação
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É aí que a Dominar 160 poderia encontrar seu espaço. Tem visual atraente, desempenho mais que satisfatório e especificações de bom nível. Então, em uma realidade hipotética, poderia brigar de igual para igual com a Honda CG 160 - e com outras, como a Yamaha Fazer 150 - se fosse produzida em larguíssima escala.

Claro que essa competitividade em Pindorama exigiria "complementos importantes" para transmitir confiança ao consumidor como Honda e Yamaha: uma extensa rede de concessionários, eficiência na oferta de peças de reposição e até existência de peças paralelas em lojas de motopeças.

Isso tudo e, claro, manter um preço competitivo. A Dominar 160 custa atualmente R$ 17.420. É pouca coisa acima dos R$ 16.760 da Honda CG 160 Titan, mas a diferença se justifica pelos quitutes a mais. De resto, essa indiana já é confortável, bonita e segura - e anda bem e será produzida no Brasil.

Calma, haters: vamos falar de durabilidade

A imensa maioria de leitores que não chegou até aqui e a incrivelmente pequena parte de leitores que chegou até aqui certamente se perguntam: ok, a moto tem tais qualidades, mas e quanto à durabilidade? Afinal, sabemos que Honda CG e Yamaha Fazer são bem robustas!

Bom, naturalmente não podemos fazer avaliações precipitadas nesse aspecto, pois as Bajaj estão há pouco tempo no mercado brasileiro. Mas vamos pegar o mercado indiano: lá, o usuário não tem o hábito de trocar de moto a cada poucos anos, como aqui. O mais comum é usar a mesma moto por muitos anos, frequentemente até ela "acabar".

Levando-se em conta essa característica, vale perguntar: eles comprariam uma moto de pouca durabilidade? Dado que as condições de rodagem por lá são iguais ou até inferiores às do Brasil, particularmente eu apostaria que as Bajaj vão aguentar o tranco por aqui.

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