Passo a passo a Bajaj vai ganhando espaço no mercado brasileiro. As operações da marca indiana no país começaram no finalzinho de 2022 (pra valer, mesmo, no início de 2023) e, desde então, as vendas crescem progressivamente.
Em março último, a Bajaj emplacou 785 motocicletas no país. Foi seu melhor resultado histórico - e bem superior ao "recorde" anterior, de 468 exemplares de setembro de 2023. Claro que é um pingo no oceano quando comparamos, por exemplo, às milhares de motos que Honda e Yamaha vendem no Brasil todo mês. Porém, é mais um sinal claro de que a Bajaj não está no Brasil a passeio, nem por temporada.
Aliás, já já dissemos isso aqui. A Bajaj está no Brasil com operação própria - nada de representantes ou importadores - e é uma empresa gigantesca. É uma das maiores fabricantes de motocicletas do mundo, a maior exportadora de veículos de duas ou três rodas da Índia e está presente em cerca de 90 países.
No Brasil, Bajaj já está montando suas motocicletas em Manaus (AM), em parceria com a Dafra, mas deverá operar com sua fábrica própria já em maio - com capacidade inicial para até 20 mil motos por ano. Além disso, continua ampliando sua rede de concessionários.
Atualmente a Bajaj tem cinco concessionários no Estado de São Paulo, além de lojas em Florianópolis (SC), Taguatinga (DF), Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ) e Belo Horizonte (MG). E pretende abrir mais uma na capital paulista e também showrooms em Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Fortaleza (CE), Recife e Caruaru (PE), Maceió (AL), Belém e Marabá (PA) e em Manaus (AM). Não é pouca coisa.
Quer mais? A Bajaj diz que vai triplicar o resultado de vendas de 2023 e fechar este ano de 2024 com 12 mil motos emplacadas. O resultado, segundo a marca, será impulsionado justamente pelo início das operações da fábrica própria. Além disso, a unidade também permitirá a ampliação do line-up, atualmente restrito a apenas três modelos - as Dominar 160, 200 e 400.
Curiosamente a maior delas é a que mais vende. Em março, das 785 unidades emplacadas, 472 foram da Dominar 400. Isso se explica por vários motivos. Por exemplo, enquanto as Dominar 160 e 200 sofrem concorrência forte de modelos das duas principais marcas presentes no país - Honda e Yamaha -, entre outras, a Dominar 400 tem poucas rivais.
Além disso, a Dominar 400 tem um bom conjunto e preço muito atraente -, que resultam em um custo/benefício imbatível. Por R$ 24.990 (sem frete) leva-se para casa uma naked com toques de crossover bem equipada e com um motor que permite uso fácil no dia a dia com sobras para passeios na estrada nos fins de semana.
A moto tem iluminação full-LED, para-brisa, protetores de mãos, de motor e de cárter, banco bipartido, um pequeno encosto para garupa, bagageiro com suporte para baú, freios a disco com ABS nas duas rodas e embreagem deslizante e assistida.
O motor é um monocilíndrico com quatro válvulas e comando no cabeçote, com refrigeração líquida e três velas (!). Seus 373 cm³ entregam 40 cv de potência a 8.800 rpm e torque de 3,5 kgf.m a 6.500 rpm. São números comportados, mas que correspondem à proposta da moto: predominantemente urbana, mas com alguma força para pistas expressas e estradas. O câmbio tem seis marchas, com secundária por corrente.
Outras especificações importantes são as rodas de liga leve, os pneus sem câmara nas medidas 110/70 R17 na frente e 150/60 R17 atrás, as suspensões invertidas na frente e monochoque atrás, e o peso de 192 quilos em ordem de marcha.
Com 2,15 m de comprimento, a Dominar 400 tem ainda 1,45 m de entre-eixos, 86,3 cm de largura e 1,24 m de altura máxima. A distância do solo é de bons 15,7 cm, enquanto o tanque leva apenas razoáveis 13 litros de combustível.
A Dominar 400 não impressiona, mas também não decepciona. É uma moto comportada, mas que transmite a impressão de atender bastante bem no uso diário e também em passeios mais longos, nos fins de semana, sem sofrer.
A posição de pilotagem é muito cômoda: quase de moto touring, com corpo apenas levemente inclinado à frente e pernas discretamente dobradas para trás. "Vesti" a moto como se já estivesse acostumado com essa Bajaj há tempos.
O banco, inclusive, é muito confortável. Comandos e botões estão em posições habituais, sem surpresas, e o painel, embora seja de LCD em tempos de TFT, é agradável de ver e fácil de consultar.
Aliás, são dois. Lá à frente do guidão vai o maior e principal, com velocímetro, conta-giros em barra, nível de combustível e consumo médio. Mais abaixo, na extremidade do tanque, um segundo, com indicador de marcha engatada, relógio e hodômetros total e parciais.Com trocadilho, dominar a Dominar 400 (bá-dum-tss!) é bem fácil. Não é uma moto tão "levinha", mas você também não sente o peso te jogando pros lados. A indiana contorna curvas fechadas ou abertas com suavidade e sem dar sustos.
Nas retas, é preciso dar gás e subir marcha para obter bons ganhos de velocidade. Pois bem: você não sente o peso da moto, mas o motor sente. O ronco é um pouco sofrido, de um monocilíndrico que parece estar fazendo força para levar a moto adiante. Mas a velocidade vem e logo se está a 100 km/h.
A embreagem é muitíssimo macia e não pede esforço em seu acionamento. O câmbio, por outro lado, poderia ser mais macio e preciso. Não incomoda, mas não tem aquele "clic-clic" justinho de alguns modelos "made in Japan".
Já as suspensões exibem comportamento honestíssimo. Mesmo nas curvas mais fechadas, nada de instabilidades ou reboladas. E os freios, que fiz questão de testar exaustivamente, com acionamento severo seguidas vezes, mantiveram sua eficácia mesmo depois de "quentes" - sem decepcionar ou impressionar.
Analisando especificamente a moto: sim, vale a pena. É um conjunto honesto por um preço idem. Ainda que os R$ 24.990 batam em R$ 26 mil para que a moto chegue emplacada na sua garagem, nunca é demais lembrar que os modelos básicos do mercado brasileiro, com 150 cm³ ou 160 cm³, raramente custam menos de R$ 20 mil, no final das contas.
Aqui você paga uns 30% a mais e leva para casa uma moto maior, mais completa, mais versátil - e, dependendo do seu gosto, mais bonita. Em resumo, no critério custo/benefício a Bajaj Dominar 400 é inquestionável. Eu curti!
Então, escolha entre as cores verde Savanna ou preta Charcoal e aposte. Como a Dominar 400 está há pouco tempo no mercado, ainda não podemos avaliar aspectos como resistência, robustez, durabilidade e certos custos de manutenção.
Você compraria a Bajaj Dominar 400? Pelo custo/benefício, a moto é bem atraente!