O caro leitor viu aqui no WM1, ontem, informações sobre a Bajaj Dominar 250, modelo que a marca indiana está prestes a lançar no mercado brasileiro. E talvez tenha ficado a pensar nos próximos passos da marca no país - onde, até pouco tempo, nem existia. Pois é, caro leitor: isso é passado. A Bajaj caminha a passos não tão largos, porém firmes, para se tornar cada vez mais relevante em nosso mercado.
Acompanhe: a Bajaj é a terceira maior fabricante de motocicletas do mundo. Tem mais de 40 empresas em seu portfólio, 36 mil funcionários e faturou US$ 4,13 bilhões no último ano fiscal. Além disso tudo, suas fábricas na Índia fazem, em média, 7 milhões de motocicletas, scooters e veículos afins por ano, e a Bajaj é líder de vendas em 17 dos cerca de 70 mercados onde está presente.
Em todos estes países, porém, a Bajaj tem representantes e/ou importadores. A única fábrica da marca fora da Índia é a brasileira, em Manaus (AM). É que, aqui, a montagem local gera isenções tributárias que tornam possível vender motos de média e baixa cilindrada no país com preços competitivos, já que se tornam "produtos nacionais".
É a mesma coisa que acontece com outras marcas - como Royal Enfield, Triumph, BMW, Ducati e até Harley-Davidson. A regra é clara: ou você monta as motos em Manaus (AM) ou não consegue ter preços minimamente viáveis.
Para a Bajaj, a decisão parece estar dando certo. A marca fechou o primeiro semestre de 2024 com 3.617 motocicletas vendidas no mercado brasileiro. E isso com apenas três modelos - as Dominar 160, 200 e 400. Esse volume representou um crescimento de incríveis 140% em relação ao do mesmo período de 2023, e de 46% na comparação com o segundo semestre do ano passado.
Claro que pouco mais de 3 mil motos ainda é um volume discreto. Uma Honda, por exemplo, vende cerca de 35 mil unidades mensais apenas da CG 160. Mas é um começo promissor para uma marca que decidiu entrar no país e crescer de forma gradual e sustentável. E é claro que, a médio e longo prazos, a Bajaj terá que ampliar sua linha de modelos no país.
Crescer de forma gradual e sustentável é uma estratégia comercial que costuma dar certo no mercado brasileiro de motos. Mas que, obrigatoriamente, precisa incluir uma rede crescente de concessionários para dar suporte aos consumidores.
É a outra regra de ouro do mercado brasileiro de motos e scootes de baixa cilindrada: além do preço acessível, é preciso ter um número considerável de concessionários e oferta minimamente razoável de peças de reposição.
Pelo menos na expansão da rede a Bajaj tem investido: se hoje tem 12 lojas, pretende chegar ao fim deste ano com o triplo. As atuais estão em Campinas (SP), Jundiaí (SP), Santo André (SP), três em São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), Taguatinga (DF), Florianópolis (SC), Salvador (BA) e Belém (PA). Estão no cronograma novos pontos em Sorocaba (SP), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Fortaleza (CE), Maceió (AL), Recife (PE), Caruaru (CE), Manaus (AM) e Marabá (PA), além de outras unidades na cidade de São Paulo.
Também com a ajuda da rede de concessionários em expansão, a Bajaj deverá fechar este ano com cerca de 12 mil motos vendidas. Se acontecer, será o triplo do ano passado. Além disso, a fábrica tem capacidade inicial instalada para fazer 25 mil motos por ano. Se chegar nisso em 2025, terá dobrado o volume de vendas.
É um crescimento progressivo forte, que nos permite pensar o seguinte: num prazo de até 10 anos - salvo imprevistos -, a Bajaj será uma das maiores vendedoras de motos do país.