A BMW atualizou a linha intermediária das suas maxitrail. Reveladas durante o Festival Interlagos - Motos em junho de 2024, a F 800 GS, a F 900 GS e a F 900 GS Adventure chegaram com novidades para a fabricante alemã se manter competitiva nesse nicho disputado do mercado de motos brasileiro.
Aqui vamos falar da mais acessível de todas, a F 800 GS no pacote mais básico. O modelo tem as versões Plus (mais equipada) e com kit baixo, esta para quem precisa de uma moto com menor altura do assento. Um esclarecimento importante: essa F 800 GS 2025 não sucede a antiga F 800 GS, que tem muitos fãs. A antiga F 800 GS equivale hoje à F 900 GS.
Essa 800 atual é sucessora da F 750 GS, e com o normal aumento da cilindrada dos motores - recurso técnico mais comum para adequação do desempenho em relação a uma nova fase mais restritiva do Promot, o programa de controle de emissões de poluentes. No início do ano que vem, entra em vigor o Promot Fase 5.
Eu sou considerado alto: tenho 1,83 m de altura. Para mim, a posição de pilotagem dessa moto é muito boa. Tanto para os braços quanto para as pernas, fiquei em uma posição natural, confortável. É um dos pontos fortes dessa moto - como "veste" bem.
A F 800 GS tem uma proposta de uso que me lembrou outra maxitrail, a Triumph Tiger 900 GT. Uma motocicleta com características da irmã mais apta ao fora de estrada, mas que foi pensada para funcionar melhor no asfalto. Na F 800 GS 2025 a proposta de uso é a mesma: uma moto que entrega uma boa experiência para pilotar por horas e horas no asfalto, sem cansar e se divertindo.
Ao subir na moto, vi o painel de TFT que é igual ao usado na R 1300 GS. Tem ótima visibilidade, conectividade com o telefone pelo aplicativo BMW e uma intermináveis opções de configurações.
No punho esquerdo, a roldana e o botão "Menu" são usados para explorar os ajustes no painel. Nos punhos, encontramos botões de rápido acesso a mudanças de modo de pilotagem (Rain e Road), para desativar o controle de tração e do aquecedor de manoplas.
Com rodas de liga leve de 19 polegadas dianteira e e de 17 polegadas - ambas com 17 cm de curso -, dessa vez eu nem dediquei tempo para avaliações fora do asfalto. A moto vai com tranquilidade fora do asfalto onde for um carro de passeio e, dependendo da habilidade do condutor, até além disso.
Mas essa GS não é a moto para ir fazer trilha com seus amigos aventureiros de fim de semana. A moto para isso é a F 900 GS.
Dito isso, rodei mais em seu habitat natural: a estrada. E fiz duas viagens. É uma moto grande, que já vem com amortecedor de direção (basta olhar o vão entre o contato da ignição - que é com chave presencial - e o painel, que o verá ali).
Tem ótima estabilidade tanto em altas velocidades quanto em mudanças de direção rápidas, em estradas sinuosas.
O manípulo de fácil ajuste da pré-carga da suspensão traseira, acessado pelo lado direito da moto, é muito prático. Experimentei os dois extremos do ajuste, e se quiser acelerar mais, vale deixar a pré-carga mais firme para somar na estabilidade.
Estradas ruins? Terra? Buracos? Gire no sentido oposto e deixe no ajuste mais macio para a pilotagem ficar mais agradável nessa condição.
Não é uma moto acessível para ter e manter. Por isso, o mínimo que a gente espera é que a experiência de pilotagem seja prazerosa. E isso acontece, de fato.
Viajando, me senti bem com a moto. Não tem como não sentir sua autoestima subir quando você consegue fazer ultrapassagens e percorrer diferentes tipos de estrada com muita tranquilidade graças ao bom acerto do conjunto.
É o "efeito BMW", que vai muito além do status do logotipo famoso na carenagem da moto, como alguns acreditam.
Os freios com ABS respondem com precisão e intensidade, especialmente o dianteiro com disco duplo. O motor não gera incômodo com a vibração ou ruídos, e permite viagens em ritmos variadas: tranquilas, se preferir, ou acelerando forte, como se o mundo fosse acabar amanhã e fazendo o coração bater mais forte.
É definitivamente uma BMW. Um detalhe que me chamou mais a atenção durante o teste foi que a moto vem equipada com um “mini para-brisa”. E, viajando na estrada, senti falta do conforto de um para-brisa mais alto.
Uma moto com esse nível de desempenho – são quase 90 cv de potência – e por quase R$ 67 mil, poderia vir com o para-brisa alto de série. Isso não é moto para ficar passeando na cidade, onde o para-brisa não faz falta. É moto para rodar pelo menos 50 quilômetros a cada saída para curtir o que é capaz de fazer.
Outro ponto que me faz não considerá-la adequada ao uso urbano é seu peso elevado (227 quilos) e suas dimensões, que comprometem a agilidade em espaços reduzidos – e quem morar em cidades congestionadas como São Paulo vai me entender.
Um garupa tem vida tranquila nessa GS. O banco é largo, a posição das pedaleiras oferece conforto e, além disso, as alças para se segurar são largas e ergonômicas. Pode rodar muito de forma segura e cômoda.
Simplesmente não dá para andar de forma natural no espaço entre os carros porque a F 800 GS é mais larga do que a maioria das motos - ainda mais equipada com os úteis protetores de mão. Essa moto é para usar no lazer, viajando, curtindo as estradas. Desempenho, conforto, tecnologia e segurança para isso ela te entrega.
Falando sobre o visual, ele lembra bastante a antecessora F 750 GS, e eu acho realmente bem bonita. O acabamento é impecável: não há o que ponderar nesse sentido. A versão mais acessível da F 800 GS tem apenas uma opção de cor, branca. Então, se desejar uma preta ou azul, terá que investir mais R$ 3 mil para adquirir uma das versões Plus.
Falando sobre o que move a GS, temos um motor bicilíndrico paralelo que me chamou atenção por ter os picos de potência e de torque nas mesmas 6.750 rpm. Normalmente, o torque máximo é entregue mais cedo que a potência.
Na pilotagem, a gente nota que tem algo diferente quando sobe as rotações do motor, mas não consegue explicar exatamente o que. Como se mudassem o tempero de um prato que você gosta de almoçar e ele não deixasse a comida nem melhor nem pior; você apenas sente que está diferente.
No período do teste, a média de consumo ficou em 18,5 km/l. O tanque com 15 litros, nessa média que foi obtida acelerando bastante, dá mais de 270 quilômetros de autonomia. Parou para descansar um pouco ou se hidratar na viagem? Reabasteça a moto.
Por último, mas não menos importante, a F 800 GS 2025 vem com alarme antifurto de fábrica, e no Brasil é instalado um rastreador para aumentar a proteção contra roubos e furtos.
A principal rival da BMW F 800 GS 2025 é a Triumph Tiger 900 GT. A inglesa é uma moto mais esportiva e mais tecnológica, mas que me parece cobrar mais habilidade do piloto para entregar tudo que é capaz.
Na BMW, a pilotagem é mais fácil. A alemã te permite andar mais rápido mesmo sem ser tão habilidoso, e isso pode ser positivo para quem ficar na dúvida entre as duas motos. A recomendação, então, é fazer o test-ride nas duas para ter clareza sobre as diferenças.
A BMW F 800 GS é indicada para quem não tem pretensão de se aventurar no fora de estrada e que busca uma moto confortável e com bom desempenho para viajar tranquilo. Ou para quem rodará no asfalto e quiser se empolgar eventualmente.
Com apenas 3 cv de potência de diferença para as F 900 GS, sem precisar da aptidão off-road, a F 800 GS já vai resolver bem a vida - e cobrando menos.
Preço: R$ 66.900
Cor: branco
Motor: bicilíndrico, a gasolina, injetado, refrigerado a líquido, 895 cm³, oito válvulas, comando duplo, potência de 87 cv a 6.750 rpm e torque de 9,3 kgf.m a 6.750 rpm
Transmissão: câmbio de seis marchas com secundária por corrente e embreagem assistida e deslizante
Suspensões: dianteira com garfo telescópico de 41 mm e 17 cm de curso, e traseira monochoque com 17 cm de curso e ajustes de pré-carga e amortecimento
Freios: a disco, com 30,5 cm na dianteira e 26,5 cm na traseira, com ABS nas duas rodas
Pneus: Bridgestone Battlax Adventure nas medidas 110/80 R19 na frente e 150/70 R17 atrás
Dimensões: 2,29 m de comprimento, 91 cm de largura, 1,23 m de altura e 1,56 m de entre-eixos. Banco a 81,5 cm do solo e 227 quilos de peso em ordem de marcha.
Tanque: 15 litros (reserva de 4 litros)
Consumo no teste: 18,5 km/l
Intervalo de revisões: a cada 10.000 quilômetros ou 12 meses (o que ocorrer primeiro)
Garantia: três anos