Muitas novidades são esperadas no mercado brasileiro de motocicletas neste ano, mas é claro que os modelos inéditos criam expectativas maiores. É o caso da Triumph Speedmaster 1200, modelo que chegará por aqui lá pelo segundo semestre - a vinda foi confirmada pela marca durante o Festival 2021, evento voltado para o público motociclista e realizado no Autódromo de Interlagos em novembro do ano passado.
É uma nova tentativa da Triumph de penetrar no segmento custom. A marca já vendeu por aqui o modelo Thunderbird V-Storm, que tinha um grande motor bicilíndrico de 1.699 cm³, 98 cv de potência a 5.250 rpm e torque de forçudos 15,9 kgf.m a ótimos 2.950 rpm. Além dela, também apostou na enorme Rocket III, então em sua primeira geração - com aquele incrível motor de três cilindros em linha longitudinal e 2.3 litros de capacidade volumétrica.
Ambas tentaram brigar com rivais de marcas como Harley-Davidson, Honda, Yamaha e Suzuki, entre outras, mas não tiveram muito êxito apesar de serem excelentes motos. A Rocket III voltou em nova encarnação no ano retrasado, com motor maior (2.5 litros!) e estilo menos clássico e mais "power custom", e encontrou seu público - pequeno, mas encontrou.
Agora é a vez da Speedmaster 1200. A Triumph disse, no evento de Interlagos, que a ideia é justamente tentar alcançar o público de motos custom no país, que anda com poucas opções nessa faixa de cilindrada média/grande - no mercado há três modelos pequenos com preços de até R$ 15.000, apenas um médio por cerca de R$ 46.000, um "buraco" exatamente nessa faixa média/grande e, daí para cima, só as Harley-Davidson, que partem de R$ 90.500. Para ser competitiva, a Triumph Speedmaster precisará ter preço atraente, ali pelos R$ 70.000, no máximo.
Isso vai ser difícil, pois na Inglaterra a moto é vendida por 12.000 libras na versão standard e 12.900 na série especial limitada Gold Line Edition - R$ 90.500 e R$ 97.300 respectivamente, em conversão direta. A que virá para o Brasil é a standard. Lá, a moto existe nas cores vermelha (minha preferida, claro!), preta e preta com branca. Inicialmente estão previstas para o Brasil apenas as duas últimas.
Se tiver preço minimamente competitivo, a Triumph Speedmaster pode ter melhor sorte que suas antecessoras. E não só por isso, mas também por não ser exatamente uma custom clássica: a moto tem essa pegada custom, mas fortes toques retrô. O que não é por acaso, já que é integrante da família de "modern classics" Bonneville.
A Speedmaster demorou para vir. Nascida na sede da Triumph em Hinckley, Leicestershire, Inglaterra, surgiu em 2002 com motor bicilíndrico de 790 cm³. O propulsor cresceu para 865 cm³ em 2005 (aquele mesmo das Bonneville T100 vendidas no Brasil), ganhou injeção eletrônica somente em 2008 e cresceu de novo, para 1.200 cm³, em 2018 - que permanece até hoje.
Esse motor é o mesmo de outros modelos Triumph da linha Bonneville que já são vendidos por aqui, o que vai facilitar o pós-venda. Continua bicilíndrico e tem 1.200 cm³, comando simples no cabeçote, refrigeração líquida, 78 cv de potência a 6.000 rpm e o bom torque de 10,8 kgf.m a 4.000 rpm.
Mas a Triumph Speedmaster tem muitas particularidades. A começar pelo estilo com o tal toque custom - é mais baixa e comprida que as Bonneville tradicionais, e também tem guidom um pouco mais alto. Além disso, tem pneus gorduchos (150/90 R16 na frente e 150/80 R16 atrás), dois escapes com ponteiras retas, rodas raiadas, tanque em forma de gota, para-lamas curtos e bancos do piloto e do garupa separados e com alturas diferentes.
Outras especificações importantes da moto são o câmbio de seis marchas com embreagem assistida e secundária por corrente, a suspensão dianteira com garfos japoneses Showa, a traseira monochoque RSU com ajuste de pré-carga, e os freios com disco duplo Brembo na frente e simples Nissin atrás - com ABS, naturalmente.
Com 2,42 metros de comprimento, 91 cm de largura, 1,05 m de altura e 1,50 m de entre-eixos, a Speedmaster também tem banco do piloto a 70,5 cm do solo e 263 quilos de peso seco. O tanque só leva 12 litros de combustível, o que proporciona uma autonomia relativamente pequena - cerca de 260 quilômetros com o consumo médio prometido de 21,7km/l - com gasolina europeia. Por outro lado, os intervalos de manutenção são bem extensos - a cada 16 mil quilômetros.
Alguns quitutes presentes na moto - assim como em outras Triumph - são a iluminação full-LED com luz de rodagem diurna (DRL), o controle de tração, os dois modos de pilotagem (road e rain), o acelerador eletrônico (sem cabos), o controle automático de velocidade e o imobilizador eletrônico. O painel, por sua vez, é composto por um único mostrador, mais simples do que a moto merece: tem velocímetro analógico, um display digital com as informações básicas e quatro luzes-espia fora do mostrador.
Por fim, mas não menos importante, provavelmente a Triumph venderá aqui, em suas concessionárias, parte da imensa lista de acessórios que existe para a Speedmaster. Há desde guidom mais alto a para-brisa, passando por encosto de garupa, alforges, faróis auxiliares, bagageiros tipo grelha e pedaleiras plataforma, entre outros itens. Nem todos ficam bacanas mas, se souber equipar, a moto ganha ainda mais charme.