Em abril último revelamos aqui que a Ducati DesertX estava a caminho do mercado brasileiro e que chegaria por aqui no segundo semestre deste ano. Batemos na trave: a moto já está no país e, apesar de não termos uma confirmação oficial, deverá ser apresentada oficialmente no Festival Interlagos, que acontece esta semana no famoso autódromo de São Paulo, entre quinta e domingo.
Mostramos a moto em primeira mão lá em dezembro de 2021. É uma big trail raiz, que impressiona pelo design e pelas especificações técnicas de altíssimo nível. Exibida como protótipo nos dois anos anteriores, virou moto de produção devido à excelente receptividade que teve de imediato.
O design à moda das melhores big trails dos anos 90, com frente ovalada, dois faróis redondos e tanque grande, encanta à primeira vista. Lembra o visual de modelos lendários, como Yamaha XTZ 750 Super Ténére ou Cagiva Explorer 900.
A moto tem luzes de rodagem diurnas (DRLs) com pequenos intervalos no contorno dos faróis com LEDs, a inteligente opção de pintura predominante branca com grafismos vermelhos - que a das motos dos anos 90 -, corpo esguio, para-brisa quase reto, banco em curva, pedaleiras largas para uma tranquila pilotagem em pé, e abas que abraçam o tanque.
Não há tampas laterais e, na rabeta, apenas o acabamento necessário, uma alça de segurança e a lanterna de LED embutida sob o banco. O tanque de combustível leva 21 litros. Mas opcionalmente a moto pode ter um segundo tanque, na parte traseira, para mais oito litros. Gostamos!
E com suas especificações, promete ser capaz de realizar aventuras que muitas das big trails atuais, mais "big" do "trails", talvez não consigam realizar. Viagens no asfalto serão como um passeio no parque, e estradas menos convidativas, com dunas, montanhas, desertos, vales e afins também podrão entrar no roteiro.
O motor é o mesmo dos modelos Monster e Multistrada V2 S: o bicilíndrico em V Testastretta de 937cm³ e refrigeração líquida, que rende 110 cv a 9.250 rpm e torque de 9,3 kgf.m a 6.500 rpm. Ótimos números para uma moto que tem quadro de treliça em aço, 202 quilos de peso a seco e capacidade de carga de 240 quilos.
A transmissão secundária é por corrente e o câmbio de seis marchas teve as relações encurtadas, especialmente na primeira e na segunda. O objetivo foi facilitar a condução em baixa velocidade em certas condições específicas no off-road. A sexta, porém, é longa, para proporcionar conforto e baixa vibração no uso em estradas.
As suspensões são da Kayaba: garfos dianteiros com 23 cm de curso e ajustáveis na compressão, na extensão e na pré-carga. Atrás, é monochoque com 22 cm de curso e apoiado na balança de alumínio. Juntas, proporcionam uma distância mínima do solo de 25 cm. Mas o banco está a 87,5 cm de altura do solo, o que vai dificultar a vida de pilotos de baixa estatura.
Já as rodas têm aros de 21 polegadas na frente e de 18 polegadas atrás e, apesar de raiadas, usam pneus Pirelli Scorpion Rally STR sem câmara. As medidas são 90/90 R21 e 150/70 R18. Os freios, por sua vez, são da Brembo. Na frente, disco duplo e pinças radiais M50 monobloco com quatro pistões. Atrás, disco simples com pinça flutuante de dois pistões.
O painel é uma tela de TFT de cinco polegadas que mais parece um tablet vertical. É rico em informações e pode ser conectado ao smartphone pelo Ducati Multimedia System, o que permite ao piloto ativar funções como música, chamadas e navegação por GPS.
O piloto escolhe entre dois modos de pilotagem: standard ou rally. O primeiro fornece informações para estrada: conta-giros e o velocímetro são mais visíveis, bem como a marcha engatada e o nível de combustível.
Já o modo rally simula o funcionamento do trip master usado nas motos de rali e permite ajustar manualmente a indicação do hodômetro com o uso dos botões do punho esquerdo.
A lanterna tem o Ducati Brake Light, nome pomposo para o dispositivo que, em caso de frenagem súbita, acende automaticamente a luz de freio traseira para alertar os veículos que vêm atrás. Enfim, é apenas uma luz de freio "de emergência".
Na parte eletrônica, a DesertX tem seis modos de pilotagem - sport, touring (potência reduzida para 95 cv), urban (75 cv), wet (75 cv), e rally e enduro (ambos com 110 cv). Os modos de pilotagem enduro e rally são novos. O enduro permite ao condutor enfrentar estradas de terra difíceis com segurança, e facilita a vida dos pilotos menos experientes. Já o modo rally despeja toda a potência do motor e reduz a interferência dos controles eletrônicos - ou seja, este é para pilotos experientes.
Estes modos se combinam com quatro "power modes": full, para as respostas mais rápidas; high, para acelerações um pouco mais suaves; medium, para respostas rápidas mas como menor potência total; e low, para suavidade também com menor potência. Na prática, alteram o mapa de entrega da força do motor.
Tudo é monitorado por Unidade de Medição Inercial (IMU) de seis eixos, que controla o freio-motor (que tem quatro ajustes), os controle de tração (oito ajustes) e anti-empinamento (quatro ajustes), o quickshifter e o ABS atuante em curvas (três ajustes ou desligado).
Segundo a Ducati, os intervalos de manutenção da DesertX são a cada 15.000 quilômetros ou 24 meses, com a verificação da folga das válvulas a cada 30.000 km. Não há informações sobre preço, e para isso é preciso saber se a Ducat vai posicioná-la logo acima ou logo abaixo da Multisyrada V2 S, que custa R$ 99 mil. Apostamos em algo na casa dos R$ 90 mil, se for logo abaixo, ou R$ 110 mil, se for logo acima.