Pouca gente se lembra, mas a fabricante de motocicletas indiana Bajaj já esteve no Brasil. Foi lá em meados dos anos 90, quando alguns lotes da motoneta Classic, uma réplica da Vespa italiana, foi vendida aqui por um importador - o Grupo Ava, que na época representava a Kawasaki e também trouxe alguns modelos da taiwanesa Kymco.
Agora, porém, a Bajaj anunciou que está de volta ao país - e desta vez vem oficialmente, com uma subsidiária nacional, e cheia de ambições. A marca pretende se estabelecer de forma sólida e, inclusive, deverá ter linha de montagem por aqui. A "fábrica" será, muito provavelmente, em no Polo Industrial de Manaus (PIM/AM), para dispor das isenções tributárias do local.
O planejamento começou em 2020. A marca ainda não divulgou o cronograma das operações e nem os modelos que pretende vender por aqui, mas um primeiro post no Instagram "bajajdobrasil" mostra, meio que disfarçadamente, a Dominar 400, uma naked com pegada adventure e moto de média cilindrada.
A Dominar é, de fato um dos modelos mais interessantes da atual linha da Bajaj, e tem a ver com o gosto do comprador brasileiro. Tem para-brisa, protetores de mão e de motor, suspensão dianteira invertida, embreagem deslizante, painel de LCD, freios ABS e iluminação com LEDs. O motor é monocilíndrico de 373 cm³, refrigerado a água, e rende 40 cv de potência máxima a 8.800 rpm e 3,6 kgf.m de torque a 6.500 giros. Mas o portfolio da Bajaj é muito maior.
São candidatas ao mercado brasileiro não só a Dominar 400 como também sua irmã menor Dominar 250 e os sete modelos da linha Pulsar (com motores de 250 cm³, 200 cm³, 160 cm³, 150 cm³ e 125 cm³). Aliás, tanto a Dominar 400 quanto a Pulsar N250, uma naked que lembra alguns modelos Yamaha vendidos na Europa, já foram inclusive registradas no Brasil. A marca ainda tem em seu lineup as custom Avenger 200 Cruise e 160 Street, e as urbanas Platina 110 e 100, e CT 110X - mas estas têm poucas chances de virem pra cá: não se encaixam muito no gosto do comprador brasileiro ou têm aspecto ultrapassado.
Além das motos, a Bajaj também vende na Índia uma extensa linha de triciclos, os chamados "tuc-tucs" - o nome original é "rickshaw", que depois virou "riquixá motorizado". Esses veículos são um negócio bastante rentável por lá. Seria invencionice - ou uma aposta bem arriscada - vendê-los por aqui, mas não deixaria de ser divertido ver um "tuc-tuc" passando pela Avenida Paulista ou pela praia de Copacabana.
Nota do autor: alguns anos atrás eu tive a oportunidade de pilotar um "tuc-tuc" na Índia. Foi estranhíssimo, mas muito divertido!
Em termos gerais, a Bajaj é uma empresa gigantesca. É uma das três maiores fabricantes do setor na Índia e no mundo (3,6 milhões de unidades produzidas em 2021), a quarta em vendas internas (atrás de Hero, Honda e TVS) e a maior exportadora de motos daquele país: envia para fora metade do que produz e, desse volume, cerca de 15% vão para vários países da América Latina, especialmente Argentina, Colômbia e Equador. Por fim, ainda tem parcerias para fabricar localmente motos de marcas "premium", como KTM e Triumph.
A empresa foi fundada há 77 anos por Jamnalal Bajaj, no Rajastão, e atualmente sua sede fica na cidade de Pune, no estado de Maharashtra. Tudo começou com uma fábrica de açúcar, mas com o tempo o Bajaj Group foi diversificando suas atividades e entrou em várias áreas, como a de motocicletas. Agora, a marca quer abiscoitar um pedaço do mercado brasileiro. A conferir.