Esqueça todas as motocicletas Royal Enfield que você já conheceu. E, também, tudo o que se acostumou a ver nos modelos da marca - como o visual que sempre tem pegada clássica ou retrô, o acabamento por vezes simples e uma certa falta de tecnologia.
O novo modelo da marca anglo-indiana, a Guerrilla 450, é uma virada de chave na história da Royal Enfield. Uma Royal Enfield como você nunca viu. É completamente diferente de Meteor 350, Classic 350 ou 500, Hunter 350, Interceptor 650, Continental GT 650 ou 500 e Himalayan 411.
Na prática, aproxima-se apenas da Himalayan 450, modelo lançado na Índia no final do ano passado e que deverá chegar ao Brasil ainda este ano. É que as duas foram desenvolvidas quase ao mesmo tempo, em paralelo, e por isso compartilham vários componentes.
Caso, principalmente, do chassi e do motor. O chassi não tem berço duplo inferior e usa o motor como parte de sua estrutura - receita já amplamente vista em motos japonesas, por exemplo, mas não nas Royal Enfield. Isso ajuda a reduzir o peso e, com isso, incrementa a agilidade e a maneabilidade de uma moto.
O motor é o mesmo da Himalayan 450. É monocilíndrico, injetado, refrigerado a água, com comando de válvulas duplo e quatro válvulas. Entrega, na Guerrilla 450, 40 cv de potência e 4 kgf.m de torque. É um mundo de diferença em relação ao motor usado na Himalayan 411, que é refrigerado a ar e rende modestos 24,5 cv e 3,2 kgf.m.
Apesar de usar chassi e motor iguais aos da irmã quase gêmea Himalayan 450, a Guerrilla também tem importantes diferenças em relação à trail.
A Guerrilla 450 tem 2,09 m de comprimento, 83,3 cm de largura, 1,12 m de altura, 1,44 m de entre-eixos, banco a 78 cm de distância do solo, 16,9 cm de vão livre, 174 quilos de peso a seco e 185 quilos de peso em ordem de marcha.
A Hima 450, por sua vez, tem 2,24 m de comprimento, 85,2 m de largura, 1,31 m de altura, 1,51 m de entre-eixos, banco a 82,5 cm do solo, 23 cm de vão livre, 181 quilos de peso a seco e 196 quilos de peso em ordem de marcha.
Ou seja, a Guerrilla 450 é mais curta, mais estreita, mais baixa e tem entre-eixos menor que o da Himalayan 450. Além disso, tem banco mais baixo e é mais leve. Só "perde" na distância livre do solo, que ainda assim é boa, embora não tão grande quanto na trail - onde, óbvio, isso é mais importante.
Rodas e pneus também são diferentes em relação aos conjuntos usados na Hima 450. A trail usa aros de 21 polegadas na frente e de 17 polegadas atrás, enquanto a nova Guerrilla 450 roda com 17 polegadas tanto na frente quanto atrás - os pneus têm medidas 120/70 e 160/60, respectivamente, que curiosamente são de uso misto, e não on-road.
Os freios são a disco nas duas rodas, com ABS, e o câmbio tem seis marchas com embreagem assistida e deslizante, como na irmã. Já as suspensões têm bengalas convencionais na frente e um belíssimo monochoque ajustável atrás.
O resultado disso tudo é uma moto compacta e, principalmente, leve - algo pouco comum nas motos da Royal Enfield. Não é errado afirmar que a Guerrilla 450 é o modelo mais moderno e refinado já feito pela Royal Enfield!
Como se isso não bastasse, a Guerrilla 450 também é uma Royal Enfield "diferentona". A começar pelo nome - "guerrilha", em português. Além disso, enquanto as outras motos da marca são custom, clássicas, trails ou - no caso da Hunter 350 - uma naked de baixa cilindrada com certa pegada retrô, a Guerrilla 450 já é uma naked de média cilindrada com visual moderno e sem qualquer resquício vintage.
Exibe o típico visual de uma naked - ou roadster, como a marca a classifica -, com farol redondo, guidão bem tradicional, rodas de liga leve e banco em dois andares, mas que acompanha o desenho do tanque.
Aliás, o tanque tem desenho muito particular: é um tanto achatado na parte de cima e alargado nas laterais, característica que dá à moto um interessante aspecto musculoso - algo reforçado pelas sanfonas de proteção nas bengalas da suspensão dianteira
A Guerrilla 450 ainda tem rodas de liga leve, para-lama dianteiro rente ao pneu e traseiro bem distanciado, rabeta curta e arrebitada, tampas laterais meio estranhas devido ao desenho assimétrico e tamanho enxuto, escape curto e gordinho, e iluminação full-LED - detalhe que, atrás, não há lanterna centralizada: a função é embutida nos piscas, que por sua vez estão instalados no início do suporte de placa bem destacado.
O painel de instrumento é um caso à parte: as versões de entrada usam o conhecido painel analógico que já vemos nos outros modelos da marca e o navegador Tripper vem separado (opcional, lá na Índia). Mas as versões topo de linha recebem um belíssimo painel de TFT, redondo e com função Tripper incorporada, diferente do usado em todas as outras motos da marca.
Já percebeu que essa Royal Enfield é diferente de todas as outras, certo? Pois vamos além: as cores escolhidas para a primeira linha são um tanto exóticas. Até mais do que as usadas nas Himalayan 411 e 450 e na Scram 411, e nada que lembre os tons relativamente discretos das custom e clássicas da marca.
São combinações como tanque preto e amarelo com pintas roxas ou tanque preto com faixas amarela e vermelha ou, ainda, vermelho com dourado ou branco com partes em azul "escorrido". Tudo muito colorido! Bem, eu não curti tanto, e para quem também não gosta desse tipo de pintura há uma opção toda na cor prata. A "discretona" da linha.
Aliás, a moto foi lançada em três versões - Analogue (cores prata full ou preta com vermelho e amarelo), Dash (preta com vermelho e amarelo e vermelho com dourado) e Flash (preta com amarelo e roxo ou branca com azul).
Os preços na Índia, primeiro país onde a moto será vendida, são os seguintes:
Na Inglaterra, primeiro país da Europa a receber a nova linha Guerrilla 450, os preços serão os seguintes:
Mas são os preços praticados na Índia que servem para estimarmos os futuros valores que serão praticados no Brasil. Na conversão direta, ficariam dessa maneira:
Tomando como base esses valores de conversão direta, podemos fazer um exercício de futurologia. Uma Royal Enfield Hunter 350 custa, na Índia, o equivalente a R$ 9.948. Aqui no Brasil, parte de R$ 19.990 - praticamente o dobro. Já a Scram 411 custa R$ 13.698 lá e R$ R$ 24.490 aqui, ou quase a mesma proporção.
Sendo assim, podemos estimar que, se a Guerrilla 450 chegasse ao mercado brasileiro hoje, provavelmente seus preços ficariam na faixa dos R$ 28 mil a R$ 30 mil.
E quando a Guerrilla 450 chegará por aqui? Bem, a Royal Enfield não revelou. Mas levando em conta que normalmente as motos da marca chegam ao Brasil entre oito meses e um ano depois de serem lançadas na Índia (e, depois, mercados asiáticos, Europa e Estados Unidos, nessa sequência), e ainda temos Shotgun 650 e Himalayan 450 na "fila", podemos esperar a Guerrilla 450 aqui lá pelo segundo semestre de 2025.
Quer saber como é pilotar a Royal Enfield Guerrilla 450? Pois já tivemos essa experiência em um test-ride de 130 quilômetros e contaremos aqui em breve!