Harley-Davidson Low Rider S: reencontro com a fera

Neste review, uma semana de convivência e emoções com a mais barata das Harley-Davidson vendidas no Brasil atualmente

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Roberto Dutra
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A primeira vez em que andei com a Harley-Davidson Low Rider S foi no final de 2019, quando do lançamento da moto em San Diego, na Califórnia. Foi uma experiência divertida e a moto impressionou.

Mas sempre é importante lembrarmos que experimentações em lançamentos são um tanto controladas e os roteiros, pensados para o uso mais favorável e cômodo da moto. Era preciso, então, uma segunda chance - e a moto veio para usarmos no dia a dia do mundo real, como faz a maioria dos compradores (ou candidatos a) da moto.

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Aproveitamos o ensejo, também, para experimentar a moto que agora ocupa o posto de mais barata da linha Harley-Davidson no Brasil. Mais barata não quer dizer exatamente acessível: o preço de R$ 90.500 é para poucos. Então,  aqui vamos responder à pergunta mais importante: será que essa moto vale isso tudo? Sigamos...

Thumbnail 2. Harley Davidson Low Rider S
Boa nas retas e nas curvas, a Low Rider S exibe muita agilidade e entrega a adrenalina que promete
Crédito: Divulgação
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A origem do nome

A Harley-Davidson já teve uma Low Rider em suas fileiras. Mas era da família Dyna, com outro chassi e motor - o Twin Cam 96, de 1.584 cm³. A moto era bonitinha, mas nunca foi uma best-seller. No Brasil, passou quase em branco.

O tempo passou, a linha Dyna foi extinta e o nome ressurgiu em um novo modelo da família Softail, que sempre foi um degrau acima da Dyna. Neste modelo atual, bota superior nisso. Estamos em uma moto muito mais bonita e moderna. E o sobrenome "S", de sport, está ali para lembrar que a pegada aqui é outra. Nada de contemplação: aqui, é cabo enrolado.

Esta Harley-Davidson Low Rider S tem o mesmo conjunto com chassi leve e rígido e a mesma suspensão traseira monochoque de best-sellers como Fat Boy ou Heritage Classic, entre outras. Mas, ao contrário destas, o estilo é jovem, despojado e meio "malvado", remete às motos usadas na série “Sons of Anarchy”, sobre uma gangue de motoqueiros, que fez sucesso uns anos atrás.

Na lateral direita, os escapes com protetores de calor na cor preta fosca reforçam o visual malvadão da Low Rider S
Crédito: Roberto Dutra
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É moto para atrair um público mais jovem, que não compra os modelos mais clássicos da marca. Para isso, tem guidom baixo e estreito, para-lama dianteiro curtinho, para-lama traseiro bem arredondado com lanterna protuberante (e bem vulnerável a choques), escapes com protetores de calor em preto fosco e moldura de farol - que, na parte interna, exibe um acabamento plástico que poderia ser mais caprichado.

Nossa Low Rider S ainda tem uma linda pintura preta com o nome “Harley-Davidson” pintado no tanque em letras douradas e vazadas, e detalhes na mesma cor também nas belas rodas de liga leve e na tampa do filtro. A outra opção à venda no Brasil tem com cor predominante vermelha bem escura, com os mesmos acabamentos dourados. Uma lindeza!

O painel com dois relógios sobre o tanque é receita antiga - e a pouca visibilidade das luzes-espia sob luz forte
Crédito: Roberto Dutra
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Outro sintoma de que estamos em uma Low Rider anos-luz à frente da antiga é a iluminação toda em LEDs. Mas o painel nos faz voltar no tempo: já vimos antes o conjunto com dois mostradores posicionados sobre o tanque, e as luzes-espia são invisíveis sob sol forte. Por fim, vale lembrar que pedaleiras e banco do garupa não são itens de série nessa moto "egoísta".

Com 16 kgf.m de torque e cerca de 90 cv de potência, o motor está cheio o tempo todo
Crédito: Roberto Dutra
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Pau na máquina!

O motor é o Milwaukee-Eight 114. Tem dois cilindros em V, 1.868 cm³, forçudos 16 kgf.m de torque e cerca de 90 cv de potência (a Harley-Davidson não divulga as potências dos motores). Tudo gerenciado por um câmbio de seis marchas, com secundária por correia como manda o clássico figurino H-D.

Primeira, segunda, terceira, quarta, quinta. Até na sexta marcha a Low Rider S entrega muita força e mostra torque de sobra. As trocas de marcha em pistas livres são praticamente desnecessárias, e só acontecem nas reduções de velocidade muito severas. As respostas ao acelerador são imediatas, e o motor está cheio o tempo todo. Uma diversão!

Fornecida pela Showa e invertida, a suspensão dianteira garante muita segurança nas mudanças de trajetória
Crédito: Roberto Dutra
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Apesar de ser uma custom, a Low Rider S também surpreende nos trechos sinuosos. Apoiada em ótimas suspensões dianteiras invertidas fornecidas pela japonesa Showa, a moto ataca as curvas sem dar sustos.

Um dos segredos está no ângulo de cáster de 28° (ou seja, a frente é mais "em pé" que em algumas outras Harley) e no entre-eixos proporcionalmente curto, de 1,61 m para os 2,33 m de comprimento. Assim, podemos inclinar bastante - e o que é melhor, sem arrastar pedaleiras o tempo todo, como acontece com outras H-Ds.

O guidom estreito pede apenas pequenos esterços para promover amplas mudanças de trajetória, e aí temos uma agilidade semelhante à que víamos na bem menor e mais leve Sportster Iron 883 (que já saiu de linha). A boa maneabilidade também é sentida no trânsito urbano, mas eventualmente a Low Rider S fica presa nos congestionamentos - não existe milagre. Por fim, vale destacar a excelente frenagem da moto em quaisquer circunstâncias.

O banco é satisfatório, pois o piloto não escorrega. Mas a posição de pilotagem não é tão cômoda
Crédito: Roberto Dutra
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O conforto é limitado

Mas nada é perfeito e a Low Rider S está longe disso. Embora tenha mais aspectos positivos do que negativos, estes estão lá na forma de uma posição de pilotagem pouco confortável - o banco é até satisfatório e o piloto não escorrega nele, mas o guidom lá na frente não conversa com as pedaleiras recuadas.

Ou seja, temos aqui mais uma Harley-Davidson que - principalmente para pilotos de baixa estatura - exigirá um guidom "meio-seca" ou comandos avançados para oferecer uma posição de pilotagem realmente agradável.

Na configuração original, a Low Rider S se torna adequada apenas a tiros curtos e médios - ainda mais com a adrenalina que proporciona. Outro ponto a melhorar: é preciso desviar a atenção da estrada para consultar o painel de instrumentos, que está bem abaixo da linha dos olhos.

Como o farol e os piscas, a lanterna traseira também é com LEDs - mas fica bem exposta a choques
Crédito: Roberto Dutra
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Vale a compra?

Depende. A Low Rider S é uma moto para uso bastante específico. Se o caro leitor busca um modelo com "pegada", criada para passeios e viagens solo com muita adrenalina e estilo "malvadão", esta é a moto certa - ainda que o preço esteja fora da curva, como acontece com todas as Harley-Davidson no Brasil na linha 2021. Mas se a ideia é viajar calmamente com garupa e bagagem, melhor pesquisar outras opções.

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