Honda CBX 1050: uma lenda rara e ainda cobiçada

Primeira moto do mundo com motor de seis cilindros em linha teve vida de estrela do rock: curta, mas com muita fama!

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Roberto Dutra
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Dias desses o Tite Simões, um dos mais respeitados jornalistas especializados em motocicletas do Brasil, postou em suas redes sociais uma foto de uma Honda CBX 1050 que viu estacionada em uma rua em São Paulo. Uma moto qualquer, por mais bonita que fosse, não chamaria a atenção dele. Mas a CBX é sempre um regalo para os olhos - e não só por ser linda, mas por ter marcado época e ter uma história muito peculiar.

Honda Cbx 1.050 13
A Honda CBX 1050 nasceu em 1978 e deixou de ser produzida em 1982. Durou pouco, mas marcou época
Crédito: Reprodução da internet
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A CBX 1050 - ou CBX 1.000, como foi chamada em alguns países - nasceu em 1978 como linha 1979. A ideia da Honda era fazer a mais rápida e veloz moto de produção seriada do mundo. Para isso, não economizou nos cilindros: com o engenheiro Soichiro Irimajiri à frente, a marca criou um motor com seis em linha - e assim surgia a primeira moto do mundo com essa configuração de motor.

Atrás, características típicas da época: rabeta com carenagem arrebitada e lanterna retangular
Crédito: Reprodução da internet
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A CBX 1050 veio da mesma família que, anos antes, teve as famosas "CB Four" (350, 360, 400, 550, 750...). Mas, com dois cilindros e mais, ganhou o "X" no nome.

Cada cilindro tinha 64,5 mm de diâmetro e 53,4 mm de curso. Com taxa de compressão de 9,3:1, rendia 105 cv de potência a 9.500 rpm e torque de 8,6 kgf.m a 8.000 rpm - números que hoje podem não parecer grande coisa, mas naquela época eram impressionantes e levavam a moto de 275 quilos em ordem de marcha à então incrível velocidade máxima de 215 km/h (algumas publicações apontavam 220 km/h).

As primeiras CBX 1050 tinham suspensão traseira bichoque. Depois veio o monochoque com pro-link
Crédito: Reprodução da internet
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Tão encantador quanto o motor, em si, era o ronco que ele produzia: encorpado e grave em baixos giros, porém mais agudo e histérico em alta, podia ser comparado ao emitido pelos carros de Fórmula Um da época (que tinham motor com 12 cilindros!).

O seis-em-linha da CBX 1050 tinha comando de válvulas duplo no cabeçote (DOHC) e 24 válvulas. Em funcionamento, era uma espécie de concerto de orquestra sinfônica. Mas quando perdia a regulagem, era um sofrimento: imagine equalizar seis carburadores Keihin de 28 mm - com suas boias, estiletes, giclês etc...

O moto de seis cilindros em linha: 105 cv de potência a 9.500 rpm e torque de 8,6 kgf.m a 8.000 rpm
Crédito: Reprodução da internet
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No projeto, inédito, peças periféricas, como alternador e ignição, foram posicionadas atrás da fileira de cilindros, o que melhorava muito a concentração de pesos e massas. De resto, a moto era relativamente tradicional. Tinha suspensões dianteiras com garfos telescópicos, traseira bichoque, freios com discos sólidos (dois na frente e um atrás) e guidom baixo. Mas o chassi tubular em aço já era do tipo diamante, integrava o motor à estrutura e eliminava as barras inferiores do tipo berço duplo.

A frente entrega o design típico dos anos 80: farolzão redondo e piscas idem com lentes laranjas
Crédito: Reprodução da internet
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O design era típico da época, com todo seu charme e "quadradice". Farolzão redondo, piscas idem com lentes alaranjadas, lanterna retangular grande e banco "bolo de noiva". E o painel era outra coisa linda: dois relógios analógicos de mesmo tamanho, lado a lado - velocímetro/hodômetros e conta-giros -, um terceiro reloginho menor logo abaixo, com o voltímetro, e as luzes-espia espalhadas em seu entorno, com pequenas lentes coloridas.

O painel da CBX 1050: dois relógios simétricos, um menor embaixo e luzes-espia com lentes próprias
Crédito: Reprodução da internet
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Em 1980, a CBX 1050 ganhou uma versão com carenagem e bolsas laterais, com uma pegada mais "touring". O motor foi amansado para 98 cv, para torná-la mais dócil. Porém, naquele mesmo ano, a moto começava a "sair de moda". Surgia a primeira CB 900F, que tinha potência quase igual - 95 cv a 9.000 rpm -, entrega de torque mais progressiva, (entre 4.000 rpm e 7.000 rpm) e ainda por cima era mais barata.

Em 1981, mais algumas modernizações: vincos no tanque, tampas laterais maiores, suspensão traseira monochoque pro-link, rodas pintados na cor preta, suspensão com ajuste a ar e freios com discos ventilados na dianteira e cáliper de dois pistões na traseira.

Uma Honda CBX 1050  toda original desfila no gramado: moto é valorizada até os dias de hoje
Crédito: Reprodução da internet
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A CBX 1050 ainda resistiu até 1982, quando finalmente saiu de linha para ser lembrada como uma das motos mais interessantes da história. Tanto que até hoje é muito cobiçada: no Brasil, por exemplo, para onde vieram poucas unidades devido às restrições às importações vigentes na época, é raro vermos uma como aconteceu com o colega Tite Simões.

Mas as CBX 1050 existem por aqui - tanto que no estoque Webmotors existem três anunciadas.  Em tempo: as imagens que ilustram essa matéria - exceto e última, logo acima - são de uma CBX 1050 que faz parte do acervo do MC Collection, museu de motocicletas que fica em Estocolmo, na Suécia.

Confira no vídeo o incrível ronco emitido pelo motor de seis cilindros em linha da CBX 1050:

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