Que a Honda CG é a moto mais vendida do mercado brasileiro, todo mundo sabe. Só este ano foram emplacadas mais de 367 mil unidades nos 10 primeiros meses, média superior a 36,7 mil por mês.
Esse cenário é assim desde os tempos em que a CG era 125. Continuou com a CG 150 e se manteve com a CG 160 - o motor maiorzinho estreou primeiro na irmã trail NXR 160 Bros, em 2014, e foi adotado na CG no ano seguinte, 2015.
Agora, na linha 2025 lançada neste final de segundo semestre de 2024, o motor continua o mesmo. Mas a moto tem novidades interessantes que reforçam sua importância, eficiência e - principalmente - seu custo/benefício. Sim, custo/benefício, porque é um modelo que realmente entrega muito.
Mas, aqui, vale uma ressalva: o bom custo/benefício depende do preço cobrado nas concessionárias. Na "tabela" (preço público sugerido pela fábrica), a CG 160 tem os seguintes valores:
O que temos visto com frequência, principalmente nas lojas - a Honda fez vários lançamentos importantes ao longo deste ano -, são preços bem acima dos sugeridos. E que, por vezes, são surreais.
Não dá pra pagar R$ 25 mil em uma CG 160, mesmo que seja a topo de linha Titan. Da mesma forma, é inviável pagar R$ 28 mil em uma CB 300F Twister ou R$ 35 mil em uma XRE 300 Sahara, por exemplo.
Nestes casos, a gritaria da galera antenada nas redes sociais tem toda razão. Ainda que os preços públicos sugeridos sejam apenas isso, sugeridos, e que as revendas não tenham qualquer obrigação real de segui-los - e ainda que o mercado seja regulado por oferta e procura - é preciso ter bom senso.
Então, antes de seguir adiante, nosso conselho é: não pague sobrepreço excessivo ou ágio. Quer comprar, foi na concessionária e a moto está cara demais? Não compre. Espere, porque em alguns meses isso vai passar. É assim que funciona. Não pode esperar? Vá para a concorrência.
Vamos por partes.
A topo de linha CG 160 Titan é a mais completa: é flex, tem rodas de liga leve, painel blackout, design atualizado com tanque sob capa de plástico, tomadinha USB de série, a parte debaixo do motor pintada na cor preta, adesivos caprichados, farol e lanterna de LED e freio dianteiro com ABS.
Já a intermediária Fan não tem tomadinha USB, motor full-colour, adesivos tão bacanas e, principalmente, ABS dianteiro - é o sistema combinado CBS nas duas rodas.
A versão de entrada Start, por sua vez, mantém as rodas de liga leve, mas não tem visual atualizado, mantém a iluminação convencional e não é flex. E a Cargo, destinada a frotistas, não entra na nossa pauta aqui.
Pelo conjunto que oferece e mais o desempenho digno - do qual falarei adiante - a Titan justifica seu preço. É bonita, robusta, bem-sucedida e completa. É indicada para quem curte tudo isso e precisa de um modelo para mobilidade urbana e passeios.
Já a Fan custa R$ 1.507 a menos que a Titan. Se você não faz questão de visual bacana, ABS e tomadinha USB, vá nela. É uma "Titan mais racional", sem tantos quitutes, porém mais em conta. Eu não dispensaria o ABS, que faz enorme diferença. Mas cada um com suas preferências.
Entendo que essa diferença de R$ 1.507 é relativamente alta em uma moto de pouco menos de R$ 20 mil, mas compensa pelo conjunto vistoso e pela segurança. Em uma compra financiada, então, esse valor fica bem diluído.
A Start, por fim, é realmente muito mais barata - custa R$ 1.529 a menos que a Fan e significativos R$ 3.036 a menos que a Titan. Desta forma, é a melhor opção para quem vai comprar a moto só para trabalhar, ou ralar o dia inteiro. Ainda mais agora, na linha 2025, quando abandonou de vez o pouco eficiente freio dianteiro a tambor.
A Start é a opção lógica e racional para quem leva em conta o preço mais baixo, mas que ainda levará para casa uma moto pau-para-toda-obra.
Na semana passada participei do Concurso Moto do Ano da Revista Duas Rodas. Lá, pilotei mais de 45 motos em dois dias, de todos os tamanhos, estilos e segmentos. Quatro motos me chamaram a atenção, especialmente: BMW R12, Suzuki GSX-8S, Zontes GK 350 e... Honda CG 160 Titan.
Sobre BMW R12, Suzuki GSX-8S e Zontes GK 350, falaremos em outras oportunidades. Vamos à CG 160 Titan.
Sabe por que a CG 160 Titan foi uma delas? Porque as voltas que dei com a moto na pista foram surpreendentemente rápidas, divertidas e seguras.
O atual motor de 160 cm³ trabalha forte, cheio e liso, sem gritar ou vibrar demais. Seus 14,4 cv de potência a 8.000 rpm e 1,4 kgf.m de torque a 6.750 rpm com gasolina são mais que suficientes para proporcionar uma performance digna, sem lerdeza, e além disso a moto exibe uma ciclística melhor que as de todas as outras motos do segmento.
Quer mais? A CG ainda oferece nível de conforto bem satisfatório, frenagens muito seguras com o ABS dianteiro e faz curvas grudada no chão.
Aqui vale lembrar que a Titan usa os ótimos pneus Michelin Pilot Street 2, enquanto as versões Fan e Start vão de Pirelli City Dragon e/ou Vipal Street ST 600 - todos sempre sem câmara e nas medidas 80/100 R18 na frente e 100/80 R18 atrás.
Em resumo, a CG exibe um conjunto convincente e, seja qual for a versão, vale o que custa - desde que sem sobrepreço como falamos, claro.
Até porque, como nada é perfeito, a moto tem seus senões: o painel blackout às vezes é difícil de visualizar, o botãozinho de start parece coisa de loja de R$ 1,99 e a ausência de corta-corrente é lamentável. Mas a CG ainda é a melhor street de baixa cilindrada do país, e deverá continuar nesse posto por um bom tempo.