A Honda NXR Bros chegou ao mercado brasileiro em 2003 e, desde então, é um baita sucesso. Versátil e com preço acessível, foi lançada inicialmente com motores de 125 cm³ e 150 cm³. Em 2014, ganhou o atual motor de 160 cm³ e continuou sua trajetória bem-sucedida: mais de 2,5 milhões de unidades foram vendidas, das quais cerca de 840 mil com esta última motorização. Agora, a moto chega à linha 2022 em plena forma.
Tivemos a oportunidade de fazer um belo - e sofrido - test-ride com a moto no litoral de São Paulo. Passamos por Ilha Comprida, Cananéia e Iguape. Foram trechos de todos os tipos, com piso de asfalto, terra batida e até areia de praia, sem esquecer alguns buracos e muitos quebra-molas. E tudo debaixo de chuva!
No passeio, comprovamos que a Bros continua confiável e divertida em qualquer terreno. No primeiro trecho, de asfalto, nos enturmamos com a moto e sentimos suas suspensões macias nos inúmeros quebra-molas, assim como a embreagem levinha. Ágil, a Bros é fácil de conduzir: a posição de pilotagem é aquela corretinha das trail, com as costas retas, as pernas levemente dobradas e o guidom na altura certa - pelo menos para quem tem 1,70m de altura como eu. As pedaleiras, porém, poderiam ser maiores. E o banco, mais macio.
De repente o asfalto acabou e seguimos por uma estrada de terra larga e plana, mas cheia de curvas e com algumas armadilhas por conta da chuva - trechos com lama bem escorregadia. Entram em ação os excelentes pneus de uso misto Pirelli MT60, que seguram a onda nas reboladas nos trechos mais escorregadios.
Com potência e torque limitados, o motor não faz milagres. Mas basta reduzir uma marcha no câmbio mais preciso do que macio e abrir o acelerador que a traseira "cava", dá tração e apruma a moto. As mudanças inesperadas de trajetória são inevitáveis, mas não assustam desde que se obedeça à regra básica - "na dúvida, acelere!".
O terceiro trecho parece ser mais desafiador para quem não é do mundo off-road, como eu: cerca de 20 quilômetros pela areia da praia (pelo menos seria na parte mais compactada). Mas bastam poucos metros para perceber que, ali, a NXR 160 Bros também fica muito à vontade. O velho clichê de "habitat natural" vem à mente, mas é injusto dizer isso de uma moto tão versátil, que também se comporta muito bem no asfalto.
Seguimos com alguns pequenos sustos inerentes a esse tipo de piso, mas em momento algum sem estar na iminência de cair. Passamos por desembocaduras de rios que desaguam no mar com água um pouco abaixo da metade das rodas. A Bros ignora solenemente. E mais: apesar das pedaleiras pequenas, a altura do guidom e as dimensões do tanque ajudam a achar uma boa posição para pilotá-la em pé - algo comum para a turma do off-road.
Hora de retornar. Atravessamos de Ilha Comprida para Cananéia na balsa, andamos algumas quadras urbanas de lajotinhas e, depois, só asfalto. Mais habituado e confiante, mantenho com o "trem" uma velocidade de cruzeiro de 70km/h a 90km/h com absurda tranquilidade apesar da chuva agora mais intensa que desaba sobre nós. A Bros, mais uma vez, segue segura e tranquila. A moto é ótima nas curvas e extremamente dócil, mas nas frenagens é preciso lembrar que não temos ABS - apenas o sistema combinado CBS.
Findo o passeio, resta-nos a certeza de que Bros continuará seu reinado não apenas de trail mais vendida do país, mas também de segunda motocicleta mais vendida do Brasil - só fica atrás da CG 160 (a Biz vende mais, mas é motoneta). A única rival à altura é a Yamaha XTZ 150 Crosser, que tem preço competitivo e freios com ABS, mas cujo volume de produção é bem menor.
A NXR 160 Bros sofreu alguns aprimoramentos na linha 2022, mas dentro da tradicional receita brasileira para veículos longevos. Ou seja, ganhou carenagens e grafismos novos, mas manteve a mesma mecânica de antes. Vendida em versão única, exibe tanque, aletas, carenagem do farol e abas laterais com novo desenho. Outra novidade foi a aplicação de inéditas sanfonas de proteção nas bengalas da suspensão dianteira, para proteger os retentores no uso off-road.
O motor é o mesmo de antes: o monocilíndrico injetado, flex e refrigerado a ar, com 162,7 cm³, duas válvulas e comando no cabeçote com balancins roletados. Apoiado em chassi de berço semi-duplo de aço, rende, com etanol, 14,7 cv de potência a 8.500 rpm e 1,6 kgf.m de torque a 5.500 rpm. Com gasolina, 14,5 cv e 1,4 kgf.m nas mesmas rotações. A partida é elétrica, sem quique.
O câmbio tem cinco marchas, com secundária por corrente. Outro destaque do modelo são as suspensões - garfos com 18 cm de curso na frente e monochoque com 15 cm de curso atrás. As rodas são raiadas e os pneus, de uso misto nas medidas 90/90 R19 na frente e 110/90 R17 atrás.
Os freios são a disco nas duas rodas com sistema combinado CBS - que distribui a ação do pedal entre ambas as rodas (30% para a dianteira, 70% para a traseira), e deixa para a manete apenas a atuação no freio dianteiro.
O painel é em LCD do tipo blackout, como em outras Honda, e muda as combinações de cores de acordo com a intensidade natural da luz - fundo azul com grafismos brancos ou fundo preto com grafismos laranjas. A moto ainda tem banco em dois níveis, alças para garupa e bagageiro próprio para amarrar volumes ou acoplar um baú.
O tanque manteve a capacidade para 12 litros de combustível. A Honda NXR 160 Bros começou a ser vendida neste mês de setembro e as cores da linha 2022 são vermelha, branca ou preta. O preço sugerido com base no Distrito Federal (DF) é de R$ 14.600 (sem frete ou seguro) e a moto tem garantia de três anos, sem limite de quilometragem, com sete trocas de óleo gratuitas.