Nos últimos anos, nos períodos em que o mercado de motocicletas cresceu no Brasil, o segmento de scooters cresceu mais ainda. E quando as vendas gerais despencaram, esse segmento continuou a acelerar ladeira acima.
Não é por acaso, então, que receba grandes atenções dos fabricantes - que têm lançado modelos sucessivamente. A bola da vez é a Honda, que já tem vários scooters em seu lineup, e agora faz a família crescer com o interessantíssimo ADV, com motor de 150cm³.
O nome é familiar? Pois é, vem do irmão maior, muito mais tecnológico e mais caro, o X-ADV 750, de incríveis R$ 70 mil. Mas o novo scooter é bem pé no chão: é voltado para uso urbano e a vocação "aventureira" que tenta vender está muito mais no nome e em alguns detalhes do que propriamente no conceito do veículo.
Seu posicionamento na linha Honda, em sua faixa de cilindrada, é "top". Chega com preço de R$ 17.490, portanto mais caro que o quase veterano PCX 150 e que o discreto SH 150i, que custam R$ 14 mil e R$ 13.340, respectivamente. Nos Estados Unidos, custa US$ 4.300 (quase R$ 23 mil). A ideia aqui é simples: ampliar a linha para roubar compradores dos cada vez mais numerosos concorrentes - as vendas começam em meados de dezembro.
O ADV também será montado em Manaus (AM) e, não por acaso, usa o mesmo motor do PCX 150 e do SH 150i - um monocilíndrico refrigerado a água com 13,2 cv de potência a 8.500 rpm e 1,3 kgf.m de torque a 5.000 rpm. No SH 150i, são 14,7 cv de potência a 7.750 rpm e 1,4 kgf.m de torque a 6.250 rpm.
Apesar de ser o mesmo motor, a Honda diz que os dutos de admissão e exaustão são diferentes e, por isso, o ADV entrega mais torque em giros baixos e médios. Já o câmbio CVT tem o sistema "enhanced smart power" - em velocidade constante e no plano, o motor faz os giros caírem, o que proporciona mais economia e menos ruído. Ali atrás, o escape é ligeiramente elevado, para ajudar nas peripécias por caminhos pouco convidativos.
São pequenas diferenças resultantes de calibragens e mapeamentos de injeção. O motor compartilhado facilita a vida de todo mundo - da logística industrial em Manaus ao pós-venda nas concessionárias, já que tem muitas peças iguais às dos "primos".
O que diferencia o ADV é mesmo o visual "aventureiro", um conceito cada vez mais presente no mercado brasileiro - tanto em motos quanto em carros. É assim: tenho cara de on/off-road porque pareço ter aptidões off-road, mas sou mesmo do asfalto. E o brasileiro adora.
Para tentar convencer que encara qualquer caminho, o ADV tem um visual mais invocado que os dos "primos" PCX e SH. E que efetivamente remete ao X-ADV 750, este sim um "aventureiro" mais verdadeiro.
Na frente, o scooter exibe uma carenagem de linhas mais brutas e um conjunto ótico bem agressivo. Logo acima, o para-brisa é recortado à moda das motos trail e tem ajuste de altura em duas posições. E o banco promete maciez e posição elevada para o garupa, que não verá apenas o "fundos" do capacete do piloto.
Embaixo dele, cabem 27 litros de traquitanas, o que significa um capacete fechado e algo mais, como uma capa de chuva ou uma mochilinha. Gadgets? A Honda sempre foi econômica nisso. Temos apenas a chave presencial (smartkey), que você leva no bolso e não precisa encaixar em lugar algum para ligar o scooter, e uma tomadinha USB dentro do porta-luvas, que fica na parte interna do escudo frontal.
Os pneus - quem diria - são de uso misto, nas medidas 110/80 R14 na frente e 130/70 R13 atrás. E o painel de instrumentos, que é uma moderna telinha de TFT, fica em posição elevada, exatamente como em motos autenticamente on/off, como a grandona CRF 1.000 Africa Twin. Bem completo, tem computador de bordo e muitas informações. Gostamos!
As suspensões também apelam ao espírito de aventura do comprador: fornecidas pela grife japonesa Showa, têm cursos maiores do que a média dos scooters urbanos - 13cm na frente e 12cm atrás. Detalhe: o bichoque traseiro tem mola e amortecedor pressurizado a gás com reservatórios separados. O vão livre de 16cm, o ângulo de cáster similar ao de motos street, o guidom alto e largo e o ABS apenas na roda dianteira também são bons argumentos.
Pessoas de baixa estatura poderão ter alguma dificuldade para botar os pés no chão, pois o banco está a 79,5cm de distância do solo. Mas o bichinho não é muito pesado: são 127 quilos a seco (o que não inclui o tanque para oito litros de combustível, óleos e líquido de arrefecimento). A Honda não tem número oficial de consumo médio, mas testes do Instituto Mauá registraram mais de 50km/l.