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Honda Sahara 300 deixou "haters" comendo poeira

Trail recém-lançada sofreu muitas críticas, mas as boas vendas mostram que foi aprovada no mundo real. Entenda o caso

por Roberto Dutra

A internet deu voz a quase todo mundo, mas um grupo especial sobressaiu nesse novo mundo digital: o das pessoas que reclamam e criticam tudo, mesmo sem conhecimento de causa. E isso atinge também o mercado de motocicletas: antes mesmo de chegarem às lojas - mas também depois -, novos modelos já são fortemente atacados. Na maioria das vezes, por gente que sequer os viu de perto.
A mais recente vítima disso foi a Honda XRE 300 Sahara - ou apenas Sahara 300. Bem antes de ser lançada, ainda no ano passado, imagens não oficiais viralizaram na internet e já foram achincalhadas. Depois, quando a moto foi lançada, mais críticas.

As reclamações apareceram principalmente em comentários nos reviews feitos por jornalistas especializados, blogueiros, influencers e afins. E a maioria dos "comments"  apontava três principais aspectos: a XRE 300 seria "uma moto feita de plástico", não teria mudado muito em relação à antecessora XRE 300 e o preço seria muito alto.
Aliás, aqui cabe um adendo: teve jornalista sendo chamado de "burro" porque se referia à moto como "Honda XRE 300 Sahara", e não "Sahara 300".  Pois o nome homologado é mesmo "Honda XRE 300 Sahara" - é o que vem no documento -, e "Sahara 300" é apenas o nome comercial. Mas isso não interessa aos haters: o importante é criticar.

De quais materiais são feitas as motos?

Isso explicado, vamos à "moto de plástico". A resposta é simples: qual moto, hoje em dia, não tem muitos de seus componentes feitos em plástico? O uso abundante desse material reduz custos, pois facilita o processo produtivo e aumenta o volume de produção - o que, por tabela, reduz o preço final do produto. Afinal, é a lógica da produção em escala: quanto maior é o volume de produção, menor é o preço final.
Além disso, o uso do plástico torna o processo de produção de uma moto mais leve, ágil e rápido e, no final das contas, reduz o peso da motocicleta. Em um vídeo recente que circulou nas redes sociais, um aparente comprador retirou toda a carenagem frontal da nova Sahara 300 e reclamou que era inteiramente feita de plástico. "Só o tanque aqui embaixo da carenagem é de metal, e vejam como é feio" - reclamou o internauta.

Outra resposta óbvia: carenagens quase sempre foram feitas de plástico ou fibra. Se feitas de metal, aumentariam o peso da moto e, com a ação do tempo, poderiam enferrujar ou ganhar folgas mais facilmente - inclusive gerando barulhos oriundos de trepidação. As peças de plástico não enferrujam. Sua pintura pode sofrer a ação do tempo, perdendo a cor, e podem ganhar folgas, claro. Mas aí é mais fácil de resolver. Uma reclamação que não faz sentido. E o tanque feio? Se fica escondido debaixo da carenagem, pra que ser bonito?
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Quais as novidades na Honda Sahara 300?

Também não fazem sentido as reclamações sobre "não ter mudado muito" em relação à antecessora XRE 300. Afinal de contas, mudou tudo. O design foi atualizado e ficou bem melhor, o motor é completamente novo - o mesmo da CB 300F Twister lançada um ano antes -, a suspensão traseira tem regulagens que a antecessora não tinha, o painel é blackout, a iluminação é LED, há freio ABS... Sim, há muitas novidades.
A turma gosta tanto de reclamar que criticou até o quadro, que não é o mesmo da XRE 300 anterior. É outro, herdado da trilheira raiz CRF 250F. "Mas aí não tem novidade", disseram alguns. Fato, não tem. Mas a aplicação do robusto chassi de uma moto de trilha braba em uma moto on/off-road de volume é ruim? Claro que não.

Qual é o preço da Honda Sahara 300?

Com relação a preço, contudo, as reclamações são mais justas. A Sahara 300 é uma trail de cilindrada e porte médios, que custa R$ 27.090 na versão standard, R$ 27.690 na Rally e R$ 28.650 na Adventure. É cara? É. Mas, salvo raríssimas exceções, quais motos são baratas no mercado brasileiro? E quais motos de qualidade? Vale lembrar que a moto mais vendida do país, a Honda CG 160, começa em R$ 14.360 na configuração Start, a mais acessível - com freio dianteiro a tambor, inclusive.
E também é importante contextualizar. A principal rival, a Yamaha XTZ 250 Lander, começa em R$ 25.790, mas tem motor um pouco menor, que rende 20,9 cv e 2,1 kgf.m. Na Sahara 300, são 25,2 cv e 2,7 kgf.m.
A BMW G 310 GS é mais glamourosa, mas custa R$ 33.500 com preço promocional. A Dafra NH 300 parte de R$ 23.990 - é mais barata, mas existe uma concessionária Dafra perto de você? E as Royal Enfield Himalayan e Scram 411 começam em R$ 24.290 e R$ 22.490, respectivamente. Mas embora sejam mais baratas, o motor de 24,5 cv precisa mover uma moto que pesa, na largada, 185 quilos - quase 40 quilos a mais que a Sahara 300 (que "é feita de plástico"...).

Como reagir ao ágio no preço?

Sim, é fato que muitas concessionárias aproveitaram que a Sahara 300 é novidade e botaram ágio em cima. Em alguns casos, o preço chegou a bater nos R$ 34 mil. Aí é claro que não compensa - mas isso é um problema local, na concessionária, e não da moto ou da fábrica.
As autorizadas não são obrigadas a aplicar o preço sugerido que aparece no site da Honda. Mas é preciso bom senso e, claro, que o consumidor se recuse a pagar o que a moto não vale. Então, quando falamos de preços, não é apenas uma questão de valores absolutos - há outros aspectos envolvidos.
No fim das contas, a Honda Sahara 300 passou por cima disso tudo, deixou os haters falando com as paredes e, nos primeiros dois meses deste ano, já somou 3.873 emplacamentos. Deixou para trás Yamaha Lander, Dafra NH 300, BMW G 310 GS e as Royal Enfield Himalayan e Scram. Isso quer dizer que, ao contrário do mundo virtual, o mundo real aprovou a moto. Simples assim.

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