Honda XR 300L Tornado? É melhor do que o esperado

Nova trail exibiu desempenho tão bom em test-ride de 160 km que encantou até um conservador piloto de motos custom

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Roberto Dutra
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Quem me conhece sabe que eu não tenho nada a ver com motos trail, com pilotagem off-road e o mundo do fora de estrada, em geral. Sou nascido e criado no asfalto, e desde que comecei a andar de moto, décadas atrás, sempre tive motos do tipo custom. De preferência grandes e pesadas.

A única exceção foi uma Yamaha XT 600E, mas que durou pouco tempo em minhas mãos - foi uma experiência não muito feliz. Assim, toda vez que vou a um lançamento de moto trail, tenho certas preocupações. Pilotar na terra exige habilidades específicas - e para quem vive no asfalto, isso não é tão fácil.

Curiosamente, quem nasceu e se criou na terra tira o asfalto de letra. Infelizmente não é o meu caso. Me dê uma custom pesada pra descer a Serra das Araras com uma penca de caminhões, à noite e com chuva, e estou em casa. Me dê uma trail para rodar na terra e sou um peixe fora d´água. Mas vamos pra cima!

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A Honda XRE 300L Tornado em seu habitat natural: esta moto realmente te leva para passear!
Crédito: Roberto Dutra
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Então lá fui eu para um test-ride de 160 quilômetros com a recém-lançada Honda XR 300L Tornado, uma moto de uso misto, mas com forte aptidão para a terra, em um trajeto que incluiria uns 100 quilômetros de terra. Nada de trilhas brabas, mas muita terra, incontáveis buracos, valetinhas, curvas cegas e as temíveis pedronas, pedras e pedrinhas soltas.

Todo o trajeto foi feito no entorno de Urubici (SC), cidade espécie de santuário para motociclistas e que recebe pilotos de tudo que é canto para conhecer suas belas paisagens. No nosso roteiro, Morro da Igreja, Cânion Rio do Bugres, Pedra da Águia e a famosa Serra do Corvo Branco, entre outros.

Indo e vindo: a Tornado compartilha muitos componentes com a Sahara, mas é outra moto - mesmo!
Crédito: Divulgação
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Como é a Honda XR 300L Tornado?

Antes de relatar a pilotagem, vale a pena dizer que, embora compartilhe componentes com a XRE 300 Sahara, a Tornado é, sim, outra moto. Mesmo! Isso porque tem diferenças que podem parecer pequenas, mas algumas delas, na hora da tocada, fazem um mundo de diferença.

As principais estão no design mais "trail raiz", no painel com fundo blackout, na posição de pilotagem, na suspensão traseira com links forjados em alumínio, no peso até seis quilos menor, no cubo traseiro sem coxins, nos ângulos de cáster e trail que aumentaram o comprimento em 1 cm, nas pedaleiras mais apropriadas ao off-road, na relação final de 14x39 (na Sahara, é 14x40) e no pedal de câmbio.

Na Tornado o banco, que é quase reto, também é mais alto - 89 cm contra 85,9 cm da Sahara. O entre-eixos de 2,42 m e o vão livre de 26,8/26,9 cm são praticamente os mesmos nas duas.

A suspensão dianteira da Tornado tem outra calibragem nas válvulas e, por isso, é mais rígida
Crédito: Ricardo Rollo/WM1
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O motor é o mesmo da Sahara, o monocilíndrico flex de 293,5 cm³, refrigerado a ar e óleo, que entrega até 24,8 cv a 7.500 rpm e 2,7 kgf.m de torque a 5.750 rpm (com etanol).

Com ele, a moto vai de zero a 100 km /h em 10,8 segundos, à velocidade máxima de 129,4 km/h, retoma de 60 km/h para 100 km/h em 7,4 segundos em quarta marcha e faz até 29,8 km/l gasolina, o que lhe proporciona autonomia de até 410 quilômetros com gasolina - esses dados de desempenho são do Instituo Mauá.

Aliás, Tornado e Sahara têm o mesmo tanque para 13,8 litros, mas na "trail raiz" a reserva é maior - 3,7 litros, contra 2,6 litros na Sahara. O motivo: dar mais tranquilidade na prática do off-road.

O motor da Tornado, aqui sujo como os off-roaders gostam, é o mesmo da Sahara
Crédito: Roberto Dutra
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A Tornado ainda tem iluminação full-LED, embreagem assistida e deslizante, ABS nas duas rodas raiadas - que não é desligável -, pneus Metzeler Karoo Street nas medidas 90/90 R21 na frente e 120/80 R18 atrás - mais off que os da Sahara -, suspensão dianteira com bengalas protegidas por sanfonas, curso de 24,5 cm e mais firmes que as da Sahara (calibragem das válvulas internas), e suspensão traseira monochoque com 22,7 cm de curso.

O design da Tornado é o que podemos chamar de "autêntico": trail típica, sem frescuras ou peças dispensáveis. Você pode estranhar o mangote do freio dianteiro passando por cima do painel, mas isso tem um motivo: deixar que a peça trabalhe com folga no vai-e-vem da suspensão dianteira.

Outros detalhes legais são o farol e a lanterna com LEDs, o escape com acabamento de linhas retas e as carenagens laterais sem exageros.

Como anda a Honda XR 300L Tornado?

Me aboletei em cima da moto, alta para meus 1,70 m de altura. Fiquei apenas com as pontas dos pés no chão, mas não senti insegurança - a moto pesa apenas 143 quilos (a seco), então não pendula.

Partimos e o trajeto começou com um trecho de asfalto e, na sequência, piso de concreto. Ali ela já surpreendeu pela extrema facilidade na pilotagem, com agilidade e leveza impressionante - e também pela disposição, já que roda a 120 km/h sem "gritar".

No primeiro trecho do ride, asfalto: a Tornado roda a 120 km/h sem gritar e grudada no chão
Crédito: Caio Mattos/Honda
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A posição de pilotagem é confortável e o banco, se não é extremamente macio nem anatômico - como em nenhuma "trail raiz" -, não causou incômodos nem nesse primeiro trecho e, posso adiantar, em nenhum momento.

Sim: para minha surpresa, cheguei ao fim do ride absolutamente inteiro, sem dores nas costas ou em qualquer outro lugar. Claro sinal de um conjunto bastante bom.

O piso de concreto é asfalto para a Tornado: ótima aderência e nenhum incômodo
Crédito: Caio Mattos/Honda
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O grande drama seriam os trechos fora de estrada, mas estes se tornaram também uma ótima surpresa. Assim como no asfalto, a Tornado mostrou maneabilidade excepcional, respostas vigorosas e, sobretudo, muita segurança.

Mesmo nas minhas mãos poucos habituadas ao off-road, a moto exibiu comportamento neutro e obediente, sem dar coices, reboladas ou qualquer tipo de susto.

Durante o ride, a Tornado superou terra, pedras, buracos e rios com muita facilidade
Crédito: Caio Mattos/Honda
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Mudou de trajetória facilmente e "cavou" o piso quando foi necessário, em segunda ou terceira marcha, me transmitindo muita segurança. As relações de marcha são iguais às da Sahara, mas a relação final ligeiramente diferente e o cubo sem coxins geram respostas mais fortes, o que é essencial no off.

Por fim, vale destacar a ótima distância livre do solo e a embreagem levinha, que não cansa e não trava a roda traseira nas reduções severas. Um arraso.

O resultado disso tudo: pela primeira vez na vida fiz um ride extenso em off-road sem passar nervoso, sem achar que poderia cair a qualquer momento e que realmente me divertiu. Muito mais do que minha habilidade ao guidão, o mérito foi da moto, por sua maneabilidade e pela segurança que transmite. Cheguei ao fim do ride realmente satisfeito - comigo e com a moto!

A XRE 300L Tornado transmite muita segurança na pilotagem - mesmo no fora de estrada
Crédito: Caio Mattos/Honda
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Como nada é perfeito, a Tornado também tem seus senões. As frenagens jamais comprometeram ou deram sustos e o ABS funcionou bastante bem na terra, mas não ser desligável é uma deficiência - ele não permite travadas da roda traseira e derrapadas controladas.

Além disso, o painel blackout tem visualização difícil e basta uma poeirinha que fica impossível ler as informações, ainda mais debaixo de sol forte.

Depois de um longo trecho de terra, o painel fica tomado pela poeira - e não dá pra ler as informações
Crédito: Roberto Dutra
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Conclusão: vale a pena comprar a Tornado?

Como acontece com qualquer moto, depende do que você procura. Quer uma trail de uso misto para rodar muito mais no asfalto e de vez em quando pegar uma terrinha, mais confortável e mais adequada à instalação de um baú e ao transporte de garupa? Vá de Sahara, mesmo.

Mas se você quer uma trail de uso misto com aptidão acima da média para a terra, que vai mesmo te levar a qualquer lugar, e não tem intenção de instalar baú nem de levar garupa com frequência, vá de Tornado.

Chegar à Serra do Corvo Branco - o maior corte em rocha do Brasil - com a Tornado foi bem fácil
Crédito: Cortesia: Cícero Lima
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A Tornado ainda tem uma vantagem: o preço público sugerido é de R$ 27.690 (sem frete), o mesmo da versão intermediária da Sahara, a Rally. Mas, assim como esta, vai custar bem mais do que isso nas concessionárias, pelo menos nos primeiros meses. Espere por algo na faixa dos R$ 33 mil...

Então a escolha é mesmo pelo uso que você dará à moto. E, claro, a alguma preferência de design - a Sahara é mais enfeitada e a Tornado, mais rústica. A antiga Tornado 250 deve estar orgulhosa de sua sucessora, lá no céu das motos.

Para chegar até aqui, no alto do Cânion Rio do Bugres, foram 50 km de terra. A Tornado tirou de letra
Crédito: Caio Mattos/Honda
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Garantia e revisões

A Honda XR 300L tem três anos de garantia e revisões com preço fixo. Nas seis primeiras revisões, o custo total será de R$ 2.374. O óleo é grátis em sete revisões, a partir da terceira, e as duas primeiras têm mão de obra grátis. Os custos das seis primeiras revisões são os seguintes:

  • 1.000 km - R$ 249
  • 6.000 km - R$ 94
  • 12.000 km - R$ 754
  • 18.000 km - R$ 229
  • 24.000 km - R$ 990
  • 30.000 km - R$ 58
  • Ficha técnica - Honda XR 300L Tornado

    Preço: R$ 27.690

    Motor: OHC, monocilíndrico, flex, injetado, refrigerado a ar e óleo, 293,5 cm³, potência de 24,3 cv a 7.500 rpm (gasolina) ou 24,8 cv a 7.500 rpm (etanol) e torque de 2,70 kgf.m a 5.750 rpm (gasolina) ou 2,74 kgf.m a 5.750 rpm (etanol)

    Transmissão: câmbio de seis marchas com secundária por corrente e embreagem assistida e deslizante

    Suspensões: dianteira com bengalas telescópicas e 24,5 cm de curso, e traseira monochoque pro-link com 22,7 cm de curso

    Freios: a disco nas duas rodas, com ABS

    Pneus: Metzeler Karoo Street nas medidas 90/90 R21 na frente e 120/80 R18

    Dimensões: 2,20 m de comprimento, 82,8 cm de largura, 1,29 m de altura e 1,42m de entre-eixos. Banco a 89 cm do solo, vão livre de 26,8 cm e 143 quilos de peso a seco.

    Tanque: 13,8 litros

    Desempenho: zero a 100 em 10,8 segundos, velocidade máxima de 129,4 km/h, retomada de 60 km/h para 100 km/h em 7,4 segundos em quarta marcha, consumo de até 29,8 km/l gasolina e autonomia de até 410 quilômetros - dados do Instituo Mauá.

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