Há um ano a Indian aterrisou no Brasil e vem tirando, pouco a pouco, a hegemonia da Harley-Davidson no País. Na última quinta-feira (24) a lendária montadora norte-americana apresentou para a imprensa o sexto modelo de seu line-up por aqui, a Chief Springfield.
A bagger de linhas clássicas será montada em Manaus, AM, no esquema CKD, e já está disponível nas versões Thunder Black por R$ 91.990, e a Steel Gray & Burgundy Metallic (cinza metálica com vermelho) por R$ 94.990.
O nome do modelo é uma homenagem a cidade de origem da Indian, no estado de Massachussets –que é a mesma dos Simpsons, lembrou?–, nos Estados Unidos. Lá, a marca começou a produzir motocicletas em série em 1901.
O WM1 foi até o Haras Tuiuti, no interior do estado de São Paulo, conhecer a tal Springfield. Ela é equipada com o mesmo V-Twin que já equipa a Chieftain, Roadmaster, Chief Classic e Chief Vintage. Batizado de Thunder Stroke, o motor tem capacidade cúbica de 1.811 cilindradas e gera 16,48 kgf.m de torque já aos 3.000 giros. São duas válvulas por cilindro, com arrefecimento misto de ar e óleo e alimentação por sistema de injeção eletrônica. O câmbio de 6 marchas tem transmissão final por correia, que dispensa lubrificação e ainda é mais silencioso.
Antes de andar com a Springfield, dei algumas voltas na pista com a irmã Chief Vintage e a diferença entre as duas ficou muito evidente. São 391 kg da com o tanque cheio (ela é 12 kg mais pesada que a Vintage), mas você não diz, especialmente por conta da geometria. O ângulo do cáster e do trail é menor em comparação às irmas Vintage e a Classic, 25° e 132 mm contra 29° e 155 mm.
A Springfield se destaca pelo conforto e agilidade na condução. Com a dianteira bem levinha, as mudanças de tragetória são fáceis. Outra parte boa é que a embreagem é macia e a vibração do motor, comedida, não vai retirar sua obturação (como dizem por aí de modelos similares).
Vale destacar a construção refinada e o cuidado com o acabamento. Como as demais motos da Indian, o chassi é totalmente em alumínio forjado e a entrada do duto de ar fica na parte frontal, abaixo da caixa de direção. Conhecido nas motos esportivas como Ram Air, a finalidade do sistema é levar mais ar frio para a caixa do filtro e, consequentemente, melhorar o desempenho em alta rotação.
A suspensão dianteira é telescópica com tubos de 46mm e curso de 119 mm e a traseira utiliza balança de alumínio forjado, mas o diferencial é o mono amortecedor a ar com curso de 114 mm –20 mm maior que as irmãs– e ajustes de retorno e compressão.
Os freios dão conta de parar a grandalhona. Com sistema ABS, ela tem dois discos ventilados e flutuantes de 300 mm e duas de pinças de freio com quatro pistões cada na dianteira. Na traseira, o disco é simples, também ventilado e de 300 mm, com pinça de duplo pistão. As rodas são de liga leve com medidas de 16” x 3,5” e 16” x 5,0”.
O acabamento de primeira pode ser visto nos assentos em couro, no cuidado em esconder os cabos elétricos dentro do guidão, na iluminação em LED no para-lama dianteiro e no encaixe das peças. Todavia, a melhor parte são os itens de conforto e comodidade, como a chave de presença com partida à distância, abertura remota das malas rígidas laterais e acionamento do alarme. Além disso, a montadora pensou em facilitar a vida do cliente que quer retirar as malas (que levam até 64 litros) e também o para-brisa. Tudo é feito rapidamente com o acionamento de presilhas, sem o uso de ferramentas. Parece brincadeira, mas às vezes acho que algumas fabricantes pensam no melhor jeito de dificultar e não ajudar. Boa, Indian!
No mais, ela tem cruise control, faróis de neblina, acelerador eletrônico, indicador de pressão dos pneus e velocímetro analógico com um display digital que mostra diversas funções. O velocímetro está posicionado no tanque de combustível –com capacidade para 20,8 litros.
Lançada nos Estados Unidos há apenas 5 meses, a Springfield chega para ser a principal rival da Harley-Davidson Road King Classic, que custa bem menos, R$ 75.400. A montadora concorrente, H-D, resolveu reposicionar os preços da sua linha 2017 para baixo, alegando que a mudança se deve ao mau momento de nossa economia. Será que é só isso mesmo? Em apenas um ano, a Indian já possui market share de 10,8 %. Viva a concorrência.