A chegada da Meteor 350 ao Brasil tem seu terceiro capítulo importante. Em outubro do ano passado, informamos que a vinda da moto ao país estava oficialmente confirmada para 2021. Mais pro fim do ano, em dezembro, noticiamos que unidades já estavam no Brasil para homologação, que o preço ficaria em torno dos R$ 20 mil e que a moto chegaria agora em maio.
Pois bem, essa última parte mudou: o lançamento já não tem previsão e apenas fala-se, informalmente, em julho ou agosto - mas isso ainda pode mudar com novos adiamentos. A estimativa de preço, pelo menos, não mudou.
Tudo isso é consequência, principalmente, dos efeitos da pandemia de covid-19 que assola o mundo e, mais recentemente, atingiu níveis alarmantes na Índia, onde a moto é fabricada. Com a crise sanitária, fornecedores pararam de entregar componentes, as fábricas de motocicletas paralisaram ou reduziram as operações e toda a logística - e consequentemente os cronogramas de exportação - foi atingida.
Segundo nossas fontes ligadas à marca no Brasil, outros aspectos que prejudicaram os planos foram a falta de contêineres para o transporte de cargas em navios, e até a falta de lugar nessas embarcações em decorrência de uma demanda reprimida que, de repente, passou a ser escoada - a da Índia, antes do pico atual de covid-19.
Assim, a Meteor 350 não chegará às concessionárias Royal Enfield do Brasil agora em maio, como estava previsto, e teremos que esperar mais alguns meses pela moto. Quantos meses, dependerá de como a crise sanitária vai evoluir na Índia.
Nossa estimativa de preço continua na casa dos R$ 20 mil, com torcida para ser menos que isso. Como já dissemos aqui, esse seria um valor relativamente alto, inclusive acima do cobrado pelos modelos Classic e Bullet (que já saíram de linha por aqui), também discretamente superior aos R$ 19.390 de tabela atual da trail Himalayan 400 e ainda perigosamente próximo dos valores de Interceptor (R$ 25 mil) e Continental GT (R$ 26 mil). Um valor competitivo seria uns R$ 18 mil.
A chegada da Meteor 350 no Brasil é ansiosamente aguardada tanto pelos futuros proprietários quanto pelos concessionários - com o fim das vendas da Classic e da Bullet, eles ficaram apenas com Himalayan, Interceptor e Continental GT nas vitrines. Ou seja, um lineup bem limitado. E como será uma moto razoavelmente acessível, a Meteor 350 poderá dar giro e rentabilidade às lojas.
Nas ruas, a Meteor 350 poderá ser o "degrau médio" que falta no segmento custom aqui no Brasil. Afinal, hoje temos as pequenas Haojue Chopper Road 150, de R$ 10.790, e Dafra Horizon 150, de R$ 11.690, e depois há um "buraco" de modelo e preço até a Kawasaki Vulcan 650 S, que bate nos R$ 36 mil.
Para quem não lembra, a Meteor é uma moto simples, discreta e charmosa, com tanque em forma de gota (leva 15 litros), banco com duas alturas, farol redondo, painel com um único relógio posicionado entre o guidom e a cuba, para-lamas arredondados, guidom discreto e de altura média, rodas de liga leve, um longo escape e uma charmosa lanterninha redonda estilo jipe.
Na Índia, a Meteor 350 é vendida em três versões: a básica Fireball, a intermediária Stellar, com pintura full-colour e encosto de garupa, e a topo de linha Supernova, que agrega pintura bicolor e para-brisa. As configurações e equipamentos podem mudar no Brasil.
Opcionalmente, a moto pode receber uma tomada USB e o "tripper navigation", um aplicativo que conecta o smartphone do piloto à moto via Bluetooth e funciona como um GPS, com informações exibidas no painel, em um segundo mostrador, também redondo, à direita do relógio principal.
Fora isso, as modernidades da moto se limitam às luzes de rodagem diurnas com LEDs e ao ABS nos dois freios a disco - com 30 cm de diâmetro na frente e 27 cm de diâmetro atrás. De resto, mecânica convencional: suspensão dianteira com garfos de 13 cm de curso e traseira bichoque com seis ajustes na pré-carga, e pneus 100/90 R19 na frente e 140/70 R17 atrás.
O motor é um monocilíndrico refrigerado a ar e óleo com 350 cm³, que rende 20 cv de potência a 6.100 rpm e torque de 2,7 kgf.m a 4.000 rpm. Números modestos, mas que resolvem no uso urbano. O câmbio tem seis marchas, com secundária por corrente. Uma boa virtude para rodar no Brasil é o vão livre de "trilheiros" 17 cm. Aguardemos os próximos capítulos.
A conversa sobre um eventual desembarque da marca indiana Bajaj no Brasil voltou à mídia brasileira essa semana, mas na verdade já tem muito tempo: os primeiros rumores são de 2003. De lá para cá muito se falou e pouco aconteceu - no segundo semestre do ano passado, a empresa confirmou que tinha "interesse" no mercado brasileiro e inclusive contratou um executivo para chefiar as operações no país.
Vale ressaltar que a Bajaj é uma das maiores fabricantes de motocicleta da Índia e que uns 15% de tudo o que produz são exportados - inclusive para países da América Latina, como Argentina, Colômbia e Equador. No Brasil, contudo, o plano inclui ter uma fábrica no Polo Industrial de Manaus (PIM), de onde poderia exportar para nossos vizinhos com custo menor do que a partir da Índia.
De fato, a Bajaj aposta em preço. A marca faz motocicletas simples e baratas e boa parte de seus modelos brigaria, no Brasil, com as básicas das gigantes Honda e Yamaha. É da Bajaj, por exemplo, a moto mais barata da Índia, a CT100, que lá custa o equivalente a uns R$ 3.500 - a título de comparação, a Honda Pop 110i custa o dobro aqui.
Degraus acima, porém, a marca tem modelos menos simplórios, como a Pulsar 180, que é bem completinha e brigaria com Honda CG e Yamaha Factor. Mas essa custa cerca de R$ 8.000 na Índia e aqui ficaria na mesma faixa das já existentes.