Mercado brasileiro de motos: fase de mudanças
Marcas novatas e/ou consideradas "pequenas" tomam posições no ranking que pertenciam às "famosas". Nada será como antes?
É, o mercado brasileiro de motos não é mais o mesmo. Ou quase: se as duas primeiras posições no ranking das marcas que mais vendem ainda pertencem a Honda e Yamaha, o mesmo não se pode dizer do que vem depois.
Alguém poderia imaginar que a Shineray se consolidaria na terceira posição? A Shineray, que vende motos de baixo custo de origem chinesa, não tem rede de concessionárias bem espalhada pelo país e não monta motos no Polo Industrial de Manaus (PIM/AM).
Pois é. De janeiro a outubro deste ano, a marca vendeu 68.908 unidades, e ficou atrás apenas de Honda, com incríveis 1.181.232 unidades, e Yamaha, com 308.539 emplacamentos.
Na sequência, a Mottu aparece em quarto lugar. Na prática, a Mottu nem é uma "marca de motos": é uma empresa de aluguel de motos para entregadores, que atua basicamente em São Paulo e até vende um único modelo - a Sport 110i. De "sport", o modelo não tem nada: seu motor é monocilíndrico a ar, com 110 cm³ e 8,1 cv de potência. A Sport 110i é originalmente fabricada pela TVS na Índia e, depois, é montada em Manaus (AM). Custa, à vista, R$ 13 mil (sem frete).
Na quarta posição surge a curiosa Avelloz, marca que até comercializa normalmente - mas, surpreendentemente, apenas um único modelo: a AZ1. É uma motoneta que parece uma genérica da Honda Biz. Com preços de R$ 9.900 a R$ 13 mil, dependendo da localidade, a AZ1 é uma "cinquentinha" - motor mono a ar de 49 cm³ e modestíssimos 2,7 cv de potência.
Sua rede de lojas não é grande, mas é relativamente bem espalhada: apenas Amapá, Amazonas, Acre, Santa Catarina e Rio Grande do Sul não têm representantes. O leitor quer achar uma concessionária próxima? Clique aqui para tentar.
Outras curiosidades do ranking de vendas por marcas: em novembro (ou seja, não é no acumulado do ano), Bajaj em 6º, Royal Enfield em 7º e Haojue em 8º. As marcas mais "famosas" só começam a aparecer daí em diante: BMW em 9º, Triumph em 10º e Kawasaki em 11º. Na 12ª posição surge a obscura VMoto, de motos elétricas, seguida por Dafra em 13º; Zontes, em 14º; e Bull, em 15º.
Mas por onde andam as outras marcas mais conhecidas? Só aparecem depois destas: Suzuki em 16º, com modestíssimas 191 motos vendidas em novembro, Harley-Davidson, com apenas 126 emplacamentos (muito compreensível, levando-se em conta os preços de suas motos), e Ducati em 18º (idem).
O ranking no acumulado do ano tem algumas mudanças discretas de posições. Mas Shineray, Mottu e Avelloz estão lá em cima, Royal Enfield e Bajaj estão à frente de Kawasaki, e a Zontes segue na cola da Suzuki. Ao que parece, o mercado brasileiro de motocicletas nunca mais será o mesmo.
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