O caro leitor viu aqui, ontem e anteontem, que o mercado brasileiro de motocicletas, motonetas e scooters cresceu 16,1% em 2023 em relação a 2022, e chegou a emplacar mais de 1,5 milhão de unidades ao logo dos 12 meses do ano passado. E viu, também, o ranking com os modelos mais vendidos em 2023.
A líder de vendas, claro, foi a Honda CG 160 - como já é há uns 40 anos. E a CG, obviamente, também foi a mais emplacada no segmento das city/street. Até aí, nenhuma surpresa.
A novidade nesse segmento foi a Honda CB 300F Twister, substituta da CBX 250F Twister. Lançada no início de 2023, a naked mostrou a que veio e alcançou a segunda colocação, posição que tradicionalmente era ocupada por sua antecessora. Então, tudo em casa.
Mas alguns outros segmentos também trouxeram peculiaridades que merecem ser citadas. No que engloba scooters e cubs, vimos um domínio total da Honda, que ocupou as cinco primeiras posições.
Mais interessante, ainda, é ver que o modelo mais vendido foi a Honda Biz, motoneta criada especificamente para o mercado brasileiro que recentemente completou 25 anos! E em segundo lugar ficou a Honda Pop 110i, modelo espartano que encontra compradores no país inteiro, mas especialmente na região Nordeste.
Já entre as trail/fun de baixa cilindrada - um segmento habitualmente bem concorrido - o tradicional embate entre Honda XRE 300 e Yamaha XTZ 250 Lander mudou. Enquanto a Honda suspendeu temporariamente a produção da XRE (a marca alegou dificuldade de insumos), a Yamaha alavancou a produção da Lander. Resultado: a Lander fechou o ano em segundo lugar, à frente da XRE - que ficou em terceiro (na liderança, claro, a eterna NXR 160 Bros).
Na reta final do ano passado, a XRE voltou a ser produzida, mas apenas para atender às compras via consórcio. E logo depois saiu de linha para dar lugar à nova XRE 300 Sahara, que começa a ser vendida este mês. Será que tudo mudará de novo?
No segmento acima, o das maxitrail, não houve surpresas: a BMW R 1250 GS foi a líder absoluta. O que chama a atenção aí é justamente o fato de uma moto que custa mais de R$ 100 mil ser a líder, enquanto outros modelos bem mais baratos e igualmente eficientes fiquem bem para trás. A Triumph Tiger 900, por exemplo, ficou em terceiro (Honda CB 500X entre as duas). E a Tiger 1200 nem aparece entre as "cinco mais".
A Yamaha MT-03, por sua vez, consolidou sua liderança absoluta entre as naked/roadster. Ajudada pelo preço mais baixo que os das rivais, que têm motores maiores, vendeu mais que o dobro da segunda no ranking, a Honda CB 500F.
O que não cansa de surpreender nesse segmento, porém, é o desempenho sempre bom da nervosa e cara Yamaha MT-09, que fechou o ano em terceiro, à frente inclusive da um pouco menor e mais barata, mas tão boa quanto, Yamaha MT-07.
A anglo-indiana Royal Enfield, por sua vez, passou a mandar definitivamente no segmento das custom/classic. As três "irmãs" com o mesmo conjunto de chassi e motor - Meteor, Classic e Hunter - ocuparam as três primeiras posições. Em quarto ficou a bem mais cara Kawasaki Vulcan 650 S.
Entre as esportivas de todos os tamanhos, mais uma vez a Yamaha dominou com o custo/benefício. A líder isolada foi a YZF-R3, que não por acaso usa o mesmo conjunto de chassi e motor da MT-03. Deixou sua rival direta, a ótima Kawasaki Ninja 400, em segundo lugar. Surpresa mesmo é o terceiro lugar da BMW S 1000 RR, que é muito mais cara que as duas, mas sempre apresenta bom desempenho de vendas.
Por fim, as touring. Aí não teve pra nenhuma rival: a Harley-Davidson ocupou as cinco primeiras posições do ranking de vendas. Tudo bem que são volumes modestos - afinal, são modelos caríssimos que concorrem com outros modelos caríssimos, de marcas como Honda e BMW. Mas é assim que entendemos como a Harley-Davidson, que voltou a ser "moto de rico", continua viva no mercado brasileiro.