A evolução dessas motos nas últimas décadas tem sido assustadora. A tecnologia aplicada no desenvolvimento das superesportivas é cada vez mais refinada, e resulta em modelos cada vez mais leves, potentes, ágeis e velozes. Uma boa prova disso surgiu na semana passada, conforme publicamos aqui, com o lançamento, no Japão, de uma versão comemorativa dos 30 anos da Honda CBR Fireblade, que nasceu em 1992 como CBR 900 RR e, recentemente, ganhou uma nova geração, batizada de CBR 1.000 RR-R Fireblade.
A diferença entre as duas motos é impressionante. A começar pelo design, que lá atrás privilegiava as linhas arredondadas e sinuosas - inclusive nos faróis - e, quase sempre, incluía uma rabeta de aspecto "pesado", sempre com alguma preocupação com o espaço destinado ao garupa.
O que vemos na Fireblade atual - e na maioria das superbikes - são linhas esculpidas, com cortes precisos desenvolvidos e decididos em túneis de vento, além de entradas de ar estrategicamente posicionadas, faróis afilados que ocupam o menor espaço possível e preocupação quase zero com espaço e banco para garupa.
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Além disso, temos também cada vez mais eletrônica embarcada e um desempenho alucinante. A Fireblade atual tem recursos como ABS, controles de tração, anti-empinamento e de largada e ainda dezenas de ajustes eletrônicos, das suspensões à interferência do freio motor - tudo em três modos de pilotagem ajustáveis em cada um desses e de vários outros parâmetros. Nos anos 90, era regular o carburador e deitar o cabelo...
O desempenho, aliás, também evoluiu. A Fireblade de 1992 tinha motor de quatro cilindros em linha com 893 cm³, quatro válvulas por cilindro e comando duplo no cabeçote. Rendia 122 cv de potência a 10.500 rpm e chegava aos 264 km/h. A atual tem motor também quatro-em-linha e com as mesmas quatro válvulas por cilindro, mas com 1.000 cm³ - e rende impressionantes 216,2 cv de potência a 14.500 rpm. A velocidade máxima não é declarada, mas fica ali em torno dos 320 km/h - em uma estimativa conservadora.
Outro aspecto interessante é ver que a diferença de peso entre as duas é de apenas quatro quilos - a atual pesa 189 quilos a seco. Isso revela que, apesar de ter muito mais componentes (só o sistema ABS já pesa uns dois quilos), o uso de materiais mais leves, como alumínio e titânio, é outra evolução, pois compensa os dispositivos a mais.
Além da Fireblade, há outras superbikes icônicas - Yamaha YZF-R1, Kawasaki Ninja ZX-11 (ou ZZR-1.100), Suzuki GSX-R 1.000 (a popular "Srad") e Ducati Panigale, entre outras. Essas motos esportivas também mostram uma evolução espetacular. Vale lembrar que modelos cultuados como Honda CBR XX 1.100 Super Blackbird e Suzuki GSX-R 1.300 Hayabusa não são superesportivas raiz, mas esportivas-turismo.
Em 1996, por exemplo, a Yamaha YZF 1000R Thunderace - espécie de precursora da R1 - tinha motor de quatro cilindros em linha, 1.002 cm³, cinco válvulas por cilindro e comando duplo. Com câmbio de cinco marchas, rendia 145 cv de potência a 10.000 rpm e chegava aos 261 km/h. Apenas 10 anos depois, a então já famosa YZF-R1 dispunha de 174 cv de potência com um motor ainda com 20 válvulas, mas de menor capacidade cúbica, 998 cm³, injetado e girando mais, a 12.500 rpm - e chegava aos 288 km/h! E a atual? Bem, são 197 cv de potência que gritam nas 13.500 rpm e máxima não declarada - mas que também passa dos 300 km/h.
Outra entre as motos esportivas, a Suzuki "Srad", por sua vez, já nasceu - em 2001 - com 160 cv a 10.800 rpm em seu motor de 988 cm³, quatro cilindros em linha e 20 válvulas. Era a mais rápida do segmento, batia na máxima de 290 km/h. A atual, com 998 m³, vai a 199,2 cv nas 13.200 rpm e também supera os 300 km/h. Nesses 20 anos, o peso subiu apenas oito quilos - são 203 quilos atualmente.
O outro grande ícone atende pelo nome de Kawasaki Ninja ZX-11 ou ZZR 1100. Sua chegada ao Brasil foi bombástica quando, em 1993, o ex-presidente Fernando Collor pilotou um desses modelos de motos esportivas pouco tempo depois da abertura das importações.
Logo a Ninja ZX-11 se tornou objeto de desejo com seu motor que, originalmente, tinha 1.052 cm³ e 147 cv de potência a 10.500 rpm. Mesmo com seus encorpados 228 quilos, chegava aos 285 km/h! Mas a ZX-11 virou ZX-12 e, depois, ZX-14. Que, com seus 1.441 cm³, chega aos 200 cv de potência a 10.500 rpm e também passa dos 300 km/h mesmo com seus gorduchos 264 quilos de peso.
Vale lembrar que, nas fileiras da Kawasaki, outras duas superbikes merecem destaque: a Ninja ZX-10R, cuja versão atual mais nervosa (a RR), dispõe de até 214 cv de potência a 14.000 rpm (quando o sistema de ar pressurizado "Ram Air" entra em ação). Com apenas 207 quilos, é ainda mais rápida que a ZX-14.
E a outra é a H2R, espécie de esportiva "suprema" da Kawa e do mundo - é a mais potente de todas! Com o requinte de ter sobrealimentação por compressor de ar no motor de 998 cm³, dispõe de inacreditáveis 310 cv de potência a 14.000 rpm e - acredite - pode chegar aos 400km/h com seus magros 216 quilos de peso.
Outra superbike que merece destaque no mundo atual é a Ducati Panigale V4 S, cujo motor de quatro cilindros em V e 1.103 cm³ rende até 215 cv a 13.000 rpm. Com apenas 195 quilos de peso, é outra moto recheada de eletrônica e com design super aerodinâmico (inclui até asinhas externas para aumentar a pressão do ar que "empurra" a moto de encontro ao solo). Onde será que a evolução das motos esportivas vai parar?
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