Será que uma nova geração da Honda Transalp vem por aí? São cada vez mais consistentes os rumores de que a moto já estaria praticamente pronta. Esse novo modelo usaria o mesmo nome aplicado em três encarnações anteriores - as XL 600 V de 1986, XL 650 V do ano 2000 e XL 700 V, de 2008 (esta foi vendida no Brasil entre 2011 a 2014, mas sem grande sucesso).
Vários sites internacionais dedicados à indústria motociclística apostam que essa moto fará sua estreia no próximo Salão de Milão, marcado para o mês de novembro. A moto seria baseada na "CRF 850 Africa Twin". Assim mesmo, entre aspas, porque é uma moto que não existe, mas que teve uma imagem vazada na internet. Seria, então, o que os fabricantes chamam de "mula" - um modelo com nome ou "roupa" de outro, como disfarce durante testes dinâmicos.
Não por acaso, o que se diz é que essa nova Transalp usaria um motor bicilíndrico de 850 cm³. Esse propulsor seria um derivado do que equipa a conhecida NC 750X, porém com capacidade cúbica maior e mudanças internas para proporcionar um desempenho mais forçudo (na NC, são 54,5 cv de potência e 6,9 kgf.m de torque).
A moto teria, ainda, opções de câmbio convencional ou Dual Clutch Transmission (DCT) - o automatizado com duas embreagens que já existe em modelos maiores, como GL 1.800 Gold Wing e a própria CRF 1.100L Africa Twin. A moto também deve ter rodas raiadas com aro 21 na frente e 18 atrás - um bom conjunto para o uso off-road.
Caso seja realmente lançada, a nova Transalp entraria numa vaga aberta na linha Honda, que atualmente não tem uma trail média com pegada mais on-road - existe a XL 650R, mas é uma trail "raiz!" que só é vendida nos Estados Unidos. A nova Transalp ficaria abaixo da CRF 1.100L Africa Twin e acima de modelos como a XRE 300 e os da linha CRF, que são totalmente voltados para o off-road. E brigaria, lá fora, com Yamaha Ténéré 700, BMW F 850 GS e Kawasaki Versys 650, entre outras.
A Honda XL 700 V Transalp teve vida curta e meio apagada no mercado brasileiro. E inclusive teve companhia nessa trajetória. A moto foi lançada aqui em março de 2011 junto com a lindíssima sport-touring VFR 1.200F.
No caso da Transalp, o insucesso veio pelo preço alto - R$ 32.800 a R$ 34.800 na época - e pelo atraso, pois tinha sido lançada lá fora em 2008 e a grande expectativa que gerou no mercado brasileiro arrefeceu com o passar dos anos. Quando a Transalp chegou - a despeito de ser uma ótima motocicleta -, a sensação era de produto defasado. Curiosamente, hoje é uma moto bem-vista no mercado de usadas e considerada uma boa compra.
Já a VFR 1.200F também esbarrou no preço, de quase R$ 70 mil, e por ter chegado apenas na versão com câmbio automatizado Dual Clutch Transmission (DCT). Se tivesse viesse também com câmbio convencional, provavelmente teria tido mais sucesso.
Na época, o sistema era desconhecido no país e gerou uma natural desconfiança - que a Honda não soube desfazer. Insistente na ideia do DCT (até hoje, aliás, mas pelo menos com mais sucesso), a Honda ainda lançaria, em dezembro de 2012, a VFR 1.200X Crosstourer, uma big trail com o mesmo motor e o mesmo câmbio automatizado da sport-touring. E o mesmo problema do alto preço: custava R$ 80 mil.
Outros modelos que esbarraram na questão de valores fora do mercado (mas sem câmbio DCT) foram a power custom VTX 1.800 (setembro de 2006, R$ 70 mil), a lindíssima naked CB 1.300 Super Four (junho de 2007, cerca de R$ 40 mil) e a big trail XL 1.000V Varadero (setembro de 2007, a R$ 54 mil). Das três, apenas a CB 1.300 Super Four continua bem valorizada no mercado de usadas. Varadero e VTX, embora tenham excelentes conjuntos mecânicos, caíram um pouco no esquecimento.