Os scooters e as cubs (motonetas que ficam entre as motos e os scooters) definitivamente conquistaram o mercado brasileiro. No primeiro mês deste ano, responderam por 37,39% das vendas de veículos de duas rodas no país. Esse número é quase igual ao das motos city/street, que sempre foram as mais vendidas e que, no mês passado, responderam por 39,11%.
É um cenário inédito, que mostra como o segmento de scooters e cubs se consolidou depois de anos crescendo progressivamente. Em 2010, respondiam por 19,1% do mercado brasileiro de duas rodas. Essa participação cresceu paulatinamente até atingir um pico em 2016, com 34,6%. Depois, se estabilizou na faixa dos 33% até 2021, chegou a 36,21% em 2022 e caiu discretamente para 31,03%. Agora, novo pico.
Essa história demorou para acontecer. Até o início dos anos 2000, scooters e cubs eram vistos como pequenos, frágeis e pouco confiáveis - e, de certa forma, desprezados - no país.
No caso dos scooters, as primeiras experiências realmente práticas surgiram com modelos como o pequenino Yamaha BWs 50, vendido no país entre 1995 e 2000, Jog 50, de 1993 a 1999, e o irmão maior Axis 90, de 1994 a 1998; os Suzuki Address 50, de 1994 a 2002, e Address 100; de 1994 a 2003; e o exótico Honda Spacy 125, de 1994 a 1996. Mas as vendas foram discretas e logo saíram do radar.
O segmento ganhou força, mesmo, com o Suzuki Burgman AN 125, lançado em 2006 ainda com motor carburado (teve uma segunda encarnação, injetada, entre 2012 e 2019) e com o surgimento da Dafra Motos, que apostou forte no Laser 150, em 2008, no Smart 125, em 2010, e no Zig 100, também em 2010. Quando viram esse movimento (re)começar com força, Honda e Yamaha voltaram a investir. Enquanto isso, Dafra e Suzuki também reforçavam suas fileiras.
De lá para cá, demos as boas-vindas (e, em alguns casos, também adeus...) a muitos modelos: os Dafra Cityclass 200i, Citycom 300i, Maxsym 400i, Fiddle 125 e Zig 50; os Honda Lead 125, SH 150, SH 300, PCX 150, ADV 150 e X-ADV 750; os Yamaha Majesty 250, T-Max 530, NMax 160 e XMax 250; e os Suzuki Burgman 400 e Burgman 650i - entre outros, sem contar modelos de marcas que duraram pouco, como Sundown e Traxx.
Já no caso das cubs, o grande destaque sempre foi mesmo a Honda Biz. Lançada no país em 1998 e criada especificamente para o mercado brasileiro, a motoneta já tem 25 anos de estrada e se tornou um dos veículos de duas rodas mais vendidos por aqui. Em todo o ano passado, por exemplo, somou mais de 100 mil vendas e ficou atrás apenas da Honda CG 160.
Apesar dessa liderança absoluta entre as motonetas, a Honda Biz não é a única motoneta à venda no país. Outros modelos, de marcas menores, também marcam presença - os volumes são muito menores, mas sempre consistentes e, às vezes, até surpreendentes.
Hoje os scooters e as cubs são quase tão donos das ruas quanto as motos "street", e se diferenciam mais pelo tipo de uso. Enquanto essas motos são predominantemente usadas a trabalho, por entregadores de todos os tipos - documentos, encomendas, lanches etc -, os scooters e as cubs são mais usados para o deslocamento diário do proprietário rumo ao trabalho e vice-versa. E, eventualmente, nos mesmos trabalhos das motos "street".
Essa conquista se deu pela irrefutável combinação de bons argumentos: são veículos com custos razoavelmente acessíveis de aquisição e manutenção, práticos pelo tamanho compacto e pelo espaço sob o banco para guardar objetos (que existe em quase todos os scooters) e pelo baixo consumo, que na maioria das vezes supera os 50km/l.
De fato, quem ainda não pensa em um scooter ou em uma cub como opção de mobilidade urbana deve começar a rever seus conceitos. Vale lembrar que há duas diferenças básicas entre scooters e cubs: nos scooters, o piloto vai sentado, tem um escudo frontal de proteção e não precisa trocar marchas, já que a transmissão é sempre continuamente variável (CVT).
Já nas motonetas cubs, o piloto vai montado como nas motos, normalmente não há escudo frontal e é preciso trocar as marchas no pé - embora nem sempre seja necessário usar manete de embreagem, já que a maioria dos modelos tem câmbio semi-automático, rotativo ou não.