Quem apostou que a Harley-Davidson não iria ter sucesso com a primeira big trail de sua história precisa rever seus conceitos. Lançada em fevereiro deste ano nos Estados Unidos, a Pan America se tornou a moto "adventure" mais vendida na terra do Tio Sam, e superou consagradas rivais de marcas prestigiosas como BMW, Ducati e KTM, entre outras. As vendas da Pan America vão tão bem que, inclusive, há filas de espera por lá.
Para quem não lembra, a Pan America começou a ser desenvolvida há quase quatro anos, ainda na gestão anterior à atual - na época, a Harley-Davidson inclusive operava com uma estratégia comercial bastante diferente.
Mas veio outro CEO e os planos mudaram: em vez de investir em muitos modelos e ganhar no volume, a Harley resolveu enxugar a linha e investir no conceito de marca "premium", na venda de modelos de sucesso permanente a preços mais altos. Nessa história, alguns outros modelos em gestação foram descartados - como a streetfighter Bronx. Mas a Pan America sobreviveu e agora a marca colhe os resultados de ter apostado em algo tão diferente.
E bota diferente nisso: a Pan America é a primeira big trail da Harley e, por isso, nada tem a ver com as custom e cruiser que sempre foram o foco da marca. Alta, curta e grande, a moto tem visual bruto, imponente e algo exótico, com farol principal retangular de LED que lembra o da mais recente geração da Fat Bob. Envolvido por uma pequena carenagem, embute uma luz de posição DRL logo acima. Lá no alto, surge um para-brisa de medidas generosas.
Ali atrás piloto e garupa têm bancos com duas alturas e bem separados. O painel de instrumentos está em sintonia com os tempos atuais: é uma tela de TFT com 6,8 polegadas, que exibe as informações necessárias de maneira simples e eficiente.
O motor é o Revolution Max, o estreante de uma nova família de propulsores da Harley-Davidson - que depois foi usado na nova geração da Sportster. Tem 1.252 cm³, refrigeração líquida, 150 cv de potência a 9.000 rpm e torque de 12,9 kgf.m a 6.750 rpm. O câmbio tem seis marchas e, para horror dos harleyros mais conservadores, a transmissão secundária é por corrente, e não por correia como nas outras motos da marca.
A Pan America é vendida nos Estados Unidos em duas versões, standard e Special. A Special tem alguns quitutes a mais, como protetores de mãos e laterais, monitoramento de pressão dos pneus, cavalete central, pedal do freio com posição ajustável, punhos aquecidos, amortecedor de direção, rodas raiadas que calçam pneus sem câmara e suspensão semi-ativa, entre outros.
Vale destacar que essa suspensão semi-ativa adaptativa tem gerenciamento eletrônico. Nas paradas, o dispositivo evita o afundamento excessivo na frente e mantém a altura atrás. Já nas partidas, impede o afundamento traseiro e o "empinamento" dianteiro. E, claro, como toda Harley, a Pan America também tem diversos opcionais e acessórios, como faróis auxiliares e os indefectíveis baús quadrados de alumínio - típicos das big trails.
A grandona ainda tem protetor de cárter, tanque para 21,1 litros, freios com ABS desligável, distância livre do solo de 21,1 cm, suspensões com 19,1 cm de curso e peso a seco de 228kg, também na média do segmento.
A distância do assento ao solo, de 80,7 cm a 86,9 cm, não é para pilotos baixinhos ou com perna curta. Nas duas versões as rodas são de liga leve, que calçam pneus de uso misto Michelin Scorcher Adventure sem câmara, nas medidas 120/70 R19 e 170/60 R17.
Lá nos EUA, a moto custa US$ 17.319 (standard, nas cores preta ou marrom) e US$ 19.999 (Special, nas opções preta, cinza, verde ou laranja) - cerca de R$ 96.300 a R$ 111.200. Com esses valores, compete bem com rivais. Por lá, a BMW R 1.250 GS custa US$ 18 mil na versão standard e US$ 20.300 na Adventure, a Ducati Multistrada vai de US$ 20 mil na versão V4 a US$ 22 mil na Enduro, e a KTM 1.290 Super Adventure parte de US$ 18.600 nas versões S e R. Aqui no Brasil certamente não custará menos que uns R$ 120.000.