Preço da moto: custos além do que está na etiqueta
Muita gente não lembra que existem gastos com documentação, emplacamento, revisão e seguro. Confira se cabe no orçamento
Hoje é dia de educação financeira. Muito além de um assunto teórico, é na verdade um tema bem prático porque fala diretamente ao seu bolso e está ligado ao momento da compra daquela moto tão sonhada. Isso porque muita gente não se liga que o preço vai muito além do que está na etiqueta: tanto novas quanto usadas embutem gastos adicionais que nem sempre são levados em conta na hora do entusiasmo. Aí vêm as surpresas...
A compra da moto nova é até um pouco mais fácil. Na hipótese do pagamento à vista, é preciso somar o valor da etiqueta mais frete e gastos com emplacamento. Ou seja, se o caro leitor pensa em comprar uma moto de R$ 20.000, por exemplo, deve estar preparado para gastar perto de uns R$ 23.000. E, se tem apenas os tais R$ 20.000 disponíveis, cravados, deve escolher um modelo que não passe dos R$ 17.000 para não estourar o orçamento.
Nas compras financiadas, é preciso fazer um segundo planejamento financeiro. Além da entrada, o comprador vai desembolsar a parcela mensal. Até aí tudo bem. Mas outros gastos com a moto também virão, e simultaneamente: revisões, trocas de pneus e afins. Então, vale fazer uma reserva para os meses em que estes gastos aparecerão juntos.
Na compra de motocicletas usadas, é preciso fazer ainda mais contas. Na "largada", claro, o preço da moto. Se a compra será feita em loja, tudo mais tranquilo: os gastos se limitarão, basicamente, ao preço da moto e aos custos de transferência de propriedade do veículo (cartório e Detran) - desde que a documentação esteja em dia, claro. Vale lembrar que as lojas são obrigadas a dar garantia de pelo menos três meses para motor e caixa, o que sempre proporciona alguma tranquilidade.
E há, ainda, mais duas importantes recomendações. Primeiro: sempre faça um test-drive na moto que pretende comprar. No caso das novas é mais fácil, pois várias concessionárias de diversas marcas têm motos só para isso. No caso das usadas, é preciso negociar com o vendedor para, pelo menos, dar uma voltinha no quarteirão. Não compre uma moto sem experimentá-la: você poderá descobrir problemas ou, na melhor das hipóteses, apenas ver se aquele modelo é tão agradável quanto você imaginava.
A segunda dica é: se fechar negócio, logo depois (sempre!!) faça uma revisão completa da moto. Isso é importante porque você começar do "zero" com sua nova moto usada e, a partir daí, terá total controle dos prazos e das quilometragens para fazer a correta manutenção. Além disso, pode prevenir surpresas em partes eventualmente não cobertas pela garantia - problemas elétricos, por exemplo.
Uma boa revisão, com troca apenas itens básicos, como óleos e filtros não raro custa em torno de R$ 500 - então, prepare-se para mais esse gasto adicional. Também para evitar surpresas, a revisão é ainda mais necessária na compra de uma moto usada de um vendedor particular (pessoa física) - mesmo que ele garanta ter feito recentemente.
Uma moto usada, aliás, sempre pode ser uma caixinha de surpresas. É impossível evitar todo e qualquer problema pós-compra, pois há defeitos que podem surgir de uma hora para a outra e independem da boa-fé do vendedor. Então, é sempre bom guardar um dinheirinho para eventuais contratempos como uma mangueira que vaza ou um retentor que estoura, que podem impactar o preço final da moto.
Em resumo, até aqui, sua moto usada custou o preço pedido mais gastos com transferência, revisão e "reserva técnica" para surpresinhas. Desta forma, se você tem os mesmos R$ 20.000 para comprar uma moto, separe pelo menos R$ 3.000 para dar conta disso tudo. Ou seja, pense em uma moto de R$ 17.000 para que tudo corra bem.
E vale lembrar que, para os dois casos - motos novas e usadas - também poderão vir os custos de um seguro particular. Se couber no orçamento, não tenha dúvida de que sempre valerá a pena ter.
Evite as "boas para reformar"
E existem alguns outros cuidados que podem minimizar os riscos. Se possível, evite motos com quilometragem muito alta, em evidente mau estado de conservação, com manutenção pendente ou as tais "boas para reformar" - se você não for colecionador e não tiver bom conhecimento técnico, essas raramente ficarão plenamente usáveis e farão apenas com que você vire "sócio" da oficina.
Além disso, também é importante evitar motos com problemas na documentação. IPVAs e seguros obrigatórios atrasados, porte obrigatório que precise de segunda via, multas não pagas e - principalmente - motos em inventário são sinônimos de problemas. Tomados esses cuidados e feitas as devidas contas acima, as chances de sucesso na compra, sem estourar seu orçamento, crescem bastante. Aí, é rodar e ser feliz!