E lá se vai um ano desde que a pequena custom Royal Enfield Meteor 350 chegou ao mercado brasileiro. A moto foi lançada no país em julho do ano passado e logo se tornou o modelo mais vendido em seu segmento.
Em todo o ano passado, a moto fabricada na Índia pela marca que originalmente é inglesa somou 2.246 unidades vendidas. Este ano, já foram 2.234 unidades emplacadas, segundo dados da Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos (Fenabrave).
Se num primeiro momento o sucesso da moto foi questionado, não demorou para as dúvidas se dissiparem. "Case" de sucesso, a Meteor 350 foi uma jogada acertada da Royal Enfield, que apostou em um nicho que não só tinha (e ainda tem) poucas opções, como também em um espaço vazio nesse segmento.
É que, na época, o segmento das custom era ocupado por modelos de 150 cm³ na base (a Haojue Chopper Road 150 e a Dafra Horizon 150, que já saiu de linha), e daí dava um salto grande para a Kawasaki Vulcan 650 S. No meio, não havia nada. A Meteor 350 ocupou justamente esse espaço, e foi aí que se deu bem - não só pela proposta, mas também pelos preços então interessantes e, justiça seja feita, pelo visual bem-resolvido.
Nós aqui do WM1 acompanhamos a história da moto desde sua apresentação na Índia, no ano anterior. Revelamos o pré-lançamento no mercado brasileiro (que chegou a ser adiado), antecipamos a chegada da moto, fomos ao lançamento e depois, vimos seu desempenho de vendas e as repercussões nas redes sociais. Tivemos, inclusive, o prestígio de fazer a primeira viagem-teste da Royal Enfield Meteor 350 no Brasil, no trajeto São Paulo-Rio, para ver se a motoquinha aguentava o tranco - embora viagens longas nem sejam realmente sua proposta.
Mas era importante responder às principais perguntas que os motociclistas brasileiros tinham sobre a moto: era possível viajar com a Meteor 350? Qual sua velocidade máxima? E o consumo? E o conforto? E a segurança? Para obter essas respostas, fomos muito além do test-ride de apresentação - atividade que habitualmente é razoavelmente controlada e um pouco diferente do uso da moto na vida real.
O que descobrimos foi um projeto bem acertado, apesar de algumas limitações. A bordo da versão mais completa Supernova (leia-se pintura bicolor metálica com emblemas cromados, para-brisa e encosto de garupa), fizemos o trecho de pouco mais de 400 quilômetros sem sobressaltos.
Com uma boa bagagem amarrada na moto, em cima do banco do garupa e apoiada no sissy-bar, rodamos um trecho urbano em São Paulo com a mesma facilidade que qualquer moto de baixa cilindrada e em seguida pegamos a Via Dutra com muita segurança.
Vimos uma entrega bem progressiva dos 2,7 kgf.m de torque, com raras trocas de marcha a partir dos 60 km/h, uma embreagem macia, um câmbio com engates precisos mas não tão macio (e um contrapedal difícil de usar), uma posição de pilotagem bastante cômoda, um banco bem anatômico e que poderia ser mais macio, mas que não sacrificou o condutor, e espelhos com hastes de bom comprimento que proporcionam retrovisão adequada.
A viagem foi feita com velocidades entre 80 km/h e 120 km/h. Essa era a máxima limitada eletronicamente, mas meses depois a Royal Enfield fez um "remap" na Meteor 350 e tirou essa limitação. No entanto, o motor monocilíndrico refrigerado a ar e com modestos 20 cv de potência não vai muito além disso, mesmo - para ali em torno dos 130 km/h.
O mais importante foi descobrir que a moto permite viagens longas, desde que o piloto respeite essa limitação e saiba dosar o acelerador. Afinal, viajar a uma média de 90 km/h ou 100 km/h deixando uma "sobra" para ultrapassar veículos lentos é mais que satisfatório. Quem quiser correr mais deve comprar uma moto maior - simples assim.
Não tivemos quaisquer dificuldades na viagem, mesmo que um terço dela tenha sido feita à noite - o farol deu conta do recado. Não sentimos vibrações nem ruídos incômodos e chegamos ao Rio razoavelmente inteiros - bem, muito mais do que esperávamos lá na saída.
Nas curvas da Serra das Araras a Meteor 350 também se saiu bem, contornando as abertas e fechadas com segurança. Mas não é uma moto que incentiva abusos - nada de raspar pedaleiras, por favor. Da mesma forma as frenagens foram satisfatórias e não deram sustos, mas não impressionaram apesar do ABS nas duas rodas.
O tanque para 15 litros proporcionou uma boa autonomia com a média de consumo de 25 km/l - abaixo dos 30 km/l então prometidos pela marca, mas boa para uma moto praticamente zero, rodando em estrada sempre em giro alto e com motor ainda "amarrado".
Com seu visual retrô e telinha de LED central, o painel forneceu as informações necessárias e foi bem visível de dia e de noite. Só sentimos falta de um conta-giros. Por conhecermos o caminho, não usamos o Tripper na viagem. Mas já tínhamos visto o funcionamento, correto, do dispositivo que indica o caminho por setinhas a partir de informações de GPS vindas e um "app" da própria Royal Enfield, que deve ser baixado no smartphone.
A conclusão na época, e que continua atual, foi que a Meteor 350 não é para quem já está habituado a modelos maiores e mais potentes (a não ser como segunda moto, claro). É para quem vem de modelos menores e quer subir um degrau, para quem busca uma custom de porte e preço intermediários sem ter que virar "sócio da oficina" ao comprar uma moto muito - e mal - usada e mesmo para quem quer uma moto para o dia a dia com mais estilo e versatilidade que as city/street de 150 cm³.
A Meteor 350 chegou ao país com preços de R$ 17.990 (Fireball), R$ 18.490 (Stellar) e R$ 18.990 (Supernova). Hoje, custa R$ 19.990, R$ 21.490 e R$ 21.990, respectivamente - preços em São Paulo, sem frete. Ou seja, aumentou entre R$ 2.000 e R$ 3.000. Mas continua sendo uma boa opção entre as menores Haojue Chopper Road, de R$ 13.686, e Master Ride 150, de R$ 16.155, e a Kawawsaki Vulcan 650 S, de R$ 47.530. Com a vantagem de, um ano depois, ter tido sua confiabilidade posta à prova - os relatos de problemas inesperados foram pouquíssimos, e os de problemas crônicos, nenhum.